MEU AMOR – José Ezequiel de Souza

 MEU AMOR – José Ezequiel de Souza

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O Vale do Paraíba é celeiro de grandes escritores. Temos autores de todos os tipos e para todos os gostos. De clássicos como Monteiro Lobato e Cassiano Ricardo, à desconhecidos com seus nebulosos pseudônimos, o Vale construiu uma imensa rede de autores desde seus tempos mais remotos até os dias de hoje.

Pensando nisso o Almanaque Urupês passará, a partir de hoje (12 de janeiro de 2013), a divulgar os textos desses escritores na coluna DOSE LITERÁRIA. Postados sempre aos sábados, os textos servirão para divulgação de uma pequena fração do potencial literário da nossa região. Sempre que possível, os textos serão acompanhados de breve biografia do autor.

Começamos com textos do passado, publicados em livros e jornais locais e esperamos, com isso, valorizar a nossa memória literária e fomentar o surgimento de novos e bons escritores.

O texto inaugural, de José Ezequiel de Souza, fala sobre o amor, tema recorrente entre poetas e trovadores.
Almanaque Urupês

 

 

Publicado no jornal O Libertário, em 15 de fevereiro de 1925. Acervo DMPAH
O Libertário, em 15 de fevereiro de 1925. Acervo DMPAH

MEU AMOR*

Pisando os ultimos degráus do sonho

Vae meu amor deixando a juventude;
Inda canta, é verdade, mas supponho
Que estes lyrismos já lhe são virtude.

Pensativo, por vezes lhe componho
Uma canção de verso duro e rude;
Quero illudil-o e faço-me risonho
E elle canta e sorri mas não se illude.

Canta chorando; em lagrimas suspira;
Acompanha os accordes desta lyra
Findindo-se commigo n’um transporte.

Seu canto é triste; em lagrimas suspira;
Acompanha os accordes desta lyra
Fingindo-se commigo n’um transporte.

Seu canto é triste; o riso não é franco;
Si procuro alegral-o mais lhe arranco
Vozes pranteando o fim, gemendo a morte.

 

Una, 14-8-1924.

J. EZEQUIEL DE SOUZA

 

*A grafia original foi preservada

Publicado originalmente no jornal O Libertário, em 15 de fevereiro de 1925

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José Ezequiel de Souza
José Ezequiel de Souza

José Ezequiel de Souza (1895 – 1966)

Professor, jornalista e poeta, nasceu em Taubaté em 10 de abril de 1895.

Lecionou nas escolas rurais de Tremembé, Pindamonhangaba e Taubaté. Posteriormente, foi professor no Grupo Escolar Dom Pereira de Barros, onde foi diretor em diferentes oportunidades, lecionou no Ginásio Estadual de Taubaté, Ginásio Diocesano Santo Antônio, Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e Escola Técnica de Comércio.

Aposentado, foi convidado a fazer parte da instalação do Ginásio Municipal de São Luiz do Paraitinga, onde mais tarde encerraria suas atividades na área da educação, em 1964. Contabilizou 47 anos de atividades educacionais.

Foi colaborador de diferentes veículos de imprensa em Taubaté e voluntário no atendimento à idosos, por intermédio da Sociedade São Vicente de Paulo, até a sua morte, em 28 de setembro de 1966.

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