As bandas musicais são uma tradição bem antiga nas cidades brasileiras.No passado quando existiam mais de uma banda num município, havia também rivalidade entre elas. Era comum que resolvessem as diferenças a base da pancadaria. Em Taubaté não era diferente.Na madrugada de 26 de fevereiro de 1906 a cidade recebia grandes figuras da república brasileira. Os governadores de minas, Rio de Janeiro e São Paulo tinham acabado de assinar um documento que entrou para história, o convênio de Taubaté. O objetivo desse convênio era garantir mais recursos para produtores de café que não andassem bem das pernas.Para comemorar a ocasião, foi promovido um baile de gala. Duas bandas musicais, a dos ursos e a paraguaia, foram convocadas para animar a festa.Acontece que os organizadores se esqueceram que esses músicos se odiavam a ponto de resolver diferenças apelando a violência.Para evitar brigas uma banda foi instalada na praça do pilar e a outra na varanda da Câmara, que ficava bem em frente. Ficou combinado que cada banda executasse a sua musica deixando em seguida que a outra tocasse a dela. E assim foi feito. O problema é que o baile não acabava, e ia avançando na madrugada. As bandas estavam esgotando seus repertórios. Os organizadores da festa começaram a ficar preocupados: como terminar o baile sem que os músicos se estranhassem. Alguém teve uma idéia salvadora: convocar as bandas para encerrarem o baile tocando simultaneamente o hino nacional. E não é que deu certo. Naquela madrugada nenhum músico trocou sopapos na frente dos três governadores.
[box style=’note’]Extras:
“Ali no edifício da Câmara Municipal algo se passava: era o desenrolar do famoso Convênio do Café. À noite houve baile de gala. Tudo era festa, alegria. Os homens haviam se entendido perfeitamente e numa atmosfera de compreensão, tinham resolvido os seus problemas. O “General Café” saíra fortalecido do conclave. Por isso a festa. Duas bandas de música, a dos “Ursos” e a dos “Paraguaios”, foram convocadas para abrilhantarem o ambiente festivo. Mas as bandas, ou melhor os homens, que as dirigiam, não se davam. Vinham, mesmo, de refregas notáveis, que deixaram profundas cicatrizes, ainda em aberto. Foi assim: por ocasião de uma passeata, as bandas se encontraram, acidentalmente, na esquina onde ficava a Padaria Adelino, fronteiriça ao palácio episcopal. A provocação não fez esperar. Nenhum músico, deste ou daquele lado, pretendia usar de diplomacia, permitindo a passagem da banda antagônica. A rua era estreita. Não tinha, naquele tempo, mais que quatro ou cinco metros de largura. A pancadaria ficou feita. Não houve instrumento algum, com semelhança de cacete, que ficasse incólume. Até o baixo, até o bombo, até o pandeiro, tudo entrou em ação, servindo de pau de pancada.Terminada a peleja, os músicos foram curar suas arranhaduras. Mas as bandas, essas sofreram baixas que só mais tarde puderam ser reparadas. Naquela noite, portanto, foi preciso tirar a sorte: uma banda ficou instalada nos altos da Câmara. Outra, no Largo do Pilar. ficou combinado, também que cada uma executaria um número musical, dando lugar à outra para fazê-lo. E assim a noite foi passando, brilhando, alegre, sem senões. As horas correndo celeremente. As bandas continuavam a executar números e mais números, esgotando seus repertórios. Os responsáveis pela festa começaram a inquietar-se. Como chegar a um acordo com as bandas, a fim de que se encerrasse, sem outras conseqüências? Foi então que alguém teve uma idéia luminosa: as bandas, para encerramento, deviam executar, em conjunto, o Hino Nacional Brasileiro. Foi água na fervura. Tudo acabou na paz de Deus.”
Trecho retirado do livro Conversando Com a Saudade de Emílio Amadei Beringhs
“As bandas de musica, em anuncio da função, circulavam a praça e tocavam em frente a porta do “Taubaté Cinema” (1909). A Banda dos Ursos dirigida pelo maestro Penzo rivalizava com a Banda dos Paraguaios, também conhecida como Banda de João do Carmo, dirigida pelo maestro José Vicente de Barros. As orquestras só viriam tocar, dentro do cinema, mais tarde com o maestro Fego Camargo, no “Cine Politeama” (hoje “Metrópole”), inaugurado em 1919, segundo uma lápise alusiva, com a Cia. de Aura Abranches, portuguesa. O bra do construtor Parodi, apresenta-se com amarração externa de cabos de aço. Foi o suficiente para que o boato previsse a próxima ruína do teatro.”
Trecho retirado do livro Mestre Cesídio de Jerônimo de Souza
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[box style=’info’] Histórias que a História Conta é uma produção do Almanaque Urupês em parceria com a Rádio Metropolitana Taubaté e é transmitido de segunda a sexta-feira no programa matinal Radar Noticioso.[/box]