Não encontramos mais informações dos candidatos a prefeito nem seus nomes, provavelmente em número de cinco. Isto porque Tristão Alegre publica uma trova no dia 26 de outubro de 1947, falando em cinco candidatos:
Os candidatos são cinco,
porém, o cargo é só um…
Todos se vão com afinco,
mas ficam quatro em jejum…
Outra curiosidade refere-se à participação da mulher em eleição. Encontramosno Taubaté-Jornal a propaganda de Sebastiana Moreira, “virtude e operosidade da jovem cristã, atuando de há muito nos meios trabalhadores!”, candidata pelo PDC. Era “antiga operária da CTI, atual auxiliar do SESI, delegada da Juventude Operária Católica”.
A coleção do Taubaté-Jornal, encontrada na Divisão de Museus, Patrimônio e Arquivo Histórico, registra que a última edição, antes da eleição, foi em 2 de novembro de 1947 e a edição seguinte é de 13 de junho de 1948, data do “ressurgimento” do jornal, conforme explicaçãoem editorial. O jornal não logrou êxito na campanha, pois que o vitorioso foi José Luiz de Almeida Soares, elogiado na edição de 15 de agosto de 1948 como “operoso prefeito”, que se pôs a “cuidar de dotar a cidade de completo serviço médico-social que favorecesse a população e solucionasse os sérios problemas a ele relacionados”, referindo-se ao “Plano de Assistência Municipal” idealizado pelo médico J. Ortiz Monteiro Patto.
Um ano depois da posse do prefeito, o Taubaté-Jornal faz circular uma edição em 1º de janeiro de 1949 , em formato revista, com cores, elogiando o primeiro ano do prefeito que “tem trabalhado e produzido, sem desapontar nem aquele que com ele pugnou partidariamente, nem este que em lado oposto batalhou”. A edição especial lembra que o prefeito, num certo espaço de tempo, pôs-se a “corrigir falhas e a reparar injustiças – e estas haviam por aí – na preocupação, sobretudo, de tirar do funcionalismo o caráter de subalternidade política e de apagar o aspecto partidário de suas relações e deveres”.
“Reorganizou os serviços propriamente burocráticos, dando uma feição moderna e acessível aos serviços municipais, no arquivo, nos despachos e nas informações ao povo”, dizia a matéria do jornal.
José Geraldo de Oliveira Costa, candidato a vereador, também era diretor de jornal – Nossa Terra -, que defendia a candidatura de Jayme Barbosa Lima. No dia 11 de outubro de 1947, segundo o jornal, os partidos da “Coligação Municipal” realizaram “o grande comício”, antes, porém, “duas bandas de música percorreram as ruas centrais, ao mesmo tempo que inúmeros caminhões despejavam na Praça Dom Epaminondas, consideráveis grupos de operários”.
Assim como ocorreu com o Taubaté-Jornal, o último exemplar do Nossa Terra, antes da eleição, saiu no dia 19 de outubro, edição nº 620; a nº 621 não está encadernada, sendo a de nº 632 editada em 18 de janeiro de 1948. Mais adiante, em 4 de abril, o jornal Nossa Terra faz críticas ao prefeito José Luiz de Almeida Soares: “O atual governo municipal tem sido pródigoem promessas. De concreto nada realizou até o momento”.
O jornal Nossa Terra divulga no dia 19 de outubro de1947 a relação dos candidatos à vereança pela “Coligação Municipal”; além dos eleitos e suplentes anotados acima, disputaram a eleição pela coligação: Alexandre Monteiro César Miné (funcionário estadual aposentado), Augusto A. Arid (farmacêutico), Benedito da Silveira Morais (industriário), Ernesto Floriano de Souza (operário), Eugênio Antonio Chester (industriário), Francisco de Assis Vieira (comerciante), Henrique Chiste Junior (operário), José Miller Sene (comerciante), Paulo Ferraz (comerciante), Romeu Simi (comerciário), Sebastiana Moreira (operária), Ulysses Pereira Bueno (assistente social).
Um terceiro jornal – A Notícia – surgiu em 14 de agosto de 1948, sendo chefe de redação Archimedes Rizoli. Os outros dois, Taubaté-Jornal e Nossa Terra, defendiam abertamente a candidatura de Jayme Barbosa Lima e em nenhum momento sequer noticiou com quem ele estava concorrendo. Ou seja, ele prezava mais o eleitor do que o leitor. Eram jornais comprometidos com partidos.
O jornal A Notícia, fundado pós-eleição (em 14 de agosto de 1948), mostrava-se independente na avaliação da administração José Luiz de Almeida Soares. A primeira edição criticava a comissão de trânsito da Prefeitura, mas elogiava o ensino municipal. No dia 1º de setembro de 1948, sob o título “Quem paga é o povo”, criticou a participação de vereadores em congresso municipalista que seria realizado em Campinas. “Quando em Taubaté luta-se com sacrifício para fazer alguma coisa; quando a Prefeitura faz de tripas coração, para enfrentar encargos pesadíssimos, nossa Câmara entrega de mão beijada à sua irmã campineira mil e quinhentos cruzeiros. E dizem que acabaram-se os ‘otários’…”. Foram a esse congresso os vereadores Otacílio Carvalho de Paula, José Geraldo de Oliveira Costa, Jaime de Castro e Eurico Pena.
Também faz elogios ao prefeito, na edição de 18 de setembro, pelo trabalho realizado nas ruas e praças: “Depois dum abandono de anos, vê o povo taubateano trabalho à vontade”.
Segundo Renato Féres, ex-vereador que acompanha a política desde o pleito de1947, aadministração de José Luiz foi “excelente” nos dois primeiros anos, trabalhando de gabinete aberto, era muito franco, não era demagogo. “Quando não podia resolver um problema, não iludia ninguém”, disse Féres. Os dois anos finais, todavia, não foram profícuos para a cidade, ele praticamente abandonou a Prefeitura, segundo Féres.
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LUIZ CARLOS BATISTA
Com mais de 35 anos dedicados ao jornalismo, sendo 30 como assessor de imprensa da Câmara Municipal, Luiz Carlos relembra fatos da política taubateana.
1 Comment
Luiz Carlos, meu amigo, parabêns pelo sua iniciativa e trabalho sobre a Política de Taubaté.
Infelizmente Taubaté não esta passando por momentos agradáveis na política mas se DEUS quiser isso vai acabar com a nova eléição e com a aprovação da ficha limpa. Muitos que se dizem ser político para trabalhar pelo povo de Taubaté ficará fora pelas sujeiras cometidas por vários anos sem nenhuma penalidade.
Um grande abraço,
Romildo Alckmin
Vice-Presidente DEM – Taubaté
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