Durante todo o século passado os taubateanos limitaram-se apenas à roteação de suas terras. Sua vida, essencialmente agrícola, os distraía no comércio, o qual estava entregue quase que exclusivamente aos portugueses.
O principal ramo de sua cultura era a cana: diz-se que havia no município, naqueles tempos, para mais de cem engenhos de cana, em cuja ocupação havia fazendeiros de mais de cem escravos (32).
A vida pacífica e laboriosa que levavam não os privava todavia dos sentimentos de honra de que eram dotados, ao contrário, mesmo no interior de seus estabelecimentos agrícolas afervoravam esses sentimentos e procuraram tomar parte, quando era necessário, nos negócios públicos; tinham, porém, particular predileção pela carreira eclesiástica, tanto que rara era a família importante que não mandasse educar os filhos para semelhante carreira.
As famílias que mais predominavam e que mais influência tiveram pela sua fortuna, probidade e civismo no fim do século passado e no começo deste, foram: os Camargos, os Francos, os Moreiras, os Vieiras, os Marcondes, os Alvarengas, os Toledos, os Corteses, os Barros, os Mouras, os Oliveiras e muitas outras que seria muito longo aqui enumerar.
32 – Nesse número o autor certamente inclui os “engenhos reais” e os outros inferiores, vulgarmente chamados de “engenhocas”, (vide Antonil, “Cultura e Opulência do Brasil”.)
No período colonial, a sociedade era patriarcal – a autoridade concentrava-se na figura do pai –, latifundiária – o poder e prestígio estavam ligados à propriedade da terra – e escravocrata – utilizava-se de mão de obra negra. (Fonte: História de Taubaté através dos textos, Antônio Argôllo de Andrade e Maria Morgado de Abreu, Coleção Taubateana, 1996)