AMIZADE SINCERA – SAGA 1

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Texto de Renato Teixeira publicado na edição 716 do Jornal Contato

Quando anunciaram que havíamos ganhado o Grammy Latino de melhor álbum de 2015, fiquei feliz.

Eu e o Sergio Reis somos amigos há muitos anos, desde o começo da carreira.

Ele é o cantor que mais gravou minhas canções e a gente sempre se deu muito bem. O Sérgio tem seu jeito de ser e eu o entendo.

Desde que se transformou numa referência do universo sertanejo, resolveu diversificar a carreira e passou a se dedicar a negócios ligados ao campo.

Fazendas, hotéis fazendas, churrascarias, etc. Os shows agora se mantêm calçados nos sucessos musicais e no carisma de um nome consagrado pelo público.

A Som Livre queria um DVD comigo, com o Sérgio e com o Almir Sater e foram procurar meu irmão, Roberto, para que ele fizesse a aproximação. O Almir, como não gosta de fazer DVD, recusou. Então seriamos eu e Sérgio.

Naquelas alturas dos acontecimentos, eu já estava vivendo um bom momento no mercado, pois meu DVD “Ao Vivo no Ibirapuera” vendera mais de duzentos mil exemplares. O Sérgio estava vivendo um momento mais tenso. Sua carreira não estava sendo bem administrada pela agência que o representava.

Sua banda, depois de trinta anos tocando, havia cumprido o ciclo virtuoso e o que se via era um marasmo, uma paradeira, que estava deixando meu amigo de cabeça quente. Portanto, estava na hora de se fazer alguma coisa.

O projeto “Amizade Sincera I” começou sob a direção do mano Roberto que participou da formatação do produto.

Deu o nome e definiu o repertório. Mas, no meio do caminho havia uma pedra: a questão financeira acabou criando um impasse e o Roberto saiu do projeto. No dia da gravação, no teatro Bourbon, não tínhamos diretor. Chamamos uma produtora para nos dirigir, mas naquela noite ela já havia se comprometido com o show da cantora americana Marya Carey e mandou um assistente. Estava um caos.

De positivo, os cenários criados pelo Zeca Ratum, um nome de garantia, a luz feita pelo talentoso Luciano Costa e afinada pelo Danny Lohan, um inglês que mora em S. Paulo e faz luz para artistas como Sting, Rolling Stones e Paul Simon, entre outros. Um cara fera, muito fera. E o repertório segurando tudo, pois juntamos os meus sucessos com os do Sérgio e as gravações começaram. Foram dois dias de muito trabalho. No primeiro dia, sem público, gravamos as participações da Paula Fernandes e do Victor e Leo, nossos convidados.

No segundo dia, completamos o serviço. A pós-produção foi ainda mais caótica porque, sabe-se lá como, a verba destinada para bancar os custos havia sumido misteriosamente.

O Roberto saiu na hora certa, pois a produtora que tocou o negócio trancou todas as gravações dentro de um cofre e ficou esperando.

O cenógrafo seqüestrou o cenário e os músicos ainda não haviam recebido seus cachês. E tudo ficou parado por alguns meses até que meu agente, o Willian Wagner, resolveu agir: levantou financiamentos, limpou a área e o DVD “Amizade Sincera I” já poderia sair. Depois de editado e masterizado, ficou lindo e foi lançado.

Se transformou num campeão de vendas, ficando por vários meses nas listas dos mais vendidos em todo o país. A agenda de show do Sérgio voltou a crescer e começamos a fazer uma média de 50 “Amizade” por ano, além dos nossos individuais. Assim, apesar das dificuldades, conseguimos emplacar um produto de forte apelo popular e influente.

Eu e Sérgio ganhamos o Prêmio da Música Brasileira como a melhor “dupla sertaneja” daquele ano. Então, a Som Livre nos pediu o “Amizade Sincera II”, e a gente encarou. Mas aí começa outra história… ainda mais difícil. Conto a semana que vem.

 

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