Boris Casoy: lembranças de Taubaté

 Boris Casoy: lembranças de Taubaté
Por Pedro Venceslau

Pouca gente sabe, mas a nossa querida Taubaté conta com um fã muito especial. Trata-se do jornalista Boris Casoy. Em entrevista exclusiva para Pedro Venceslau, realizada em 2005, o jornalista revelou que foi na terra de Lobato, mais precisamente na escola de mesmo nome, que Casoy viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida.

A descoberta foi casual. No final da entrevista Casoy soube que o repórter é filho de Paulo de Tarso, proprietário e diretor de redação do Jornal CONTATO. Recordou que o entrevistara por ocasião do episódio que envolvia desvios de recursos públicos da prefeitura de São José dos Campos. O autor dos desvios era Roberto Teixeira, compadre de Lula e dono da casa onde morou de graça por cerca de 10 anos o hoje presidente da república. Quando soube que o Jornal CONTATO é de Taubaté, Casoy quase não acreditou. “Em Taubaté? Tenho ótimas recordações de lá”.

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Boris Casoy foi um bom estudante no ginásio. Mas, no colegial, as coisas não iam nada bem. Corria o ano de 1959, e o jovem estudante, então com 18 anos, percebeu que ia repetir de ano pela segunda vez, no 2º colegial. “Eu estava totalmente desinteressado”, conta.

O único jeito de, segundo o próprio Bóris, “a bomba não estourar, de empurrar com a barriga” foi procurar um curso que não tivesse freqüência, nem nota – o chamado madureza, ou supletivo, para os íntimos. Boris Casoy só teria que fazer o exame em escola oficial.

O resto do curso seria feito à distância. O colégio escolhido foi o Santa Inês, o mesmo supletivo onde estudou o ex-ministro José Dirceu, na Praça Carlos Gomes, centro de São Paulo. “Era um lugar pequeno, que tinha só duas salinhas. Fui lá para levar a coisa na flauta. Havia um exame que era feito na capital, mas ninguém recomendava, porque era muito difícil. E havia outro, que era em Taubaté e diziam ser mais fácil. Só que essa notícia se espalhou e Taubaté ficou com essa fama, de ter o exame mais fácil do madureza”.

Acompanhe a entrevista.

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Boris Casoy em 2005, na época em que ancorava o Jornal da Record

Contato: O que significou na sua vida essa passagem por Taubaté?

Boris: Foi lá que aconteceu a grande virada da minha vida. Me senti tão bem preparado no [colégio] Santa Inês, que nem fiz cursinho para direito. Meu diploma do secundário, que guardo até hoje e muito me orgulha e que acabou sendo mais difícil que o próprio Vestibular, é do colégio Monteiro Lobato. Foi lá que fiz os exames, que foram dificílimos. Tenho uma lembrança muito forte de Taubaté.

Contato: Que lembranças você tem da cidade?

Boris: Conheci coisas de Taubaté que se perderam no tempo. Tinha um serviço de auto-falante, na Praça Dom Epaminondas, de um sujeito brilhante, que devia ser de esquerda. Tinha a rua das Palmeiras, que nem deve ter mais palmeiras…Tinha o TCC. A cidade era muito provinciana…Há cinco anos me deu uma nostalgia de uma professora de Taubaté, que chama Naidiu Moreira de Moura. Depois do curso, ainda voltei muitas vezes em Taubaté por causa da feira da Breganha, que tinha junto do mercado. Você vê que o conheço bem a cidade (risos)…Eu me lembro até do cheiro de Taubaté.

Contato: Você chegou a passar bastante tempo na cidade?

Boris: Eu só tinha que ir fazer os exames. Mas, cada vez que ia fazer o exame, tinha que ficar pelo menos 15 dias em Taubaté. Também fui antes para conhecer. Devo ter ficado uns 50 dias em Taubaté.

Contato: Onde você morava na cidade?

Boris: Eu morava em um hotel chamado “Metro”, na rua Visconde de Rio Branco, que era um hotel de viajantes. Acho que nem existe mais…(hoje é o supermercado Pão de Açucar) Me lembro bem também do “Burro da Central”…Aliás, você sabe por que o E.C Taubaté tem esse nome?

Contato: Por quê?

Boris: Porque em uma final de campeonato, quando o time foi para a 1º divisão, eles escalaram um cara que não estava registrado na Federação.

Vista do Bosque, hoje praça da Eletro, lugar em que Boris Casoy acreditava ser uma floresta

Contato: Quais outros lugares marcaram essa passagem?

Boris: Tinha uma praça, acho que chamavam de “Bosque”, onde fizeram um Pão de Açúcar, sob protestos gerais. Tem um cemitério enorme. Ainda existe a Breganha? Acho que foi engolida por uma feira mesmo, mas era um lugar muito gostoso. O pessoal “breganhava” dentadura, bicicleta…Tinha cantador, os santeiros…

Contato: Ainda não acabou…

Boris: Tenho esse vínculo com a cidade…De vez em quando eu falo: “vou para Taubaté”…Me lembro muito da Rádio Difusora, no larguinho, e da Rádio Cacique. Ainda existem essas rádios?

Contato: A Difusora está lá, firme e forte. A Cacique foi comprada pela Joven Pan…

Boris: A Difusora tinha ondas curtas, pegava no Brasil inteiro. Me lembro do locutor: “RRRRRÁDIO DIFUSORA DE TAUBATÈ…”. Eu adoro interior, mas Taubaté é muito especial para mim. A gente cantava assim: “E, Taubaté, só não passa quem não quer”. A gente viajava pela Pássaro Marrom. E era Via Dutra, uma pista só…Uma ida e uma volta. Era risco de vida.

Via Jornal Contato 

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