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Francisco de Paula Toledo

o autor deste livro

Notas da segunda edição

O Dr. Francisco de Paula Toledo, autor da presente "História do Município de Taubaté", foi uma das figuras mais proeminentes da vida política, social e cultural da Taubaté de meados para o final do século XIX. Segundo notícia inserida no jornal taubateano "O Noticiarista", de 27 de abril de 1890, publicada por motivo de seu falecimento ocorrido dias antes, o ilustre cidadão "cursara as aulas do então extinto Liceu Taubateano; recebeu o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais em 1858, pela Faculdade de Direito de São Paulo; foi promotor público em Paraibuna, depois juiz municipal em Pindamonhangaba, advogado nos auditórios de Taubaté, deputado provincial em várias legislaturas, deputado geral na 14ª legislatura; era membro do Instituto Histórico do Brasil e exerceu por várias vezes as funções de vereador e presidente da Câmara Municipal de Taubaté, tendo pertencido ao Partido Conservador, na qualidade de chefe local, durante o regime imperial".

Adiantado fazendeiro de café em Quiririm, neste município, participou de quase todas as grandes iniciativas em prol do desenvolvimento da Taubaté da segunda metade do século XIX, destacando-se, em 1862, como elemento dos mais ativos na difícil obra de instalação do primeiro nosocômio da cidade, que funcionou às expensas de particulares, sob o nome de Hospital da "Ordem terceira de São Francisco", em prédio cedido por Bento Monteiro da Silva, em vista das dificuldades encontradas em instalá-lo nos baixos do Convento de Santa Clara, como inicialmente se pretendia (2), e que, mais tarde, por falta de recursos transformou-se em Santa Casa de Misericórdia, com o nome de Hospital de Santa Izabel, designação até hoje conservada. Em 1873 pugnou ardorosamente para que a cidade pudesse contar com outro cemitério mais amplo do que o então existente — O Cemitério de Santa Cruz, situado adjacente ao largo da Princesa (ou Largo do Teatro), hoje Praça 8 de maio — pois esse se tornou por demais exíguo as exigências da população. O local escolhido para o novo cemitério seria junto ao Convento de Santa Clara, mas, a sua ocupação se apresentou difícil, embora fossem feitas veementes solicitações ao Provincial da Ordem de São Francisco. Assim, a sua desapropriação se patenteou imprescindível e, em 1873, foi declarado pela Câmara de "Utilidade Pública". Nesse mesmo ano, o dr. Francisco de Paula Toledo, então presidente da Câmara Municipal, comunicou ter sido o terreno do novo cemitério bento por monsenhor José da Silva Barros.

Cerca de um ano antes de seu falecimento, isto é, no dia 13 de março de 1889, o ilustre homem público participou dos grandes festejos alusivos à inauguração dos trabalhos da estrada de ferro "Norte de São Paulo" ( Taubaté-Ubatuba) falando em nome da Câmara Municipal na saudação aos ilustres senadores presentes, à comissão de engenheiros  e aos concessionários responsáveis pela obra que tão alvissareiramente se iniciava... (3).
Entre o seus trabalhos publicados, destaca-se particularmente a presente "História do Município de Taubaté", editada às suas expensas em 1877— obra que até hoje, apesar de sua extrema raridade, vem servindo como fonte de consulta aos estudiosos do passado taubateano, razão porque da presente segunda edição, agora anotada e complementada por comissão de estudiosos nomeada pelo diretor do Departamento Municipal de Educação e Cultura, professor José Jerônimo de Souza Filho, por indicação do Prefeito Municipal de Taubaté, eng.º Milton de Alvarenga Peixoto.

 

PAULO CAMILHER FLORENÇANO
Presidente da Comissão de Anotação

 

NOTAS DESTA EDIÇÃO

Francisco de Paula Toledo (alguns jornais grafam ainda o sobrenome Junior), nasceu em Pindamonhangaba em 1832, filho do padre homônimo Francisco de Paula Toledo, que construiu longa carreira política, tendo sido deputado provincial, e ocupado diversos cargos públicos e policiais em Pindamonhangaba e outras cidades.
Toledo formou-se bacharel em ciências sociais e jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1858. Em 1861 assumiu o cargo de promotor em Paraibuna. Exerceu ainda os cargos de juiz municipal e de órfãos em Pindamonhangaba e Taubaté, de deputado, 3º Vice Presidente da Província e presidente da Câmara de Taubaté.
Casou-se com Maria Augusta, filha de Antonio Marcondes da Costa Guimarães, com que teve dois filhos,o Dr. Antonio Augusto Moreira de Toledo e Dr. Francisco Eugenio de Toledo.
Em novembro de 1877 lançou por sua conta o livro "História do Município de Taubaté". A publicação integrou a Exposição e o Catálogo da História do Brasil de 1881.
Segundo consta em atas do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, publicadas na revista do órgão, o livro “História do Município de Taubaté” serviu como título de admissão de Francisco de Paula Toledo como sócio correspondente da Instituição em 1883.
Foi em suas terras que o núcleo colonial do Quiririm foi instalado.
Francisco de Paula Toledo faleceu em Taubaté às 3 da madrugada do dia 26 de abril de 1890.

 

(1) A coleção de “O Noticiarista”, jornal semanário de Taubaté, surgido em 1888, faz parte da hemeroteca do Arquivo Histórico Municipal de Taubaté

(2) Nos “baixos” do Convento de Santa Clara havia funcionado antes, o Liceu Público, e de cujo imóvel se apropriaria o Governo, em 1848. Em 1863, o Convento se encontrava ameaçado de ruínas, sob responsabilidade de apenas o guardião Frei Joaquim das Dores, que se recusou a entregar os “baixos” daquelas dependências para abrigar o projetado hospital.

(3) A 5 de janeiro de 1889, S.M. o imperador Dom Pedro II concedia aos bacharéis Francisco de Moura Escobar e Vitoriano Eugênio de Marcondes Varella, o privilégio para construção dessa estrada de ferro. Lamentavelmente, depois dos trabalhos terem sido iniciados, já estando em adiantada fase, a 2 de junho de 1894, pelo Decreto n.º 1.721 do novo regime republicano, foi declarado caduco o privilégio, a garantia de juros e mais favores para a construção da estrada que estabeleceria a ligação de Taubaté com o litoral.