A importância do 20 de janeiro na história de Taubaté

 A importância do 20 de janeiro na história de Taubaté
Na data foi concedida provisão que autorizava Jacques Felix a vir para o município

20 de janeiro é uma importante rua do bairro Areão, um dos principais acessos que ligam as duas maiores vias do bairro, a avenida Santa Cruz do Areão e a Avenida José Vicente de Barros.

É a primeira data oficial de Taubaté.

Foi nesse dia, em 1636, que o capitão mor Francisco da Rocha concedeu a provisão que dava direito ao fundador de Taubaté, Jacques Felix, para penetrar o Sertão de Taubaté. A missão era clara: aumentar as terras da Condessa de Vimieiro.

A organização territorial brasileira naquela época era bem diferente da que conhecemos hoje. As terras eram divididas em capitanias, que eram faixas de terra concedidas pela coroa portuguesa a uma pequena nobreza. Cada nobre tornava-se um donatário e administrador daquele espaço, e tinha também poderes jurídicos e direitos econômicos sobre o que fosse produzido nas terras. Além disso, as capitanias eram hereditárias. (saiba mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_do_Brasil)

Baixada de São Vicente, gravura de 1624
Baixada de São Vicente, gravura de 1624

Uma das capitanias de maior destaque foi a concedida a Martin Afonso de Souza, denominada de Capitania de São Vicente e foi dividida em duas seções: a primeira, que ia de Macaé, no Rio de Janeiro, até Caraguatatuba, em São Paulo, e a segunda, que ia de Bartioga, em São Paulo, até Cananéia, no Paraná. Essa capitania foi herdada por Pero Lopes de Sousa em 1572, que foi assumida em 1587 por seu filho, Lopo de Sousa, e depois, em 1621, para Mariana de Sousa Guerra, a Condessa de Vimieiro que, em razão de uma controvérsia com o Conde de Monsanto, Álvaro Pires de Castro e Souza, criou a Capitania de Itanhaém. Eram as terras dessa capitania que deveriam ser aumentadas com a provisão dada a Jacques Felix.

Brasão de Itanhaém, por Belmont.
Brasão de Itanhaém, por Belmont.

Ordem dada, ordem cumprida!

Jacques Felix aceitou a empreitada, mas o desbravador levou três anos para de fato adentrar nos sertões de Taubaté. Foi necessária uma ratificação da provisão, o que foi feito em 29 de junho de 1639, pelo então capitão mor da capitania de Itanhaém, Vasco da Mota.

Chegando em Taubaté, o bandeirante tinha a incumbência de transformar o lugar em uma vila. Distribuiu terras para produção (sesmarias), fez as construções necessárias e a partir daí deu-se a formação da vila de Taubaté, que se oficializou em 5 de dezembro de 1645.

Vila de Taubaté nos seus primórdios. Gravura de Hernani Pereira

A História é narrada por Pedro Taques de Almeida Paes Leme, em seu livro “História da Capitania de São Vicente”, publicado originalmente em 1772.

A vila de S. Francisco das Chagas de Taubaté foi ereta em 1645 por Jaques Félix, natural de São Paulo, e nela foi povoador e fundador, como procurador bastante da Condessa de Vimieiro, donatária da Capitania de Itanhaém: este paulista tinha passado de S. Paulo com sua família e grande número de índios de sua administração, gados vacuns e cavalares; e tendo conquistado os bravos gentios da nação Jerominis e Puna, habitadores deste sertão, levantou à sua custa igreja matriz construída de taipa de pilão, fez cadeia, e casa de sobrado para conselho, moinhos para trigo, e engenho para açúcar. Era Capitão-Mor Governador da Capitania de Itanhaém Francisco da Rocha, o qual por sua provisão de 20 de janeiro de 1636 concedeu ao dito Jaques Félix, como morador opulento e abastado da vila de São Paulo, que penetrasse o sertão de Taubaté em aumento das terras da Condessa donatária D.Mariana de Sousa da Guerra. Esta mesma provisão ratificou em 30 de junho de 1639 Vasco da Mota, Capitão-Mor Governador da dita Capitania do Itanhaém, ordenando que concedesse em nome da condessa donatária uma légua de terra para rocio da vila, e aos moradores que fossem acudindo a estabelecer-se na povoação concedesse também terrasde sesmarias. Por outra provisão de 13 de outubro de 1639 mandou que Jaques Félix, Capitão-Mor povoador, tendo completas as obras para se aclamar em vila a povoação, fizesse aviso para se proceder a este ato. (o livro pode ser baixado aqui)

20janeiro

A rua 20 de janeiro, no Areão, é o símbolo de quando tudo começou para a Taubaté que conhecemos hoje, um gancho de memória, um elemento vivo que nos faz lembrar da nossa origem e deveria assim ser conhecida.

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