Mudanças de rumo
Texto de Renato Teixeira
Publicado no Jornal Contato edição 684
Taubaté sofreu uma chacoalhada, quando o trânsito foi modificado. Ir para lá agora é por aqui e para se chegar aqui não é mais por ali… congestionamentos, sinfonias de buzinas e transtornos psicológicos criam caos. Não gostamos de ser incomodados. Meu parceiro Almir Sater possui um mecanismo de compreensão muito interessante: ele procura o lado bom das coisas mesmo quando as coisas ficam péssimas. Pensei aqui comigo como reagiria o violeiro se morasse em Taubaté e, num certo dia, quando saísse para a rua, ficasse sem saber direito como ir para os lugares por onde se ia por ali e agora só se pode ir por aqui?
Primeiramente, ele ficaria revoltado e faria comentários irônicos. Quando percebesse que estava se irritando além da conta, seu discurso começaria a mudar de conteúdo. E ele começaria a pensar assim:
– “Uma mudança radical de direção vai trazer uma cidade nova para todos. Se quando íamos para lá víamos determinadas coisas, agora que a direção mudou pro lado de cá teremos novos pontos de vista e conheceremos novas perspectivas. Isso pode ser muito interessante. O tumulto causado também possibilita que, irritados, os munícipes comecem a interagir de alguma maneira, todos envolvidos numa mesma situação, num elo unânime onde ninguém se abstém de tomar posições e emitir opiniões. É bom para a cidadania. É um pouco estressante, mas mudanças de direções dentro do organismo urbano criam novas dinâmicas coletivas e renovam nosso campo visual. Então, porque não? Durante algum tempo o assunto vai dar pano pra manga e as mais variadas avaliações tomarão conta das redes sociais. De tudo veremos nesse conflito; até nossa rivalidade com aquela cidade depois de Caçapava (rsrsrs… desculpa São José, mas não deu pra segurar) aflorar, já que a moça do trânsito daqui, é de lá. E assim iremos, por alguns poucos dias. Depois nos acostumamos e o Wase nos mostrará um caminho. O melhor agora é fazer como o caçador que se amoita e fica analisando o entorno, esperando a caça. O melhor a fazer é ir se acostumando, e pronto. Não demora e tudo volta a ser do mesmo jeito que sempre foi pois, como diz o caipira, “todo caminho vai dar numa vendinha”.
Com certeza esse seria o raciocínio do meu parceiro Almir Sater, que, em seguida, auto reconfortado, prepararia um paiêro e iria tocar viola. Cada um de nós possui um eficiente mecanismo de auto proteção psicológica que quase nunca usamos mas que, em algumas ocasiões, podem nos poupar de certos desconfortos. Não de todos…
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