A revolução dos resignados

 A revolução dos resignados

Houve um tempo anterior aos anos 1960 em que ao homem só restava resignar-se. Tudo na humanidade, até então, foi forjado nas limitações mecânicas impostas por profundas dificuldades relacionadas ao fato de faltarem muitas coisas ainda para serem inventadas ou aperfeiçoadas.

A partir do momento em que descobrimos o caminho dos ares, é chegada a hora da “vingança”. Numa espécie de evolução galopante os homens desenvolveram recursos sem os quais seria impossível continuar vivendo nos dias de hoje. “Estamos” virtuais; completamente “virtuais”.

Não somos mais o velho e bom planeta Terra dos nossos ancestrais. Sentimos efetivamente que, a partir de um determinado momento, um universo de novas possibilidades se abriu para todos os povos da terra, inclusive os mais primitivos. Ainda não sabemos direito o que fazer com esse mar de oportunidades que o mundo moderno oferece e, por enquanto, operamos tudo de maneira meio deslumbrada; mais à frente, as novas regras serão, sim, determinadas pelas redes sociais onde todos saberão definir seus principais interesses.

Mas nada poderá substituir o tête-à-tête, o cara a cara, o frente a frente. Estamos encantados pelas virtualidades disponíveis e é por isso que estamos vivendo entre telas nos dias de hoje.

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Quando essas inimagináveis (para a grande maioria dos resignados) conquistas da inteligência humana caírem na rotina e se organizarem apenas como um elemento a mais no dia-a-dia do planeta, uma nova realidade começará a acontecer efetivamente. Haverá um dia em que todos veremos a internet apenas como uma comodidade a mais em nossas vidas. Sobrará mais tempo para as relações humanas, com certeza.

Falta para essa nova sociedade interligada digitalmente estabelecer um caráter comporta mental desenvolvido à partir de um conceito que não seja banal, capaz de claramente definir um rumo a seguir para que a humanidade possa resolver as enrascadas tenebrosas que as gerações passadas nos legaram, como o preço pelo descaso por coisas essenciais como a vida diante da natureza, o existir, enfim.

A tecnologia está diretamente ligada ao saber, ao conhecimento, à pesquisa, à intuição, às coincidências e, portanto, não poderão ignorar a beleza sutil dos versos de um Vinicius, de um Pessoa, de um Drummond, de um Bandeira que possuem o dom de traduzir em palavras sutilezas que vascularizam o pensamento.

A ciência serve às virtudes do espírito humano. Assim, todas as limitações que impedem um convívio social inteligente e confortável serão superadas.

Tudo para Todos!

Abaixo a resignação

Renato Teixeira

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Publicado originalmente na edição 582 do Jornal Contato

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