Jeca Centenário
Criador do Jeca Tatu, Monteiro Lobato também foi um dos precursores da economia criativa no Brasil
“G” de Jeca
Em sua criação, em 1914, o Jeca Tatu não passava de um homem preguiçoso, que fazia tudo pela metade — e mal feito — e se acocorava em qualquer oportunidade. Monteiro Lobato administrava a fazenda herdada do seu avô, cujas terras estavam ficando inférteis, em decorrência, entre outros motivos, das queimadas promovidas pelos caboclos da região. Lobato descontou sua frustração em dois artigos no jornal “O Estado de São Paulo”. Em “Velha Praga” e “Urupês”, o caipira, batizado de Geca Tatú (grafado com G, conforme as regras ortográficas da época), foi apontado por Lobato como protótipo de tudo quanto há de atrasado no país. O artigo fez sucesso e o jornal passou a ter Lobato como colaborador fixo.
Saci social
O taubateano era mestre na interação com seus leitores. Um exemplo foi a “comunidade” que ele criou num jornal para debater o saci. Os “comentários” dos leitores foram reunidos num livro que fez sucesso: “Sacy-Pererê: Resultado de um inquérito”.
Caipira bombando
Terminado o inquérito do Saci, Lobato lançou Urupês, livro que foi um divisor de águas no mercado editorial brasileiro. A obra, que criticava o caipira, vendeu uma quantidade muito grande, mas também gerou polêmicas gigantescas. A “dor de cabeça” foi tanta que na segunda edição do livro o escritor pediu desculpas ao Jeca.
Mercado de consumo
Monteiro Lobato montou sua editora com dinheiro da venda de uma fazenda deixada de herança por seu avô, o Visconde de Tremembé. A Editora Monteiro Lobato produzia livros bem elaborados com uma diagramação moderna que chamava a atenção do leitor.
Compra off-line
Décadas antes da Amazon, ele já distribuía seus produtos pelo correio. Com essa medida, aumentou o número de obras editadas, vendidas e lidas. Livro passou a dar dinheiro e a população teve acesso à cultura literária.
Economia Criativa
“Faço livros e vendo-os porque há mercado para a mercadoria; exatamente o negócio do que faz vassouras e vende-as, do que faz chouriço, e vende-os. (…) O respeitável público dos círculos de cavalinhos – merece um pouco de atenção, porque afinal de contas, Rangel, é o público que marcha com os cobres.” Carta de Lobato à Godofredo Rangel, 17 de janeiro de 1920.
Conteúdo publicado originalmente na Revista Almanaque Taubaté #3
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