SHAZAM

 SHAZAM

Texto de Renato Teixeira publicado na edição 711 do Jornal Contato

Há um lugar no tempo onde residem todas as lembranças e ali permanecem latentes bastando apenas que acionemos a memória e, como um capitão Marvel quando dizia SHAZAM, nos transformemos em seres sensibilizados pelas recordações que levamos com a gente.

As ruins nos irritam e as boas lembranças nos cobrem de luz. Nascemos para viver e contar histórias.

As histórias são narrações de fatos acontecidos ou inventados capazes de alimentar nosso humano impulso de querer contar coisas. Cada um tem um jeito de contar sua história. A coletividade tem um jeito complicado de descrever os acontecimentos porque vem fragmentada por opiniões diversas e, muitas vezes, conflitantes.

Vivemos sob o domínio das palavras. Tudo precisa ser dito, precisa ser falado ou escrito para que haja qualquer entendimento.

Para esclarecer, conto que em Taubaté passei parte da adolescência e quando fiquei adulto arrumei as malas e parti.

Como é comum entre as gerações, havia um círculo de relacionamento formado por aqueles que, de uma forma ou de outra, interagiam socialmente.

A escola, o Clube e as esquinas, temperados por eventos cívicos, artísticos e religiosos, delimitavam nossa ação social. Éramos pré-universitários e ainda haveria um tempo para definirmos nossos rumos.

E foi exatamente nesse tempo de preparação para a vida que um grupo de moças e rapazes da cidade iniciaram laços de amizade.

Apenas uma única vez somos como uma folha em branco, onde o destino escreverá uma história.

Não existe excesso de malícia e a ingenuidade do pecado é só uma espuma branca que se desmancha na areia, numa noite de luar.

Momentos de muita sensibilidade onde aprenderemos fórmulas e formas de coexistirmos socialmente. E tem sido assim ad eternum. Mas, hoje em dia as coisas estão bem diferentes.

As muitas possibilidades oferecidas pela internet criam várias opções de comunicação.

Os grupos do whatsApp, por exemplo, são verdadeiras tribos formadas por pessoas com interesses comuns.

De grupos familiares aos de trabalho surgem um novo tipo de comunidade.

Criamos em Taubaté um grupo com os amigos da geração dos anos 60/70, quando éramos profundamente jovens e, como num passe de mágica, um universo definido, consistente e sólido, surgiu à nossa frente revelando verdades que só o tempo é capaz de definir.

Tenho uma profunda admiração por todas essas coisas que o lado bom da humanidade é capaz de criar, mesmo que nada neste mundo esteja isento às maldades que nos fustigam como urubu na carni- ça. Evidencia-se, com as facilidades que a inteligência propicia, que a civilização é sempre o melhor caminho e a memória o melhor consolo.

 

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