Esta capela foi fundada em 1.º de dezembro de 1747 (45). A provisão que a criou é a seguinte:
“O exmo. d. Bernardo Rodrigues Nogueira, por mercê de Deus e da Santa Sé apostólica, primeiro bispo de São Paulo e do conselho de S. Majestade.
Aos que esta nossa provisão virem, saúde e benção. Fazemos saber que atendendo ao que Timóteo Corrêa de Toledo (46) nos representou por sua petição, dizendo que para maior culto e veneração da imagem de Nossa Senhora do Pilar da vila de Taubaté, queria fazer lhe a capela no rocio da mesma vila, fazendo a despesa pela quantia de 500$000 que havia em dívidas, as quais ele tinha feito segurar além de 92$000 que dois devotos queriam dar de esmola, e do mais que pretendia tirar pelos fiéis para a ereção da dita capela, pedindo-nos por fim e conclusão de seu requerimento nos dignássemos mandar passar provisão para dito efeito, concedendo ao seu suplicante a administração da mesma capela. E sendo por nós visto o seu requerimento e as informações que sobre ele temos, atendendo ser tão pio e para maior honra e culto da mesma Senhora, havemos por bem dar faculdade e conceder licença para que se possa fundar e erigir a capela dedicada a Nossa Senhora do Pilar (47), como se nos suplica, com cláusula que será no lugar mais alto para decência dela e comodidade dos fregueses, cuja eleição fará o reverendo pároco como o suplicante e as pessoas principais da freguesia, de que se fará termo por todos assinado, que será remetido à nossa Câmara e mandamos sob pena de excomunhão maior e duzentos cruzados que nenhuma pessoa eclesiástica ou secular ponha escudo de armas ou quaisquer outras insígnias ou letreiros nos portais, paredes ou em outra parte de dentro ou de fora da dita capela sem especial licença nossa ou de nossos sucessores, por escrito.
Dada nesta cidade de São Paulo sob nosso sinal e selo a 1.º de dezembro de 1747 – Bernardo, bispo.”
Dez anos depois, em 1757, descrevendo o estado da igreja, disse o seguinte:
“A capela de Nossa Senhora do Pilar, na cidade de Taubaté, é feita de taipa de pilão, coberta de velha vã, e ainda se continua na factura dela, porém, pela sua disposição indica que há de ter um altar-mor, dois colaterais com seus corredores por uma e outra banda da capela, e sua sacristia por trás do altar-mor, feita de material da mesma capela, em tudo à romana”.
Por morte do capitão Timóteo Corrêa de Toledo, a cujos esforços quase que foi exclusivamente construída a capela, sucedeu-lhe na administração da mesma o reverendo vigário Bento Cortez de Toledo (48).
Por morte deste, sucedeu-lhe o coronel Vitoriano Moreira da Costa, e depois seus filhos.
No ano de 1870, por iniciativa do reverendo cônego Benjamin de Toledo Melo (49), um dos descendentes de Timóteo Corrêa de Toledo, foram feitos às expensas de muitos devotos, vários melhoramentos na referida capela, podendo se dizer estar ela hoje reconstruída com gosto e arte.
O cidadão Jordão Gomes Nogueira (50) muito concorreu também para que a capela se tornasse no estado de asseio em que está. É hoje seu zelador.
45 – Embora provisionada em 1747 ela começou a ser construída em 1725 (Guisard Filho. Félix: Jornal “A Tribuna”; Taubaté, 5 de dezembro de 1963.)
46 – Timóteo Correa de Toledo – Nascido em 1703 em Taubaté, foi durante algum tempo morador de São João de El Rei. Depois de viúvo recebeu ordens sacras e foi vigário de Pindamonhangaba. Quando cantou sua primeira missa foi acolitado por seus dois filhos padres. Timóteo Correa de Toledo era filho de João Vaz Cardoso Cortez, natural de São Paulo e de Francisca de Freitas, natural de Taubaté. Sua esposa Ursula Izabel de Mello, também natural de Taubaté, faleceu em 1759. (Luiz Gonzaga da Silva – “Genealogia Paulistana” – vol. I, pág. 173 (N.º4 – 1); vol. V, pág. 547 (2-2); vol. VII, pág. 388 (3-1).
47 – A veneração da imagem de Nossa Senhora do Pilar prende-se, possivelmente, ao fervor religioso dos muitos castelhanos moradores de São Paulo, em seus primeiros tempos. O culto de Nossa Senhora do Pilar teve grande difusão por toda a capitania, estendendo-se mesmo até às mais remotas regiões onde houve penetração bandeirista.
Segundo o “Dicionário Gráfico das Artes e Ofícios” de J. Lapoulide – “el culto de laSantissimaVirgendel Pilar se conece desde los tempos medievales en toda España, pero muito especialmente a Saragosa. Alonso El Batalhador visito a NuestraSenõra, em sua templo, al momento de ser reconquistada por ellaciudad, la imagem esta colocada sobre um pilar del qual recibesunombre. La fiestra principal se celebra anualmente com toda solennidadedel dia 12 de octu
bre”.
E Ouro Preto, uma de suas mais importantes igrejas é a matriz de Nossa Senhora do Pilar; em Goiás existe na antiga cidade de Pilar de Goiás, importante igreja dedicada aquele orago – ambas de origens bandeiristas.
Timóteo Correa de Toledo, fundador da capela de Nossa Senhora do Pilar de Taubaté, a qual, segundo tradições orais, teria sido um dos pontos donde partiam seus bandeirantes rumo aos sertões de Minas Gerais, pertenciam a tronco castelhano.
48 – Padre Bento Cortez de Toledo era filho de Timóteo Correa de Toledo.
49 – Cônego Benjamim de Toledo Mello – filho de Timóteo Correa de Toledo, este, segundo filho de inconfidente taubateano Luiz Vaz de Toledo. O pai do cônego Benjamim era neto do homônimo Timóteo Correa de Toledo, fundador da Igreja do Pilar. Figura ilustre do clero taubateano, o cônego Benjamim foi vigário da Vara em Taubaté. (Silva Leme – obra cit. – vol. V, pág. 547 (5-1). Exerceu cargo de vereador em Taubaté, para o qual prestou juramento na sessão de 6 de junho de 1870 sob a presidência do sr. Barão de Tremembé. ( Félix Guisard Filho – “Taubaté” – Atas da Câmara – 1869 – 1879 – pág.47). Ocupou ainda importantes cargos: cônego honorário da Sé de São Paulo, deputado provincial, vigário de São Luís e foi cavaleiro de São Bento de Aviz, em Portugal. (Dr. Félix Guisard Filho - “Ruas, Praças, Vilas e Bairros de Taubaté”) – C.T.I. Jornal – 15/5/1938
50 – Jordão Gomes Nogueira – era casado, sem geração com D. Maria Cândida de Assis, filha de Antonio Manoel da Cunha Dias e de d. Ana Zeferina de Assis. O sogro era filho de Catarina Vieira da Malha, (depois Catarina Justina de Moura) casado em 1792 em Taubaté, com capitão Manoel Dias da Cunha, português. Ela, Catarina, filha do capitão João Francisco Vieira, e por este descendente do capitão Henrique da Cunha( O Moço), era portanto, vinda de um dos principais povoadores da capitania de São Vicente – Henrique da Cunha – amigo do almirante português Martin Afonso de Souza. (Silva Leme – Obra cit., vo. V,pág. 16 (8-2), (7-3), pág.13 (6-5), pá. 8 (5-1).
A Capela do Pilar foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 1944, e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), em 1982. No ano de 1985, foi transformada em Museu de Arte Sacra, que funcionou até o ano de 2009. Interditado, o prédio é de responsabilidade da Diocese de Taubaté. O acervo da Instituição está no Museu de Arte Sacra na Praça Santa Teresinha.