As breganhas de relógios de Taubaté
Taubaté, velha e revelha de trezentos anos, como tantas outras cidades brasileiras, vem sofrendo também por sua vez, a “despersonalização”, achatando-se na vulgaridade, desmaiando nesse tom geral, onde fornece o original, o saboroso, o antigo.
Quem do Alto de São João, abrange com a largueza do olhar o casario e, no fundo, a Mantiqueira grandiosa vê, aqui e além, manchas de “modernismo”, difundindo na paisagem seu aspecto rebarbativo, de feiúra gritante.
Isto, porém, é a expressão tangível do que vai pela alma da cidade. A paisagem cultural mancha também de manchas perniciosas, que tudo invadem, sujam, escondem.
Surge, agora, contra a destruição, uma reação organizada. É a Sociedade de História e Folclore, grupo reduzido dos que não se envergonham, antes se encantam com expressões populares e as reminiscências históricas, onde se manifestem.
Não sei onde mais se encontra a consciência da nacionalidade senão nessas já celebradas fontes eternas, ainda que escondidas, corridas, e até renegadas.
Podemos, no entanto, admirar ainda nos arrebaldes antigos, usando sobreviventes de outrora: jogos infantis, quando a noite desce; e rezas e folguedos pela noite a dentro.
O que todavia, tem resistido é a “breganha”.
Continua…
Breganha: um pouco da História da palavra
Fotos: Paulo Camilher Florençano.
GENTIL EUGÊNIO DE CAMARGO LEITE -1900-1983
Mestre de latim, Português, história da civilização, francês e sociologia. Lecionou em Taubaté e Catanduva, a várias gerações, cuja inteligência e personalidade aprimorou. No magistério prestou serviços como diretor e inspetor de ensino.
Laureado jornalista, folclorista e pesquisador das nossas histórias e tradições, usos e costumes, foi um dos fundadores da “Sociedade de História e Folclore de Taubaté”, também ingressando em diversas instituições folclóricas do Brasil. Firmou também parceria com o músico taubateano Fêgo Camargo compondo várias obras ainda hoje conhecidas. Seu nome é citado em importantes dicionários de autores nacionais.
Admirado por Monteiro Lobato, em discurso proferido no Rotary Club de Taubaté, em 15/09/52, sobre o cinqüentenário dos Sertões, apresentou a idéia de instituir a “Semana Monteiro Lobato”.
A obra de Gentil de Camargo, esparsa em jornais e revistas foi reunida pela primeira vez no livro “Poesia e Prosa”.
(Fonte: Taubaté: de Núcleo irradiador de bandeirismo a centro industrial e universitário do Vale do Paraíba, de Maria Morgado de Abreu)