Santa Clara e a primeira imagem retratada sobre Taubaté
Convento de Santa Clara. Aquarela de Thomas Ender
Segundo a maioria dos que pesquisam a história da nossa terra, esta é a primeira imagem registrada de Taubaté. Coube a Thomas Ender, o primeiro artista profissional a visitar o Estado de São Paulo, e certamente o primeiro treinado na Europa a retratar Taubaté, realizar essa imagem pioneira. Ender fazia parte da missão cientifica Martius-Spix, elencada entre as primeiras a visitarem a cidade. Curiosa é a descrição feita por Martiux sobre a edificação: “A esquerda do caminho circundado de algumas filas de majestosas palmeiras, produz muito agradável impressão e promete vir a ser importante. Taubaté consta de uma rua com casebres de ambos os lados de algumas ruas laterais, e uma das mais importantes vilas de toda a província. Quase rivaliza em idade com a capital da província”
Podemos considerar este o primeiro registro jornalístico sobre a velha Taubaté.
Recolhemos em livros sobre a história de nosso município alguns apontamentos que lançam luzes sobre a história do tradicional convento e seu papel no desenvolvimento do Município.Fundação do Convento de Santa Clara em Taubaté
Não se sabe ao certo porque motivo os franciscanos vieram à Taubaté para construir um convento, com a colaboração do povo da vila. Talvez porque os taubateanos quisessem ocupar o espaço religioso do povoado com outra ordem, dificultando assim a vinda dos Jesuítas, que tinham tendência à interferir também na administração temporal dos sítios em que se estabeleciam e se opunham drasticamente as escravizações dos gentios, como já sucedera aliás na vila de São Paulo.
O certo é que a 25 de março de 1674, foi lavrada a escritura, atravez da qual os oficiais da câmara e o povo da vila se comprometiam a construir, as suas custas, o prédio para o convento que abrigaria os religiosos de São Francisco, sob invocação de Santa Clara. A escritura deixa também evidente que os Frades vinham fundar a casa de Taubaté por solicitação do próprio povo.Expansão territorial do convento
As terras do convento não se limitariam apenas àquelas que conhecemos e que recentemente em partes, foram divididas e vendidas em lotes, tanto na parte da atual avenida Marechal Deodoro, como na formação do Jardim Santa Clara e do Central Parque.
O “capão de mato” adido ao convento, incluía terras até a proximidade da Associação Artística e Literária, hoje sede da faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras, de Taubaté, abrangendo todo o campo da praça Monsenhor Silva Barros e outros adjacentes.A escassez de documentos
Dois fatos podem explicar o ínfimo número de documentos históricos sobre o Santa Clara.
• Em 1711 piratas franceses invadem e saqueiam a cidade do Rio de Janeiro, penetrando no convento de Santo Antônio (ao qual o de Santa Clara estava vinculado) e queimam os papéis que encontraram.
• O grande incêndio ocorrido em 1842 no próprio mosteiro de Taubaté, que destruiu muitos documentos importantes ali existentes.Miguel, o desenhista
Miguel Benício Dutra foi o segundo a retratar a velha construção, em 1843. Podemos notar que no enquadramento optado pelo artista, também ficam registrados outras áreas do antigo largo do convento. Vemos também a atual praça Monsenhor Silva Barros.
Miguel Benício Dutra
O incêndio
Esse fato ocorreu no dia 17 de setembro de 1842, aonde o convento teve a capela-mor da igreja destruída, um grande e espaçoso salão atrás da sacristia. Parte dos compartimentos internos e o que foi pior para a memória da própria cidade, o arquivo e a biblioteca.(3)As primeiras fotografias
Já na era das fotografias, a série de Robin e Fraveu, em 1856, são as primeiras fotos conhecidas sobre Taubaté. Na série, o Convento Santa Clara também foi retratado.
O Poeta dos Ipês
Clodomiro Amazonas, “o mais paulista dos pintores” teve justamente no Santa Clara a sua iniciação na pintura, ao restaurar em 1892 telas e afrescos do convento. Amazonas contava então com a idade de 16 anos.As reformas
O capitão, Vitoriano Moreira da Costa, síndico do convento, Iniciou os trabalhos de sua lenta reconstrução, com a ajuda do povo taubateano(…) Embora já parcialmente reconstruído e reformado ao fim do Império, o convento de Santa Clara só estaria totalmente recuperado em 1927, oitenta e cinco anos após o sinistro acontecimento.(4)Bibliografia:
Emílio Amadei Beringhs: Lendas e tradições
Pedro Correa do Lago: Iconografia Paulista
José Bernardo Ortiz: São Francisco das Chagas de TaubatéFotos – Acervo: Mistal / Antônio Mello Jr. / Memória Viva