Quando o futebol chegou em Taubaté

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Oswaldo Barbosa Guisard fala sobre os primórdios do futebol na cidade e jornal de 1904 apresenta as regras do esporte pela primeira vez aos taubateanos

Por Oswaldo Barbosa Guisard

Em 1904 os taubateanos fundavam o “Club Sportivo Taubateense” e localizavam os esportistas e localizavam os esportistas fundadores o seu campo (ground) em terrenos hoje pertencentes à Companhia Taubaté Industrial e que na ocasião pertenciam ao falecido esportista conterrâneo Mario Malta Guimarães. Posteriormente mudaram o campo para a hoje Avenida “9 de Julho” próximo à rua Barão da Pedra Negra.

Finalmente de modo definitivo – havendo sido construído o Velódromo na rua 4 de março – porque o ciclismo estava em grande moda – na parte central da grande pista circular – foi construído o campo do “Sportivo”.

Provas de ciclismo importantes tiveram por palco o Velódromo, sendo que algumas competições com a participação de campeões internacionais.

Dos campeões taubateanos de ciclismo são lembrados Sérgio Areão, Brasil, Joãozinho e outros. Sergio foi em todos os tempos do atletismo em nossa cidade, considerando o seu mais completo atleta. Campeão de ciclismo, lançou um desafio ao famoso ciclista italiano Remondini, que se exibira no Velódromo para uma prova de 25 voltas na pista. Em meio à competição o patrício do grande Girardengo, desistiu, pois Sergio já lhe levava uma volta de vantagem.

Sergio Areão foi campeão de corridas a pé, saltos, praticou com sucesso a luta romana e foi também futebolista de grande expressão, zagueiro tipo “limpa área” como Grane, Jaú, Carneira e outros.

O “Club Sportivo Taubateense” que surgiu modestamente, foi o rastilho, para a organização de muitos outros clubes da várzea em Taubaté, sendo exato que cada fazenda de café organizou o seu clube.

O futebol tomou conta de todos os recantos do município, como uma autêntica febre futebolística. O ciclismo acabou desaparecendo.

E o “Taubateense” era o campeão da região, levando os seus ensinamentos às cidades vizinhas como Caçapava, Pindamonhangaba e outras.

Amadorismo puro e os jogadores pagavam dois mil réis de mensalidade e adquiriam seu material.

O dinheiro dos associados se destinava a comprar as bolas “Mac Gregor” e “Olimpic” n° 5, com costuras, mais pesadas que as atuais, pagamento do zelador do campo, marcação do mesmo e outras despesas normais.

Quando uma delegação de uma cidade visitava outra para uma partida de futebol os visitantes eram recebidos na estação com banda de música, discurso de saudação e rojões.

Assim aconteceu, disse-me um dos craques taubateanos do passado, “e eu recordo-me bem de uma partida que disputamos em Pindamonhangaba. Fogos, discursos, música na recepção. Depois, como tivéssemos ganho o jogo, a estação deserta, ninguém para nos acompanhar. Nós estávamos alegres mas na vizinha “Princesa do Norte” era só tristeza!”

O futebol de Taubaté, da nossa terra que deu notáveis campeões ao Brasil – notadamente no futebol amador, entra agora com seu copioso manancial em nossas crônicas.

(retirado da crônica PRÓDROMOS DO FUTEBOL EM TAUBATÉ)

Abaixo, dois trechos do Jornal de Taubaté, de 11 e 13 de novembro de 1904

Jornal de Taubaté, 11/11/1904
Jornal de Taubaté, 13/11/1904

Oswaldo Barbosa Guisard (1903-1982) 

Foi executivo da CTI, vereador e presidente da Câmara. Idealista, participou do grupo fundador da Semana Monteiro Lobato e por 30 anos foi seu principal divulgador, mantendo acesa a sua chama original. Batalhou com perseverança pela preservação e tombamento da Chácara do Visconde, local onde nasceu Monteiro Lobato. Sua fabulosa memória o levou a escrever o livro “Taubaté no aflorar do século, uma grande obra.

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