Breganha: um pouco da história da palavra

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Veja a primeira parte desse artigo: As breganhas de relógios de Taubaté

 

Um pouco da história da palavra

 

O filólogo brasileiro Antenor Nascentes, no seu monumental e prestadio Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (edição única) refere, no verbete barganha:

“M. Lübke, REW, 1220, tira o italiano bargagnare e o francês barguignier de uma forma franco-lombarda “borganjan”, tomar fiado.

Stappers dá um baixo latim barcaniari, de origem céltica. A. Coelho lembra o inglês bargain e o italiano. Acha M. Lübke que o a, a formação nj e a significação deixam dúvidas”.

O insigne Morais assim registra o vocábulo: “Barganha, s. f.; troca, permutação de coisas de pouco valor: é famil. ( do inglês bargain. Ital. bargagnare)” (Dic. Da língua portuguesa, 2ª edição; 1813).

O erudito, se bem que às vezes fantasioso lusitano Constâncio, que andou na traça do nosso Morais, embora quisesse desmerecer-lhe a obra, consigna: “Barganha, s.f. (do ital. Bargagno, Ingl. Bargain, do Galer e Céltico bargen, pron. Barguen, contrato, ajuste: Fr. Barguigner, pron. Barguinhê, alterar sobre o preço), fam. Troca de cousas de pouco valor”.

Sobre a ancianidade da palavra, sirva de testemunho a inclusão que del fez H Brunswick no seu Dicionário da Antiga Linguagem Portuguesa (Lisboa 1910).

Assinalemos, de relance, que Curtius nos fala dos barcani, orum, barcanios, povo da Parthia fronteira da Hircania; e lemos em Barros, Couto e Castanheda a palavra bar- medida de peso do Oriente e equivalente a 4 e 5 quintais, sejam 15 ou 20 arrobas.

A forma breganha, vigente em Taubaté, filia-se facilmente ao velho e lídimo português barganha, concorrendo a diversificação dos sons idênticos a – a para e- a (dissimulação) – berganha e a deslocação do fonema- r- na mesma sílaba bar- bre (metátese), donde: breganha. Coexiste a forma intermediária. É de emprego corrente o verbo breganhá também na forma berganhá, com apócope do r-, ocorrência generalizada na linguagem caipira do Vale do Paraíba e nos dialetos crioulos da África.

 

Teimosa sobrevivência

Não podemos dize-lo precisamente. Garante-nos, entretanto, a tradição oral em fontes fidedignas a sua antiguidade para muito além de um século, para muito além. Tudo nos leva a crer vir dos primeiros tempos do povoado. Cuja atual e teimosa sobrevivência é a barganha de relógios.

 

Continua…

Dantes era assim…

Relógios e Correlativos

 

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GENTIL EUGÊNIO DE CAMARGO LEITE -1900-1983

Mestre de latim, Português, história da civilização, francês e sociologia. Lecionou em Taubaté e Catanduva, a várias gerações, cuja inteligência e personalidade aprimorou. No magistério prestou serviços como diretor e inspetor de ensino.

Laureado jornalista, folclorista e pesquisador das nossas histórias e tradições, usos e costumes, foi um dos fundadores da “Sociedade de História e Folclore de Taubaté”, também ingressando em diversas instituições folclóricas do Brasil. Firmou também parceria com o músico taubateano Fêgo Camargo compondo várias obras ainda hoje conhecidas. Seu nome é citado em importantes dicionários de autores nacionais.
Admirado por Monteiro Lobato, em discurso proferido no Rotary Club de Taubaté, em 15/09/52, sobre o cinqüentenário dos Sertões, apresentou a idéia de instituir a “Semana Monteiro Lobato”.
A obra de Gentil de Camargo, esparsa em jornais e revistas foi reunida pela primeira vez no livro “Poesia e Prosa”.

(Fonte: Taubaté: de Núcleo irradiador de bandeirismo a centro industrial e universitário do Vale do Paraíba, de Maria Morgado de Abreu)

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