Cristina Demétrio para Lobato

 Cristina Demétrio para Lobato

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São José dos Campos, 14 de abril de 2019.

 

Querido Bentinho,

Espero encontra-lo bem!

Quero pensar que me fala de Nietzsche por saber, como bom amigo e conterrâneo que amo filosofia e acredite, pegou no meu veiado!

Antes de continuar quero pedir lhe  embirrachada, (desculpe o neologismo, mas vc também é bom nisso), que me perdoe a ingramaticalissima, visto que sou artista, não literata.

Sua carta me chega em boa hora, visto que a muito tenho lido em segredo Nietzsche, pois no mundo de hoje temos que ser sempre felizes. O que se faz? Uma Jeca, aqui do interior, que mal soube conduzir sua carreira de artista querendo desgramadamente entender um filósofo tão profundo.

Me sentindo centro de tudo, uma cabocla meio invocada, acredito que este pensador não era muito certo das ideias e viveu a debulhar suas incertezas sobre nós.

Sim! Você tem razão quando me diz que somos mais nós mesmos, quando o lemos, ele aborda coisas que nos levam a introspecção.

Gosto de ele ser um pecador, somos todos. Penso que uma cuiada de pensadores não o entende. Ta gostando de eu usar seus neologismos? Assim só     ‘’nois’’ entende! Acredito que se existe céu, é repleto de perdão, pois santos mataram e que o amor não vê estas coisas.

Veja bem seu ‘’sabe tudo’’, tanto que criticou os modernistas, e veja agora, eles valem milhões!!!!!

Gosto da desesperança dele, me fascina, como sabe tenho mesmo uma tendência ao drama, meus pensamentos insistem em caminhar sempre pela dor, como gotas se sorvo nesta minha vida estafetada… É no silencio que vivo isto e se esta dor, não fosse absorvida pela minha mente criativa e onírica, confesso que já teria dado um jeito de ir embora deste mundo.

Te confesso mais  e que fique somente entre nós, a dor é docê, ela me dá a percepção da minha existência, do tempo que dura muito mais quando a sinto, das frestas pela qual vejo do que os seres humanos são capaz.

E digo mais amigo Bento, são nestes horizontes que Nietzsche semeia que nos debruçamos a viver. Se nos afogaremos em guinholesca loucura, foda-se. A química que me pede e de que se fala hoje nos traduz a depressão, doença nova, coisa que no seu tempo a gente chamava de tristeza e o amor dos familiares curava.

Mas olha, me manda mesmo assim o seu livro, pois também vou te mandar algo aqui de 2019. Musicas, letras, noticias…

Daí vc me diz se Nietzsche não tinha razão!

Da amiga saudosa,

Cristina Demétrio

 

Bibiografia https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/15471/1/NAACardosoDISSPRT.pdf

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