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XVII
DOAÇÃO DA FUNDAÇÃO DO CONVENTO

Bem quiséramos dar uma notícia completa sobre este edifício, mas não existindo mais ali livros ou documentos, é necessário coligir com muita dificuldade dados alli unde.
Encontramos apenas em um antiquíssimo livro de notas desta cidade a seguinte escritura que achamos de interesse transcrevê-la:
“Escritura de obrigação que fazem os oficiais da Câmara, nobreza, e povo desta vila aos religiosos de São Francisco para fazerem nela convento.
Saibam quantos este público instrumento de escritura e obrigação virem, que no ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de 1674 aos 25 dias do mês de março do dito mês nesta vila de São Francisco das Chagas de Taubaté da capitania de Nossa Senhora de Itanhaém do Estado do Brasil e etc. Nesta vila fui eu tabelião chamado à presença dos oficiais da Câmara a saber juízes, vereadores e procurador do conselho e bem assim dos homens da nobreza e povo que presentes estavam e sendo aí junto com o reverendo padre guardião frei Jerônimo de São Brás, religioso de São Francisco que a petição deste povo vem a fundar convento nesta dita vila, foi dito pelos ditos oficiais da Câmara, nobreza e povo, que eles se obrigavam a fazer igreja e convento à sua custa conforme a capacidade da terra, para que os religiosos de São Francisco vivessem nele, a qual obra se faria com toda a suavidade e comodidade do povo na paragem e sítio que escolhessem o dito padre-guardião frei Jerônimo de São Brás, fundador dele, e pelo dito padre frei Jerônimo de São Brás, foi dito que logo em começando a por mão em obra poria de assistência três religiosos, a saber, dois sacerdotes e um irmão leigo para ajudarem, e assistirem com sua diligência pelos oficiais da Câmara, nobreza e povo, que eles dariam 200$000 em dinheiro de contado para princípio de parâmetros do culto divino de que logo entregaram cem mil réis  que ficaram depositados na mão do Capitão Sebastião de Freitas, ora síndico eleito para essa e mais esmolas, e assim mais se obrigavam a dar 12 pessoas do gentio da terra e a fazerem o sítio escolhido bom e pacífico para o dito convento, e cerca e mais serventia com toda capacidade necessária declarando que os cem mil réis que estão por dar dariam por dia de São Francisco que embora vem deste presente ano, e desta maneira se obrigavam unânimes e conformes os ditos oficiais da Câmara que ora são e ao diante servirem os tais cargos com a dita nobreza e povo a fazerem o dito convento e  igreja como dito é, e ao dito reverendo padre-guardião prometem cumprir e guardar o que acima dito tem e pediram por devoção ao dito povo fizesse a igreja por invocação à Senhora Santa Clara, em fé de que mandaram fazer este instrumento, que pediram e aceitaram, eu  tabelião aceito como estipulante e aceitante em nome das pessoas a quem tocar possa e são  presentes e se assinaram os que presentes estavam e dele mandaram dar os translados necessários, sendo presente por testemunhas Gonçalo de Oliveira e  Antônio da Alvarenga e o capitão Jerônimo Teixeira de Mello, todos pessoas de mim tabelião conhecidas que assinaram com o os ditos autorgantes. Eu Sebastião Martins Teixeira, tabelião do público em notas o escrevi. — Jerônimo Teixeira de Mello — Antônio de Alvarenga — Gonçalo de Vieira —Henrique Vieira da Cunha — Domingos Rodrigues do Prado — Salvador da Silva Martins — Salvador Pires Bicudo — Antônio Delgado de Oliveira — Frei Jerônimo de São Brás — Francisco Alves Corrêa — Bento Gil de Siqueira — João Delgado de Novaes — Domingos do Prado Martins — Sebastião Cordeiro — Pascoal Gil — José Martins do Prado —  Manoel Rodrigues Miranda — Domingo Sanches Pimenta — Antônio do Prado Martins — João de Castilho — Jerônimo Corrêa — Francisco Borges — Antônio Pires de Mendonça — José Velho — Salvador Pires de Mendonça — Domingos Vieira Cordeiro — Izidro da Costa — Manoel de Figueiredo — Simão da Cunha — Bartolomeu de Souza — Manuel Góes de Souza. "
Este edifício vasto espaçoso, no dia 17 de setembro de 1842, quase foi devorado completamente por um incêndio, produzido pelo desleixo inqualificável de haverem deixado brasas em um turíbulo na sacristia sobre o assoalho.
Foi devorado o grande e espaçoso salão atrás da sacristia, grande parte da igreja e o raio do compartimento interno (73).
Graças a solicitude e aos esforços ingentes do respeitável cidadão Vitoriano Moreira da Costa, síndico então do convento e depois aos de seu filho e sucessor no mesmo cargo Comendador Antônio Moreira da Costa (74), foi reconstruída parte da igreja deteriorada.
Hoje ela está acabada a expensas do povo por iniciativa do missionário capuchinho Frei Caetano de Messina, e do rvd. Padre Francisco Cosco.


Mausoléu do Convento de Santa Clara em 1856. Observa-se as marcas das chamas do incêndio de 1842. Acervo Maria Morgado de Abreu

Mausoléu do Convento de Santa Clara em 1856. Observa-se as marcas das chamas do incêndio de 1842. Acervo Maria Morgado de Abreu.


Comissão

73 – Com esse incêndio lamentavelmente desapareceram também a Biblioteca e Arquivo.
74 – Sogro do autor: Antonio Moreira da Costa Guimarães.