COMO NASCEU O ESPORTE CLUBE TAUBATÉ

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Pelos idos de 1914 as coisas não andavam muito bem para o “Taubaté Foot-Ball Club”, a entidade futebolística do Velódromo, que substituíra o “Taubateense”.

Fosse pelo impacto da guerra, por uma diretoria ineficiente ou outro qualquer motivo, na realidade, depois de brilhantes vitórias por toda região, o “Taubaté Foot-Ball Club” começou a declinar no seu entusiasmo e consequentemente nas suas atividades; se o futebol varzeano prosperava e fundavam-se clubes e mais clubes em todos os bairros e por toda zona rural do Município, ainda que, como jocosamente diziam “a sede fosse debaixo do poste” a verdade é que com a crise do Velódromo, o “Taubaté F. C.” estava nos seus derradeiros alentos e a própria praça de esportes da rua 4 de março.

Na Europa a guerra se desenvolvia incruenta: em Verdun, o herói másculo Petain escrevia com o sangue indômito de seus patrícios gauleses, a divisa imortal: “On ne passe pas”. Aqui não passareis! Não havia rádio e os jornais de São Paulo eram esperados diariamente na gare do Parque Dr. Barbosa de Oliveira e até arrancados das mãos dos jornaleiros. As emoções, os impactos determinados pelas notícias do torpedeamento de navios, indefesos navios mercantes brasileiros eram indescritíveis: se o “Jeca” nas roças, indiferentemente ouviu falar em guerra, mas receiosamente decidiu diminuir suas vindas à cidade, o “Juca Pato” das ruas lê jornais, avidamente, desdes as manchetes nas bancas, discute, “ergue as duas mãos fechadas” nas rodinhas de esquina, jura vingança e bate palmas e grita nos comícios e se sente também um estrategista como um técnico de futebol antes da guerra, a verdade é que o clima menos para o cabloco amedrontado e a certo modo displicente, era da maior tensão, do maior desassossego.

S.C. Taubaté. Álbum do tri-centenário de Taubaté

E voltemos para o Velódromo: Ao lado do campo, próximo ao grande portão de madeira da entrada havia uma casa rústica onde morava o zelador do campo, um senhor Moreira, mulato, pouco tratável, também conhecido por Moreirinha, mas que nada tinha que ver com o “velho” Moreirinha, nascido nas plagas das “arregueifas”, no Valongo, na “boa terra”, goleiro campeão do interior de 1926 e zelador “honoris causa” e permanente do Esporte Clube Taubaté.

Pois, o Moreirinha do começo do começo do século, ficou sendo por insinuação o “dono da bola” e fazia o que queria e quando queria, com o campo e com os jogadores.

Assim, se o “seu Moreira” quisesse haveria treino e se não quisesse a turma voltava para as suas casas, num tempo em que a diversão para os moços era futebol à tarde, cinema mudo à noite, eventualmente alguma companhia circense e no mais, “conversa de guerra”, serenatas e aos domingos uma brincadeira dançante na casa grande do dr. Barbosa!

E como haveria um jogo de certa importância, tratado com o clube de São José dos Campos, uma tarde em que a turma veio treinar, prelibando as sensações dessa partida que seria no dia 15 de novembro, além do aviso de que “não haveria treino” os moços encontraram um “aviso” afixado na parede, redigido pelo “dono da bola” escalando o quadro que jogaria naquela cidade. Como centro atacante ele mesmo, Moreira, se escalou! O homem não jogava bulhufas”.

Campo do E.C. Taubaté, construído no Largo do Convento, na atual praça Mons. Silva Barros.

Houve com a exasperação provocada pelas duas notícias um pequeno quebra nas instalações do velódromo e… não pegaram o Moreirinha, porque o mesmo vendo as coisas pretas… muscou-se em tempo!

Os participantes não voltariam mais ao Velódromo e naquela tarde por sugestão do Prof. Irito Barbosa se reuniram informalmente, para tratar da fundação do glorioso, respeitado e querido alvi-azul.

Irito Barbosa foi o presidente fundador do Esporte Clube Taubaté.

Falecido há quase 20 anos, o futebol taubateano ainda não prestou as devidas homenagens à sua memória, especialmente o E. C. Taubaté.

[box style=’info’] Oswaldo Barbosa Guisard (1903-1982) 

oswaldoFoi executivo da CTI, vereador e presidente da Câmara. Idealista, participou do grupo fundador da Semana Monteiro Lobato e por 30 anos foi seu principal divulgador, mantendo acesa a sua chama original. Batalhou com perseverança pela preservação e tombamento da Chácara do Visconde, local onde nasceu Monteiro Lobato. Sua fabulosa memória o levou a escrever o livro “Taubaté no aflorar do século, uma grande obra. [/box]

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