O aniversário de um poeta
Em 22 de maio de 1893 nasceu em Natividade da Serra, o jornalista, professor e escritor Cesídio Ambrogi
Cesídio Ambrogi nasceu em 22 de maio de 1893 em Natividade da Serra (SP). Em 1904 mudou-se com a família para Taubaté. Jornalista militante, colaborou, por meio século, em periódicos de São Paulo. Em 1923 tem seu livro “As Moreninhas” editado pela Monteiro Lobato Editores. No ano de 1927 é nomeado inspetor federal junto à Escola de Comércio de Taubaté e em 1932 leciona português no Ginásio Estadual. Foi presidente da Sociedade Taubateana de Ensino. Em 1947 lançou o livro “Poemas Vermelhos” prefaciado por Lobato. Fez parte do grupo de intelectuais que instituíram a “Semana Monteiro Lobato”. No ano de 1963 ingressou na Academia Brasileira de Trovas. Casou-se em segundas núpcias com a jornalista Lygia Fumagalli Ambrogi. Teve 7 filhos.
Veja a homenagem feita pelo escritor José Benedito Cursino no jornal O Libertário de 1925 à Cesídio Ambrogi:
” O dia 22 do fluente assignala o anniversario natalicio de Cesidio Ambrogi.
Extremamente grato nos é registrar a data natalicia desse nosso companheiro de luta, o brilhante, o inestimavel concurso de sua autorizada penna, já em artigos substanciosos, já em composições literarias, em que sempre revelou muita esthetica, admiravel sciencia do bello, já em quadrinhas e sextilhas chostosas, já em bellos sonetos de arte, nos quaes sempre desdobrou toda a delicadeza de sua alma de artista.
Cesidio, o admiravel garimpeiro das preciosas pedras do pensamento, o habil ourives literario que sabe, com tanto engenho, encastoal-as nos finos engastes da forma, produzindo joias literarias, Cesidio tem matizado nossa folha com pequenas produções de puro goso espiritual, de alto valor artistico, tem fagulhado, pelas paginas de nosso jornal, centelhas fulgurantes de seu formoso talento.
Figura evidente, de grande eminencia nas rodas mentaes do brasil, sua reclamada collaboração tem honrado as nossas principaes revistas e diarios, que constituem o orgulho dos nossos altos meios intellectuaes.
Está fóra de toda a duvida que salientes e brilhantes papeis estão reservados ao belletrista anniversariante de amanhã [hoje], nas altas espheras literarias do Brasil, nas quaes já foi recebido festivamente ao apresentar suia credenciaes – AS MORENINHAS, primoroso livro de poesias, consagrado pelos grandes criticos, o quel lhe valeu a palma de poeta regional e a admiração que lhe tributa o mundo intellectual argentino.
Todas as paginas desse precioso livro, escripto em estylo encantadoramente simples, são illuminadas de belleza e graça sertaneja, perfumadas de suave cheiro agreste.
São lindas aguarellas, que, tendo sempre como protagonista o nosso roceiro, revelam a felicidade artistica do autor e tocam suavemente a alma sensivel, delicada.
Quando, no fervilhar da vida, nas cidades, onde ha sempre uma densa e larga atmosphera de ambição, de despeito, de vingança, de odio mesmo, nos cae ás mãos AS MORENINHAS e lemos os lindos chromo regionaes de Cesidio, sentimos no espirito abatido, como que um doce orvalho, sentimos a branda saudade dos nossos campos, das nossas fazendas, nas nossas montanhas, entregues sempre á doce, á divina quietude da paz, sempre em seu profundo mysticismo, tal é a precisão, tal é a simplicidade, tal é a arte com que Cesidio descreveu, pintou, em ternas cores, os costumes em nossas roças, os habitos simples do nosso bom roceiro.
Isto já me aconteceu a mim, não poucas vezes.
Cesidio tem no prelo dois outros livros de versos lyricos, “No jardim do Amor e da Volupia” e “Microcosmo Sonoro”, duas joias de literatura.
De uma philosofia amavel e bondosa, Cesidio tem sempre um gesto de complacencia para tudo, uma excusa prompta para todas as injustiças; acceita as coisas como as coias vêm.
Moço de escól, de bello talento e cultura, de fina educação, de assetinados tratos, Cesidio é figura de destaque em nosso scenario social, onde gosa geral estima.
Bom filho, extremoso irmão é estremecido no seio de sua honrada familia, que aos céos erguerá férvidos votos afim de que ao anniversariante de amanhã [hoje] se lhe faculte vida longa e feliz. A esses votos e ás muitas felicitações de seus innumeros amigos “O Libertario” junta os seus que são sinceros.
Cesidio,, que te conceda longos annos de vida aquele que l’os póde assegurar – Deus
José Benedito Cursino”
Texto publicado originalmente no jornal O Libertário, na edição de 21 de maio de 1925
1 Comment
“Mestre Cesídio” por Jeronymo de Souza ” Mestre Cesídio tem duas atividades constantes: jornal e escola. Mesmo a poesia é feita, primeiro, para o jornal, para a revista…
Não nega colaboração a jornal ou revista: é uma de suas cachaças. Escreve, de uma assentada, quatro ou cinco crônicas ou comentários, e manda-as todas para alegria dos secretários de jornais, que têm garantida a seção, por uma semana. Usa máquina de escrever ” Corona – presente que sua mãe, há quarenta e cinco anos, na volta de viagem à Itália, lhe trouxera”.
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