É agora… ou nunca

 É agora… ou nunca

Texto de Renato Teixeira publicado na edição 713 do Jornal Contato

O primeiro Mercadão de Taubaté foi inaugurado em meados de 1850. Trinta anos mais tarde foi substituído por um novo, com alguns quiosques e um novo cercado. Mas foi em agosto de 1913 que o edifício que abriga o atual Mercado Municipal de Taubaté começou a ser construído. Inaugurado em 15 de janeiro de 1915, o Mercado é um patrimônio do povo brasileiro.

Sua estrutura de ferro veio da Inglaterra e ele foi construído no local onde existia o velho tanque do rio Convento.

Ali, o povo da roça e do povoado se juntava pra comercializar seus produtos. A lógica urbana de Taubaté é uma das poucas quese desenvolveram a partir do mercado e não a partir da igreja principal.

O mercado original foi sendo descaracterizado por intervenções inadequadas, o que acabou provocando essa situação que vemos hoje. Deixou de ser um “lugar de recordação”. Um espaço sagrado da nossa história sendo tratado com ausência absoluta de critérios. Mestre Sebe, na edição anterior do CONTATO, já colocou, com a lucidez de sempre, a importância do patrimônio arquitetônico para a raça humana.

Acontece que em Taubaté, tradicionalmente, a população se deixa levar pela administração pública, simplesmente. Existem poucas ações de cidadania e grupos de trabalho independentes para estabelecer parcerias com a administração pública na definição dos nossos interesses. Prevalece, então, o “negócio” e não “cultura”. Não há equilíbrio.

Apesar de sermos uma cidade que se firmou pela ousadia dos nossos antepassados que num determinado momento do tempo fizeram o que tinha que ser feito de forma violenta, o comércio, a indústria e a cultura acabaram se estabelecendo numa coexistência produtiva. Construímos igrejas incrí- veis e edificações arquitetônicas maravilhosas como a CTI e a Vila Aleixo, entre tantas.

Construímos indústrias que ao longo dos anos criaram a mentalidade que nos credencia a lidar com as modernas empresas que hoje atuam no nosso município.

No campo da cultura, saiu daqui a literatura infantil, o cinema de comédia e a música.

Hoje temos 9 museus e nos esportes estamos reconquistando espaços de alto desempenho. E temos uma universidade estabelecida.Mas, se você perguntar, a maioria das pessoas não sabe qualquer coisa dos nossos museus e muito menos da importância histórica do mercado e adjacências.

Quem destrói patrimônio público sem avaliar sua historia, está tentando transformar- -nos numa massa de consumo voltada para interesses corporativos, mais nada.

Precisamos restaurar o mercado municipal, como foi feito em São Paulo. Precisamos reconduzi-lo de volta à sua originalidade e transformá-lo num ponto de referência como ele tem sido desde dos tempos do velho tanque do rio Convento Velho. Quando foi construído, a proximidade era sua principal característica. Ia-se de carroça, a cavalo e a pé.

Hoje, os carros nos levam, o que facilita que se construa um novo mercado num lugar mais adequado;assim coisas vão se ajeitando, a cidade vai buscando novas centralidades, valorizando seus espaços e conservando sua história. A restauração do mercado limpa a área e cria uma região de conforto urbano de valor inestimável com um comércio mais voltado para o bem-estar social, mais vinculado á nossa história, que a maioria da população também não conhece. Está na hora de abraçarmos o Mercado. Está na hora dos comerciantes da região tomarem uma atitude progressista. Está na hora da Prefeitura se posicionar.

Está na hora da gente esclarecer as coisas, definitivamente. É agora, ou nunca!

 

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