Uma zona para o Rei do Baião

 Uma zona para o Rei do Baião

O dia em que o Rei do Baião conheceu a “casa da luz vermelha” de Taubaté

GONZAGÃO, A RÁDIO E A ZONA

Por Célio Moreira

Corria o ano de 1951. Estava iniciando minha carreira de locutor na Radio Difusora Taubaté, atendendo convite do jovem diretor Emilio Amadei Berings Filho.A emissora funcionava já há 10 anos no 2º andar de um prédio da Rua Bispo Rodovalho e eu apresentava o programa “Música dos Mestres” , último da série de transmissões que se encerravam a meia noite. Foi quando ouvi passos escalando a velha escada de madeira que rangia à cada degrau.  Para nossa surpresa, com sanfona, zabumba e triângulo estávamos recebendo a visita daquele que seria um dos mais importantes nomes da música popular brasileira: Luiz Gonzaga, o Lua, Rei do Baião. Aos 39 anos de idade, ele ensaiava os primeiros passos do sucesso, após sucessivas apresentações nas rádios Nacional e Mayrink Veiga e começava uma turnê pelo país.

– E aí, Rei, não vai me dizer que veio aqui só prá conhecer a emissora?! – Vixe! Claro que não, minino! Vamos cantar!

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Interrompi o programa de música clássica e, com Vicente Anunciato na técnica. Já no pequeno auditório, fomos até meia noite com Luiz Gonzaga e muita alegria. Também participei tocando contrabaixo.

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Celio Moreira nos tempos de Rádio Difusora

Terminado o show, encerradas as transmissões, o “Lua” pergunta: -E aí, cabra safado, tem zona nesta cidade? Na época havia três: uma, “A Coréia”, pelos lados da Embaré; outra, próxima ao Colégio Estadual (que ainda não havia sido construído) e o “Danúbio Azul”, instalado imponentemente na esquina de Chiquinha de Matos com Av. 9 de Julho, administrado pela célebre Anita Garoffi, para onde nos dirigimos. Luiz Gonzaga passou logo a mão na primeira que se aproximou e sumiu nas sombras de um quarto.

Fui encontrá-lo mais tarde, por volta do ano dois mil, antes de entrevistá-lo no programa “O Advogado do Diabo”, na TV Educativa e perguntei se ainda se lembrava de sua ida à Taubaté e da zona da cidade. Ele se limitou a dar um sorriso amarelo. É que Lourdinha, minha esposa, estava ao lado, Todos sorrimos!

[box style=’info’] Célio Moreira é locutor e jornalista de rádio e televisão. Atuou, entre outras, na Rádio Difusora de Taubaté e na Rede Globo de Televisão.  [/box]

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1 Comment

  • Celio valeu recordar a velha Taubaté. Bons tempos! Congratulações a revista
    Nelci

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