FREI ANTONIO DE SANT’ANNA GALVÃO EM TAUBATÉ
Texto de Amanda Monteiro
Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, popularmente conhecido como Frei Galvão, nasceu em Guaratinguetá em 1739 e faleceu em São Paulo em 1822. É o primeiro santo brasileiro, canonizado pelo papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em 11 de maio de 2007. Hoje, sua devoção se espalha por todo o Brasil, mas o que poucos sabem é que Frei Galvão já passou por essas terras taubateanas.
Em 1757, Frei Antonio de Sant’anna Galvão, ainda um jovem e não religioso, vivia com os jesuítas no Colégio de Belém na Bahia, com a finalidade de estudar, mas seu pai temeroso com a perseguição que Marquês de Pompal promovia contra os jesuítas, mandou que voltasse para casa. Em Guaratinguetá, optou pela vida franciscana.
Segundo Maristela, em seu livro Frei Galvão , bandeirante de Cristo:
“Muito perto de Guaratinguetá, em Taubaté, havia o convento de Santa Clara dos religiosos franciscanos, hoje dos capuchinhos; certamente aí pediu admissão o filho do capitão-mor. Bem conhecido, foi logo aceito, mas havia que passar ao convento de São Boaventura na vila de Macacu, da capitania do Rio de Janeiro, onde funcionava o noviciado da Província.”
Frei Paulo Back em seu livro “História e vida de Frei Galvão: o primeiro santo do Brasil.”, também afirma que:
“Seu pai, membro da 3ª. Ordem de São Francisco, procurou os frade franciscanos do Convento Santa Clara, em Taubaté (SP), a fim de que preparassem o filho para seguir a sua vocação religiosa junto aos frades menores. Nessa época, o Convento de Santa Clara pertencia aos frades Franciscanos menores da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. A sede dessa Província era, então, no Rio de Janeiro. Hoje, esse convento encontra-se aos cuidados dos franciscanos capuchinhos.”
O site da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, refere-se a este fato afirmando que frei Galvão foi “orientado pelos franciscanos do Convento Santa Clara de Taubaté”, para que ingressasse na Ordem de São Francisco e assim foi para o Convento de São Boaventura, em Macacu. Passados dois anos de noviciado, recebeu a Ordenação Sacerdotal, em junho de 1762. Após a ordenação, transferiu-se para o Convento de São Francisco em São Paulo, aonde veio terminar os estudos.
Consta como um de seus milagres, reconhecidos pelo Vaticano para que se tornasse santo, o milagre do lenço ocorrido em Taubaté. Um texto da casa Frei Galvão de Guaratinguetá relata esse ocorrido:
“Os familiares de um senhor, que adoecera gravemente em Taubaté, lembraram-no de que deveria se confessar, preparando-se “para fazer a viagem à outra vida”. Informados por ele de que já se havia confessado com Frei Galvão, riram-se todos, pois o santo frade não se encontrava naquela ocasião em Taubaté.
Como o caso urgisse, dada a gravidade da doença, insistiram em sua confissão. O doente tirou, então, de sob o travesseiro um lenço, que pertencia a Frei Galvão, e que o frade havia esquecido sobre sua cama durante a confissão. Ninguém duvidou mais da presença do Frade, ‘pois o seu dom de bilocação já era notório em toda a Capitania de São Paulo’.”
Segundo o mesmo site da Província franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e frei Paulo Back, frei Galvão em 1804 foi “nomeado Visitador do Convento franciscano de Taubaté e de Itu.”
O Livro Frei Galvão para crianças, de autoria de Tom Maia e Thereza Regina de Camargo Maia, principais conhecedores da vida de frei Galvão, contém 20 ilustrações feitas pelo autor com legendas redigidas pela autora, contemplando os edifícios relacionados à vida de Frei Galvão. O convento de Santa Clara de Taubaté está relacionado entre as ilustrações como podemos ver abaixo:
Taubaté, com suas tantas histórias e fatos também teve a oportunidade de acolher o primeiro Santo brasileiro e até mesmo ser palco do relato de um de seus milagres. É de grande importância saber que nossa cidade está presente em diversos momentos da História e até mesmo na história de um santo da Igreja católica.
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Amanda Valéria de Oliveira Monteiro é formada em História pela Universidade de Taubaté. Mestre em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Trabalha no Arquivo Histórico Municipal Felix Guisard Filho com documentos datados a partir do Século XVII.