Que Alá nos proteja

 Que Alá nos proteja

 Por Teteco dos Anjos

Para vocês, uma estorinha que vem lá da Sardenha. Realíssima. Estávamos eu e um amigo músico numa confeitaria, ou padaria, ou sei lá que tróço era aquele, em Ólbia, cidade costeira do norte da ilha e pedimos ao garçon, ou atendente, ou sei lá que tróço era aquele homem magro e careca com quase dois metros de altura, enfim, um café e uma torta de frutas. O cara passou duas ou três vezes por nós e nem sequer olhou para nossa cara.

Então, alguns italianos e argentinos que estavam sentados próximos disseram que “ele”, o careca dos infernos, não iria nos atender. Motivo? Ele estaria pensando que éramos árabes. Eu e meu amigo estávamos barbudos e surrados e, de fato, parecíamos árabes. “Caraca… que preconceito com os árabes”, pensei. Claro que é passível de entendimento não ter simpatia com “terroristas árabes”, porém, ocorre que a maioria absoluta dos árabes ou muçulmanos não é terrorista e nem os apoia. O correto é não ter simpatia com terroristas de todo o planeta, ou de todo o infinito.

Teteco Terrorista
Teteco Terrorista

Enfim, deixando de lado esse complexo papo de preconceito ou racismo, toda aquela situação foi a deixa perfeita para que eu e meu amigo músico pudéssemos começar a brincar com a coisa absurda. Começamos a falar e gesticular como dois árabes. Obviamente que não falávamos nada com nada, só imitávamos o sotaque árabe, mas demos a entender que iríamos explodir o Vaticano. Os italianos e argentinos choraram de rir, e o careca então percebeu que éramos tão somente dois “brasiliani”. Aliás ‘due brasiliani mato della testa’… dois brasileiros doidos da cabeça. Então, sorrindo e pedindo desculpas, o estranho garçon nos atendeu.

Esses dias eu me recordava desse episódio com outro amigo músico e, com essa coisa das arábias na cabeça, chegamos a conclusão de que seria legal e divertido comprar um “camelo”, ou “dromedário”, para enfrentar o trânsito em Taubaté. Nos imaginamos até vestidos com roupas de tuaregues, aqueles homens do deserto. Sim, um camelo! Afinal, todos já devem ter percebido: está praticamente impossível estacionar em qualquer rua dessa nossa linda cidade. Ou é vaga para idoso, para deficiente, para táxi, para carro escolar, para disco voador… mas nunca há, de fato, uma vaga, digamos, comum.

Do deserto para Taubaté
Do deserto para Taubaté

Não me interpretem mal. Sou super a favor de que idosos e deficientes e outros tenham vagas preferenciais. Mas a coisa aqui ficou pra lá de estapafúrdia, pra lá de alucinante. Bem, um camelo poderia ser uma solução. Nunca ouvi falar que um tuaregue, pilotando um camelo, fora multado por estacionar em local proibido e tal.

Além do mais, imaginem o charme de poder montar um bicho tão belo, exótico e majestoso e vestido com turbantes e roupas de homens do deserto passear pela cidade num sábado à noite! Ou mesmo resolver as coisas do dia a dia com toda essa pompa!! Eu acho essa ideia super viável e empolgante.

Bem, agora falando sério, eu concordo plenamente, mais uma vez, com o presidente do Uruguai, o Mujica, que disse claramente, em relação aos refugiados Sírios, que a terra não pertence a ninguém, a nenhum estado. A terra pertence a todos. Está dito!!!  Que Alá nos proteja!!!

 

 

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Teteco dos Anjos, “músico, proto-poeta e jornalista” e com a cabeça cheia de ideias mirabolantes, escreve semanalmente, ou quando der na telha, no Almanaque Urupês[/colored_box]

 

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2 Comments

  • Muito legal como sempre Poeta!
    Parabéns!

  • Muito legal como sempre Poeta!
    Parabéns!

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