E agora mulher?

 E agora mulher?

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Giovanna Louise Nunes

“O divórcio fica muito bem para outras terras, mas não para a nossa”. (O Lábaro, 18 de Outubro de 1951, p.03).

A Frase escrita pela professora Lygia Fumagalli Ambrogi em sua coluna no Jornal Católico O Lábaro, no artigo intitulado O Divórcio, faz defesa à moral e aos bons costumes. Levar essa discussão às páginas do jornal diocesano tinha um fundamento: a Câmara municipal da cidade de Taubaté resolve aprovar a permissão do divórcio na cidade.

Com isso, visto na época como um ato contra a família, os órgãos conservadores trataram com repugnância essa permissão, tendo do lado religioso um vilão, assim como a guerra e o socialismo.

Na coluna da professora Lygia, encontramos fortes fragmentos desta “mobilização social” em torno da defesa da família, afirmando que a juventude anos 50 estava se desvirtuando e que era hora de, através da família, resgatar esses jovens.

O jornal, utilizado como divulgador das ideias que circulavam pela cidade, principalmente o católico, alcançava a uma grande massa de leitores o que permitia que a defesa aumentasse. A questão discutida nas páginas dos jornais, levam em conta as mulheres que pedem o divórcio e as que permitem o divórcio, pedindo para que as mesmas pensem muito bem como ficará a estrutura familiar após a separação e que a destruição do lar seria evidente, atrapalhando o desenvolvimento de seus filhos.

Um assunto um tanto complexo de se discutir em uma sociedade que sofre várias influências culturais. Os anos 50 foram de transformação e ao mesmo tempo de luta para manter a moral e os bons costumes.

O empenho na ajuda pela mobilização da estrutura familiar ganhou suporte dos jornais católicos, dos jornalistas, colunistas, TV, rádio, teatro, afim de que, como mencionado no artigo, “pela reforma moral da sociedade” o “caos moderno”, não se alastrasse e levasse à ruína a sociedade contemporânea.

A mulher, que só passou a ter direito a voto no Brasil em 1946, recebeu, nos primeiros anos da década de 1950, o direito de se divorciar, caso conseguisse alegar infidelidade e outros fatores que provocassem a destruição da unidade familiar. Mas não podemos esquecer que mesmo com direitos, a mulher que se divorciava era mal vista pela sociedade. Vista como uma mãe, esposa alheia a realidade, não preparada pelos pais para exercer essa condição. Em caso de problemas conjugais, cabia a ela enfrentar os preconceitos e dilemas de sua época ou manter-se submissa ao seu posto social.

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Giovanna Louise Nunes é professora de história

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