Em uma das tardes no arquivo enquanto pesquisava sobre a política brasileira, especialmente a Era Vargas, que muito tem chamado atenção dos pesquisadores há algum tempo, me deparei com várias contribuições da imprensa taubateana, sobre o tema. É claro, há muito material para pesquisa, mas vou tentar aqui suscitar nos jovens pesquisadores o interesse pelo tema.
Fiquei pensando qual tema do período a Era Vargas seria interessante iniciar a conversa. De início sugeri o tema Populismo, que ainda merece muita atenção, pois as discussões a cerca do conceito ainda não estão esgotadas.
Que os dois maiores lideres do populismo durante os anos 30 a 50 do século passado são respectivamente Adhemar de Barros e o Getúlio Vargas, isso não resta dúvida. Mas o que seria o populismo em linhas gerais e por que esses personagens históricos receberam essa denominação? Muito simples: o líder populista por si só representa um político carismático, popular, capaz de mover a massa. Ainda pode ser considerado como um “conceito elástico” capaz de ser aplicado com princípios diferentes.
Quando Vargas sobe ao poder em 1930, comandando o Governo Constitucional até 1934 e, posteriormente, decretando o Estado Novo de (1937-1945), indica Adhemar de Barros para interventor em São Paulo que, em seguida, seria eleito governador. Possuindo as características básicas de um político populista, Adhemar de Barros era bem visto pelo partido PPS e logo tido como um possível candidato à presidência da República, nas eleições de 50.
Mas se eleito, isso acabaria com os planos de Getúlio de apagar a imagem ditatorial que lhe fora atribuída pelo seu governo anterior. Para não correr esse risco, Vargas faz uma aliança com Adhemar e consegue a indicação à presidência para as eleições de 1950, pelo mesmo PPS de Adhemar e o PTB, recém-fundado.
Até entre lideres populistas, o conflito e as alianças eram necessárias para atingir-se o apoio das massas. E as figuras dos dois políticos são bem vistas também nos jornais taubateanos. Nos jornais O Taubateano e O Momento, ficam evidentes o apoio do editorial, inclusive no sentido mais especifico do jornal: manipulação das ideias a favor do governo, a divulgação e propaganda pessoal.
Todas as viagens ao Vale do Paraíba para inaugurações, visitas, liberação de verbas, eram retratadas nas páginas dos jornais. Por vezes, nas primeiras páginas, os dois lideres dividiam espaço com suas imagens e com a descrição de suas ações.
Um exemplo simples pode ser lido do jornal O Momento de 27 de Abril de 1940, no qual o editorial faz uma felicitação ao interventor Adhemar de Barros. Esse tipo de editoria era sempre baseada no tripé Líder populista – Imprensa – Massa.
Tanto os meios de comunicação, que deveriam estar do lado do governo, quanto a população admiravam e respeitavam esses políticos, dotados de capacidade de mobilização social e carisma. Acredito que assim como hoje, ao ensinar esse momento da História política do Brasil, fomenta-se nos alunos especial interesse. Imagine como era naquela época, quando estava efervescendo o fenômeno do populismo! Bem vistos pelos valeparaibanos, eles (os lideres) souberam utilizar dos meios para alcançar os devidos fins.
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Giovanna Louise Nunes é professora de história
4 Comments
adorei
Caros, pequena revisão: O partido de Adhemar de Barros era PSP (Partido Social Progressista) e não PPS.També gostaria de ressaltar outros líderes daquela época, como LUiz Carlos Prestes e José Américo. Adhemar, em que pese ter sido governador do estado mais avançado, São Paulo, não era tão considerado assim no resto do país. Perdeu as eleições que disputou, ficando em terceiro lugar, atrás de Jucelino e de Juarez Távora.
é verdade Paulo e ele teve ainda, como maior inimigo em São Paulo, Janio Quadros, para quem perdeu eleição para governador.
Um dos ditos mais famosos dele foi:" roubo mas faço". Talvez isto tenha sido seu prego no caixão.
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