Longa Caminhada

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Por Alexandre Siqueira

Eu poderia começar esse texto dizendo “Há muito muito tempo atrás em uma galáxia muito muito distante…” mas me pareceu clichê demais começar a coluna assim apesar dela combinar perfeitamente sempre que preciso recordar algo pra escrever. E ai digo mentalmente: “Uau já faz tanto tempo assim ?”

Em meados dos anos 80 havia uma enxurrada de quadrinhos nas bancas, Homem-Aranha, Capitão América, Hulk, Superman, Os Novos Titãs, entre outros, chegavam às bancas recheados de aventuras destes que davam nome às revistas e de outros personagens que preenchiam as cerca de 80 páginas  do hoje enfadonho e inaceitável “formatinho” da editora abril. Mas naquela época era o que tínhamos. O acesso a revistas importadas era praticamente zero e só quem morava em São Paulo ou outras grandes cidades é que conseguiam essas pérolas a preços nada módicos. Conseguir informações sobre as pessoas que escreviam ou desenhavam as revistas era algo praticamente impossível. Acho que só fui saber qual era a aparência de Frank MillerJohn Byrne e George Perez quando a revista Wizard começou a chegar por aqui, já no final dos anos 90. O jornal Folha de S. Paulo tinha uma coluna semanal que vez ou outra publicava matéria ou entrevista com desenhistas e escritores e geralmente falava dos lançamentos mais relevantes da época na terra do Tio Sam. Uma saída pra quem buscava mais informações sobre o que acontecia pelos EUA eram os fanzines, mas também não era todo mundo que tinha acesso a eles e no geral vivíamos nas trevas com relação a informação. Encontros entre aficionados por quadrinhos eram só de amigos e ainda assim eram poucos os que gostavam. Lembro de uma vez ir à Gibiteca Henfil, quando ela ainda era na Biblioteca Infanto-Juvenil Viriato Corrêa, e lá encontrar uma galera maluca por quadrinhos e Star Trek e a isso se resume esse período.

Hoje tudo mudou a informação está a apenas um clique de nós em nossos laptops, tablets e celulares. Acompanhar o que John Byrne, George Perez ou Frank Miller fazem é mais rápido do que escrever esse texto.

Atualmente o mercado editorial é muito mais amplo, os lançamentos não se resumem mais aos formatinhos e as tesouras impiedosas mutilando as histórias originais. Hoje somos respeitados, temos relançamentos que nos permitem ler as obras como elas originalmente foram feitas e até podemos encontrar ou pelo menos ver de perto esses escritores ou desenhistas.

O Brasil definitivamente entrou na rota dos eventos grandiosos de cultura pop e quadrinhos, após passarmos anos vendo fotos de eventos como a San Diego Comic-Com e a New York Comic-Com, hoje temos grandes eventos dedicados aos fãs da nona arte.

Em 2013 a FIQ – Feira Internacional de Quadrinhos, que acontece bienalmente em Belo Horizonte, teve a presença de George Perez, desenhista de Crise nas Infinitas Terras, Os Novos Titãs e Os Vingadores; em 2015 na Comic-Com Experience, o mestre Frank Miller, de obras magnificas como Cavaleiro das Trevas, A Queda de Murdock, Ronin e Sin City, estará presente no evento, além dele Jim Lee, de X-Men, Batman, Wildcats, e Mike Deodato Jr., o brasileiro que atualmente é considerado o melhor desenhista da Marvel Comics. Quem sabe algum dia John Byrne também esteja entre nós.

Sim meus amigos a caminhada foi longa mas ela valeu a pena. Pra nós que somos mais experientes (pra não dizer velhos) foi uma honra desbravar esse caminho, ajudar a consolidar um mercado que sempre foi cambaleante e fazer com que as novas gerações pudessem conhecer, tomar gosto e desfrutar do que de melhor existe na arte do entretenimento.

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Alex Siqueira

Alex Siqueira assistiu a estréia de Star Wars, ficou mais chocado com o final de “A Ira de Khan” de que com a eliminação do Brasil na Copa de 82, achou que o Telejogo era ficção científica e desconfia das intenções dos executivos da Marvel.

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