Chácara do Visconde valorizada
Projeto pioneiro valoriza o patrimônio cultural da Chácara do Visconde, em Taubaté
Já ouviu falar em Educação Patrimonial?
Em “academicês” o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) define Educação Patrimonial como algo que “constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio-histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação”. Ou seja, é tudo e qualquer coisa, que sirva de meio para que as pessoas entendam o mundo que a cerca, o que resulta, obviamente, em preservação.
Para o instituto, o processo de educação patrimonial passa obrigatoriamente pela participação efetiva das comunidades por meio de ações educativas. A demanda é da própria comunidade, a ânsia pela preservação e valorização cultural dos patrimônios materiais e imateriais está, desde a origem, impregnada nos grupos sociais, logo, nada mais natural do que dar à eles próprios a primazia na construção coletiva do conhecimento.
Exemplos como esse estão “pipocando” em diversas regiões. Em ambiente virtual, vimos nascer grupos de valorização da própria cidade, temos por aqui, por exemplo, o Taubaté das Antigas, no Facebook, em que os usuários divulgam imagens e, na maioria das vezes, a história por trás daquelas fotos. Mas não para por aí, periodicamente o grupo convida os interessados a se reunirem em locais públicos da cidade para trocar experiências. Involuntariamente estão promovendo a educação patrimonial. Ações semelhantes aconteceram na vizinha Redenção da Serra e mobilizaram grande quantidade de moradores da cidade.
Em Taubaté, mais uma iniciativa nesse sentido já está sendo realizada, dessa vez com a participação de instituição pública. No tradicional bairro da Chácara do Visconde uma iniciativa chama atenção. Capitaneado pelo Museu Histórico e Pedagógico Monteiro Lobato, está sendo realizado, sempre aos sábados, o Passeio do Visconde. Trata-se de um tour pelos pontos históricos da Chácara do Visconde, que tem o seu ponto de partida e o culminante no Sítio de Picapau Amarelo, sede do Museu Monteiro Lobato.
O projeto é um exemplo do bom aproveitamento do espaço e do corpo de funcionários disponíveis na instituição. O museu já tinha um projeto de educação patrimonial que não era executado por falta de corpo técnico. Em outubro desse ano (2014), entra em cena a figura de Rafael Britto, historiador, funcionário da rede pública estadual que, por uma feliz coincidência, precisava completar sua carga horária aos sábados. Uniu-se o útil ao agradável.
Britto nos revela que passou a fazer parte do projeto e depois de algumas pesquisas, colocou-o em prática, com apoio de Tina Lopes, diretora do museu. O Passeio do Visconde teve sua primeira edição na abertura da Primavera de Museus e de lá pra cá a participação da comunidade se faz mais intensa
O roteiro é uma preciosidade. Aproveitando a posição privilegiada do Sítio do Picapau Amarelo, a viagem começa com a história do próprio local de partida, seguindo depois para a história da Companhia Taubaté Industrial, visível a partir do Sítio, a Casa da Semente, que serviu de produtora e depósito de sementes na margem da Estrada de Ferro Central do Brasil, o Cruzeiro da Monção, instalado sob ordem do Frei Caetano de Messina, a Vila I.A.P.I., contando a sua história e o retorno para o Sítio, onde o tour é encerrado.
Por meio desse projeto, historiador, museu e comunidade estão conquistanto o objetivo traçado conceitualmente pelo IPHAN, que determina que “as iniciativas educativas devem ser consideradas como um recurso fundamental para a valorização da diversidade cultural e para o fortalecimento da identidade local, fazendo uso de múltiplas estratégias e situações de aprendizagem construídas coletivamente”.
Justiça seja feita, no bairro também acontece um outro movimento de educação patrimonial, tocado pela associação de amigos de bairro, nos moldes do movimento de Redenção da Serra, em que os moradores se encontram para trocar experiências, fotografias e contar histórias.
Será que a Chácara do Visconde vai ser a referência taubateana na preservação do nosso patrimônio?
[colored_box color=”yellow”]Serviço
Passeio do Visconde
Local de partida: Sítio do Picapau Amarelo, Avenida Monteiro Lobato, s/nº – Chácara do Visconde , Taubaté
Horário: aos sábados, às 10h e às 15h
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