Alda Garrido
Texto de Oswaldo Barbosa Guisard
A “Casa Grande” do dr. Barbosa ou de Dona Nogueira, passados os primeiros tempos da intolerância de ignaros que evitavam inclusive de “passar pela calçada da casa do anti-Cristo” foi aos poucos pelos méritos e pela educação do casal, pelas amizades conquistadas pelo grupo de jovens seus filhos, se tornando em um centro de reuniões de amigos e minha avó com seu coração boníssimo, não desdenhava da pobreza e da humildade de quem quer que procurasse sua casa.
Além de filhos e netos, criou os sobrinhos Julia, Colatina, Laura, Milota, Orozimbo e mais serviçais que ela tratava sempre muito bem, como Silvino, Irineu, “Nha Mariana”, “Paulina”, “Chicão” e “atachês” que ali compareciam por longo tempo associando-se à grande mesa, farta, das refeições e que habitualmente fóra das horas de almoço e jantar, estava sempre posta, com café, pão, sequilhos, chá, leite, etc. “Seu Nonato”, “Mariquinha”, Maria e Emerencia, Arthur Monteiro e outros mais que escapam à nossa lembrança, tipos humanos curiosos, originais, que, forneceriam cada um, os elementos para uma destas crônicas.
Certo dia, vindo do Rio de Janeiro, chegou à casa do dr. Barbosa, um jovem, alto, forte, moreno, basto bigode, dotado de certa altura, pintor de quadros e poeta. Estava em precárias condições financeiras. Foi recebido com a proverbial hospitalidade e as suas convições (sic) espiritualistas cimentaram uma longa amizade com os donos da casa. Seu nome: João Serapião Palm. Com a ajuda de seus hospedeiros montou seu pequeno “atelier” na rua Visconde do Rio Branco, num quartinho nas proximidades da atual “Filosofia”, para continuar a viver mal, como os artistas sem celebridades.
Algum tempo depois, namorou e ficou noivo e casou-se com a senhorita Amancia, filha de um sitiante do bairro da “Baraceia” vivendo felizes apesar das dificuldades econômicas.
Tiveram quatro filhos: Leontina, Alda, Rubens e Syr.
Dos quatro, Alda salientou-se pelos seus notáveis pendores artísticos e desde menina não somente na “casa grande” como em meio a festinhas sociais exibia com muita graça em declamação, cantos etc.
Foi uma autodidata de extraordinária interpretação no teatro amador.
O meu velho e querido amigo Afonso Vieira da Fonseca, trabalhou em teatro com Alda e desde os velhos tempos previa o seu futuro grandioso. Seria como foi uma das maiores glórias do teatro nacional. Alda casou-se com o ator Américo Garrido, filho do consagrado teatrólogo Eduardo Garrido. Não se esqueceu mesmo depois de famosa, de Taubaté. Sempre modesta e com humildade veio algumas vezes a Taubaté e Tremembé , visitando velhos amigos dos dias amargos.
E visitava com muito carinho sua madrinha que foi… minha mãe.
Já no opalescer da existência Alda Garrido desempenhou magistralmente um dos maiores papéis de sua vida teatral, quando viveu a figura profundamente humana, impressionante de “Dona Xepa”.
A “Semana Monteiro Lobato” e a Prefeitura de Taubaté, prestaram significativa homenagem à notável atriz, falecida há quatro anos, inaugurando inclusive no Jardim Mourisco a “Rua Alda Garrido”.
E, ainda devem existir, por esse mundo afora, como vi numa cidade sertaneja do setentrião paranaense há uns 35 anos, um quadro muito bonito a óleo com a assinatura que reconheci. “S. Palm”.
[box style=’info’] Oswaldo Barbosa Guisard (1903-1982)
Foi executivo da CTI, vereador e presidente da Câmara. Idealista, participou do grupo fundador da Semana Monteiro Lobato e por 30 anos foi seu principal divulgador, mantendo acesa a sua chama original. Batalhou com perseverança pela preservação e tombamento da Chácara do Visconde, local onde nasceu Monteiro Lobato. Sua fabulosa memória o levou a escrever o livro “Taubaté no aflorar do século, uma grande obra. [/box]
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3 Comments
Poxa e a primeira vez que vejo minha tia no filme dona Xepa sou muito orgulhosa dela, eu me lembro dela eu com uns 9 anos a gente ia muito pra Petropolis saudades tia nem me lembrava mais do seu doce rosto.
Bom dia! É sério que você é sobrinha da actriz Alda Garrido? O Américo Garrido era irmão do meu avô. Eu mandei uma mensagem para você no Facebook, agradeço resposta. Um abraço.
Excelente atriz minha tia, muito legal agora com internet a gente pode voltar pro passado e rever pessoas.
especiais eu tinha 11 anos quando ela se foi, senti demais sua falta foi com minha tia Alda que comecei a pensar na carreira artistica.Quando conheci o Carlos Imperial ele me convidou pra fazer parte do progama os embalos de sabado a noite,
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