Essa tal “Economia Criativa”

 Essa tal “Economia Criativa”

Por Felipe Rezende (Ifi)

Olá, é a primeira vez que escrevo por aqui. A convite dos amigos do Almanaque Urupês vou poder trazer algumas ideias sobre o campo de pesquisa em que atuo. São questões pertinentes a cultura, a economia e a criatividade. A ideia é traduzir isso em termos práticos de olho nos potenciais de desenvolvimento da cidade. Convido a todos para refletirmos juntos!

Felipe Rezende discute economia criativa no Prosa no Museu
Felipe Rezende discute economia criativa no Prosa no Museu

Pode parecer, e às vezes reclamamos por isso, que vivemos em uma cidade pequena, mas se pensarmos que Taubaté, uma das primeiras vilas oficiais da colônia, figura em 90º lugar no ranking das cidades mais populosas do Brasil, considerando que são 5770 cidades no país, podemos dizer por comparação que, no contexto nacional, a nossa cidade não é tão pequena assim. Ocorre que pouco mais de trezentas cidades brasileiras tem mais de 90 mil habitantes. No índice de Desenvolvimento humano, por exemplo, estamos em 40º lugar. Estrategicamente localizada em posição geográfica privilegiada desde os tempos da colonização portuguesa, o desenvolvimento da cidade foi marcado por ciclos econômicos que ao longo do tempo desenharam seus aspectos físicos e socioculturais tendo sido a economia um aspecto predominante nessa evolução. Atualmente, conta com um parque industrial e tecnológico de grande expressão para a indústria nacional e um grande numero de campos universitários que atraem milhares de estudantes de todo país, o que também acaba influenciando sua diversidade cultural.

Vista panorâmica de Taubaté
Vista panorâmica de Taubaté (Almanaque Urupês)

Poucas cidades tiveram papel central nos tempos da exploração do ouro, no tempos das fazendas e barões do café, sem contar que foi o berço da industrialização no Vale do Paraíba, o que indica com que intensidade ocorre a transição de capital na região. Talvez por isso é que quando caminhamos por suas ruas centenárias não percebemos mais com tanta clareza essa história. Encontramos um casarão ou outro geralmente em condições ruins lado a lado com edifícios novos. A cidade é um espaço de interação de múltiplos interesses que estimulam um processo de reconstrução permanente, muitas vezes de forma desordenada.

Estação de Taubaté, tempo ruim para o patrimônio
Estação de Taubaté, tempo ruim para o patrimônio

Não é de hoje que o mundo vive uma transição de paradigmas. A sociedade industrial implantou um sistema conturbado e que se mostra insustentável do ponto de vista dos impactos ao meio ambiente e a falência da qualidade de vida nas cidades. Essa transição é marcada pelo surgimento da chamada sociedade da informação, ou melhor, do conhecimento, onde existe uma ênfase cada vez maior no setor de serviços e no consumo de bens imateriais como os símbolos estéticos e a cultura, por exemplo.

Segundo Richard Florida, nesse cenário é que se dá o surgimento de uma nova classe: a Classe Criativa. Seriam todos os profissionais que tem seu trabalho baseado na criatividade, ou seja, atividades onde a criatividade é a matéria prima principal. Como uma luz do fim do túnel, o conceito de Economia Criativa ganhou foco nos últimos anos representando uma nova forma de identificar os potenciais que podem representar uma vantagem para o desenvolvimento econômico de uma região.

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O conceito original nasce na Austrália, toma corpo com iniciativas do governo do Reino Unido e têm seu arcabouço teórico inspirado por teorias da década de 60 sobre a indústria cultural.

No Brasil, são 14 atividades núcleo constituindo uma cadeia produtiva que ao todo, mensura-se representar 18% do PIB nacional. São considerados, a Arquitetura, Design, Moda, Publicidade, Radio & TV, Cinema, P&D, Biotecnologia Expressões Culturais, Telecom, Mercado Editorial, Artes Cênicas, Artes Visuais e Música.

Percebe-se que opera em um espectro bem amplo do mercado. Resta entender se essas atividades realmente podem levar ao desenvolvimento cultural, social e sustentável da cidade ou intensificar a presente sociedade de consumo. A proposta dessa coluna é buscar na cidade de Taubaté onde se encontram esses potenciais, investigar como se dá esse conceito na prática e lançar um olhar sobra as alternativas econômicas que podem trazer melhorias para a qualidade de vida das pessoas.

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Felipe Rezende é Arquiteto, artista plástico responsável pela “Casa Oficina” e mestrando em economia.

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