Companhia Taubaté Industrial: o início
Conheça um pouco dos primórdios da CTI – Companhia Taubaté Industrial fundada em 4 de maio de 1891
1891
A maior indústria têxtil da América Latina no começo do século 20 foi constituída legalmente em uma reunião realizada no dia 4 de maio de 1891.
Articulador nordestino
O pernambucano Rodrigo Nazareth foi o homem que convenceu Felix Guisard a instalar a CTI (Companhia Taubaté Industrial) na cidade. Nazareth, ex-colega de seminário de Guisard, era o presidente do Banco Popular de Taubaté e garantiu a Guisard que aqui ele encontraria investidores e recursos energéticos para sua fábrica.
Empreiteiro das águas
Ficou a cargo do engenheiro Fernando de Mattos construir a primeira fábrica. Mattos, que era dono das empresas Companhia Norte Paulista e Edificadora Progresso, recebeu ações da CTI em troca da construção do prédio.
Capital rural
A instalação da fábrica aconteceu graças à participação de grandes fazendeiros; seis deles detinham mais de 70% das ações.
Divisão do poder
A CTI era gerida por três diretores:
– Rodrigo Nazareth de Souza e Reis era o presidente, que cuidava da administração dos negócios.
– Felix Guisard era o diretor técnico, responsável por fazer a fábrica funcionar.
– Valdemar Bertelsen era o diretor comercial, responsável pelas vendas.
Vendedor de Tecido
O dinamarquês Valdemar Bertelsen era dono de uma loja de tecidos no Rio de Janeiro. Entrou como acionista da CTI por indicação de Felix Guisard.
Um curso técnico
A Jeanne Guisard, esposa de Felix, coube ensinar às primeiras operárias da fábrica o ofício de costurar meias e camisas de meias. Guisard, dono do expertise técnico, instruiu os homens sobre como lidar com o maquinário importado.
Máquinas ligadas
A empresa começou a funcionar em janeiro de 1893 com 170 funcionários. A mão de obra era formada por gente de Taubaté e região e também de migrantes de outras partes do país.
Primeira casa
Em 9 de novembro de 1891, a família de Guisard se instalou definitivamente em Taubaté. A primeira residência ficava localizada nas proximidades do Convento Santa Clara. Anos depois, o terreno foi doado, e no mesmo lugar foi erguido o Asilo de Mendigos, prédio que atualmente abriga o Centro Cultural Municipal.
Afirmação feminina
A implantação da CTI deu às mulheres uma perspectiva de trabalho fora de casa. Elas formavam a maioria da mão de obra da fábrica.
Tudo em família
No cargo de diretor técnico, Guisard era auxiliado por seus irmãos Eugênio, João Batista e Teófilo, que eram respectivamente o mestre de fábrica, o encarregado do funcionamento da caldeira e o encarregado da produção. A segurança da CTI era feita por Leonnie Caillud, tia de Guisard. Ela, que morava em uma casa dentro da fábrica, tinha uma jornada dupla de trabalho. De dia costurava e à noite fazia a vigilância da empresa.
Mãe valente
Quem acabou com a primeira e única greve sofrida pela CTI foi uma senhora francesa, Dona Amellie. Mãe de Felix Guisard, ela pegou uma espingarda e expulsou da fábrica Maria Homem, a operária que liderava o movimento grevista. Para que o ato não se repetisse, tratou de colocar Maria no primeiro trem, para bem longe de Taubaté.
Incêndio
Em 20 de março de 1898, um curto circuito em um dos maquinários provocou um incêndio que quase transformou a CTI em cinzas. A tragédia só não se consumou graças a Felix Guisard Filho que, ainda menino, percebeu o fogo e soou o alarme que salvou a fábrica da destruição total.
Reclame com o bispo
Com dificuldades para receber da seguradora, foi graças à ação de D. José Pereira de Barros, um dos taubateanos mais influentes do século 19, que Guisard obteve um empréstimo no Banco do Brasil e conseguiu reativar a fábrica.
A Fênix Taubateana
Dez anos após o incêndio, os 370 funcionários da CTI produziam diariamente 4.000 metros de tecidos, 1.200 metros de cadarço, 750 quilos de fios, 1.200 camisas de meia, 2.400 meias, 1.200 toalhas, 44 meias sem costura e 36 xales de algodão. A qualidade do produto taubateano era reconhecida no mercado. A CTI havia decolado.