Originalmente foi aldeia de Itaboaté (3), onde viviam muitas famílias de índios guaianazes , os quais no princípio do século XVII (4) se tornaram inimigos declarados pelos índios da mesma raça que habitavam os campos de Piratininga, quando por causa dos jesuítas, a vila de Santo André da Borda do Campo foi mandada arrasar, e seu título conferido ao Colégio de Piratininga, onde hoje está fundada a cidade de São Paulo.
Esta inimizade aumentou-se ainda mais com a descoberta de minas de ouro, que os taubateanos faziam, dando lugar a grandes lutas e a ódios estranhados que só o tempo e a civilização puderam desvanecer (5).
A cidade de Taubaté teve princípio em 1639 por Jacques Félix, seu capitão-mor, povoador, morador abastado de São Paulo, e procurador da Condessa de Vimieiro, donatária da capitania de Itanhaém.
3 – Tabaetê; Taboaté; Taybaté; Taoboaté; Taiboaté, são algumas designações encontradas em documentos antigos. Sobre o assunto referente ao topônimo Taubaté, vide entre outros autores, Felix Guisard Filho – “Nomes, Limites e Brasões”.
4 – A inimizade entre os guaianazes data do século XVI e não do século XVII . Trata-se,possivelmente, de um erro tipográfico não corrigido pelo autor.
5 – O antagonismo entre taubateanos e paulistas, surgido no século XVII foi mais de ordem política, incrementado pelo transcendental acontecimento da descoberta do ouro em Minas Gerais levado a efeito pelos primeiros. (Vide o próprio autor no final do capítulo VI).
6 – Esses escravos, possivelmente, seriam índios trazidos do Guairá para São Paulo, por Manoel Prêto ou outros paulistas apresadores, disponíveis em quantidade muito numerosa por aquela ocasião.
7 – Houve realmente grande afluxo de moradores brancos para a recém-fundada povoação, entre os quais gente ilustre como relaciona Guisard Filho em seu livro “Jacques Félix”, páginas 23-24.
8 – Aqui, novamente outro descuido da revisão, o ano é 1645.
9 – “1ª Oitava de Natal”: semana que segue logo após o dia de Natal.
10 – Havia: Juiz Ordinário, elemento eleito pela Câmara; Juiz de Órfãos, investido também por eleição da Câmara, cuja função era cuidar de inventários, testamentos, tutelas e questões correlatas; Juiz Almotacel, que exercia funções de fiscalização de pesos e medidas; os Oficiais integravam a Câmara, funcionando como os edis atuais. (Vide J.B. Ortiz Monteiro “Velhos Troncos”, pág.281).
11 – O intercâmbio da recém-fundada vila, principalmente o de ordem comercial, exercia-se predominantemente com o Rio de Janeiro.
Foram os índios guaianás que fixaram o homem em Taubaté. A aldeia ficava próxima da atual Praça Rui Barbosa (Largo do Chafariz). A tribo começou a ser extinta com a chegada de Jacques Felix.(Fonte: Revista Almanaque Taubaté #1)
Mariana de Sousa Guerra, a Condessa de Vimieiro, era neta de Martim Afonso de Souza, governador da Índia e do Brasil, e filha de Pero Lopes de Sousa, de quem herdou a Capitania de São Vicente. Em meados de 1620, a Capitania de São Vicente foi dividida, o que levou a Condessa a criar a Capitania de Itanhaém, na baixada Santista. A nova Capitania estendia-se de São Sebastião (SP) à Angra dos Reis (RJ), incluindo as terras de Taubaté.
Detalhe: nascida em Portugal, a Condessa nunca pisou nas suas terras brasileiras. (Fonte: Revista Almanaque Taubaté #1)
Segundo o historiador José Bernardo Ortiz, Jacques Felix teria nascido por volta de 1576, nos Países Baixos. Dono de uma fazenda localizada entre Tremembé e Pindamonhangaba, era conhecedor da região antes de receber a missão de formar o núcleo de povoamento de Taubaté. Primeiro chefe do executivo taubateano, com poder civil, militar e criminal, também é considerado o primeiro arquiteto da vila. Faleceu entre 1651 e 1658. Teve três filhos: Capitão Belchior Félix, Jacques Felix, o Moço, e Catarina Dias Felix.
Jacques Felix criou um “plano diretor” para Taubaté, seguindo as regras do traçado espanhol. Escolheu um terreno (onde hoje é a Praça Dom Epaminondas) alto e plano, com água próxima, terras férteis e grandes matas. A “planta” foi desenhada como se fosse um tabuleiro de xadrez. Seu projeto ainda incluía a construção de uma Igreja da Matriz (onde se encontra a Capela dos Passos, anexa à Catedral), a Casa da Câmara e da Cadeia. Os edifícios foram feitos com a técnica de taipa de pilão – madeira e barro, cobertos com palha. Terminada a construção, o povoado foi elevado à Vila, aos 5 de dezembro de 1645. (Fonte: Revista Almanaque Taubaté 1/ Velhos troncos, José Bernardo Ortiz, Taubateana, 1996)
Após a elevação à Vila, foi realizada eleição em Taubaté – a primeira de uma área que engloba o Vale do Paraíba, a Região Serrana e Minas Gerais – para escolha de vereadores (denominados, na época, de oficiais da Câmara). Nesse pleito, só os donos do poder, do dinheiro e das propriedades, conhecidos como “homens bons”, podiam votar e serem eleitos. A Câmara (então chamada de Casa do Conselho) começou a funcionar em 1º de janeiro de 1646 e tornou-se o centro dos poderes executivo, legislativo e judiciário da recém-criada Vila. Teria nas mãos o cofre público, organizaria a sociedade e administraria o governo. (Fonte: Revista Almanaque Taubaté #5)