Renato Teixeira de Oliveira nasceu em Santos em 20 de maio de 1945. Passou a infância em Ubatuba e veio morar em Taubaté na adolescência. Aqui estudou no Colégio Diocesano Santo Antônio e no Estadão. Freqüentava o Taubaté Country Club (TCC) e é torcedor do Esporte Clube Taubaté.Queria ser arquiteto, mas acabou dedicando-se à carreira musical. Nos anos 1960 participou da banda Skema 1 que tocava nos bailes da cidade.Foi o locutor que estreou a programação da rádio Cultura, que pertencia ao mesmo dono da Difusora, rádio onde conheceu o turuna Arraiel Theodoro, que se tornou seu ideólogo musical.
“Eu sei falar de Taubaté melhor do que ninguém. Foi lá que eu fui criado, eu conheço tudo de lá, eu sei as reações, eu sei tudo das pessoas. Com isso o meu trabalho ganha força, quando eu começo a falar das coisas que eu sei, das coisas que eu vivi.” Renato Teixeira, Jornal da Tarde, 26/03/1984
Início da carreira em São Paulo
Dentinho e bituca
Em 1967, Renato Teixeira e Milton Nascimento foram lançados simultaneamente no show business por Walter Silva, o Pica-pau. Detalhe: Renato foi quem apresentou Walter a Milton.
Que leGal
Ainda em 1967, Renato participou do Festival de MPB da TV Record – espécie de “The Voice” da época – com “Dadá Maria”, defendida por uma tal Maria das Graças, futura Gal Costa. A canção não ganhou o festival, mas fez bem à carreira dos dois.
Compositor/competidor
Em 1968, Renato Teixeira tentou a sorte em todos os festivais disponíveis. Mas foi com “Madrasta”, composta em parceria com Beto Ruschel, que conseguiu sucesso. A canção foi interpretada por Roberto Carlos. Mesmo não ficando entre as finalistas, a composição ostenta o “prêmio” de ser a única música feita para Festivais que Roberto Carlos gravou em disco.
Empreendimento
Roberto vendia tanto, que só Madrasta rendeu a Renato e Beto, ambos de 22 anos, algo em torno de 50 mil dólares. Com sua parte, Renato montou uma produtora de jingles comerciais.
Músico do povo
Muita gente, desde o turuna Arraiel Theodoro até Walter Silva, que o lançou nos palcos, acreditava que Renato deveria “assumir de vez a sua personalidade de autor do povo”. A consumação veio em em 1977, quando Renato veria uma composição sua tornando-se um marco da música caipira/sertaneja.
Nossa!
Romaria, interpretada por Elis Regina, estourou nas rádios em 1977. Na voz de Elis, a mais prestigiada cantora brasileira de todos os tempos, a canção virou hino.
460+
Até 2007, Romaria havia sido regravada 460 vezes, segundo a revista Veja.
” Romaria com a Elis ajudou a quebrar o preconceito contra a música caipira. Porque era ela falando a palavra caipira, até então falar caipira era para xingar.” Renato Teixeira, Globo Rural, 11/01/2015
Sentimental eu fico
O disco “Elis” inclui ainda “Sentimental eu fico”, também de Renato Teixeira. “Merencória” só não entrou no repertório porque a cantora queria dar espaço para outros compositores.
O caipira pira
Listada entre as 10 músicas mais executadas de 1977, Romaria ajudou a alavancar as vendas do disco “Elis”, que não foi bem recebido pela crítica. O sucesso da música viabilizou a carreira de Renato Teixeira como compositor e intérprete. Mas o maior presente que Elis proporcionou ao cantor de Taubaté foi a perenidade da canção, consagrada nacionalmente.
“Nas conversas familiares dos Teixeira de Oliveira consta que a casa do Roberto [irmão de Renato] está com as paredes todas levantadas às (crase) custas de Romaria esperando que eu grave uma outra canção para botar o telhado. Eu não consigo olhar o Renato sem rir dessa história.” Elis, TV Cultura, 1982
Elis pela última vez
Na última entrevista concedida por uma bem-humorada Elis Regina, Renato Teixeira apareceu em vídeo para dar um recado à amiga.
“Queria dizer publicamente da minha gratidão e da minha estima por você por ter gravado e ter feito de Romaria um sucesso. Eu estava precisando naquela hora…” Renato Teixeira
“Acho que não fiz absolutamente favor algum. É aquela velha história: a gente dá o tiro, quem mata é Deus, cara. Se a música chegou aí, tocou e o pessoal até cantou junto, repetiu é por que alguma coisa tinha para que houvesse essa reflexão e essa cantoria em grupo.“ Elis Regina
Elis Regina morreu em 19 de janeiro de 1982, duas semanas após conceder essa entrevista, veiculada pela TV Cultura.