Enquanto Narcos não volta
A série En la boca del Lobo, disponível no Netflix, relata a história do tráfico pela perspectiva do Cartel de Cali, que sucedeu ao de Medellín como potência mundial do pó
Texto de Pedro Venceslau publicado na edição 709 do Jornal Contato
Enquanto a segunda temporada de Narcos não estreia, os desdobramentos da épica história do traficante Pablo Escobar podem ser conferidos em duas boas séries disponíveis no Netflix. A primeira delas é, na verdade, uma novela colombiana: “Pablo Escobar – o senhor do tráfico”. Os 70 capítulos são bem produzidos e contam com um protagonista nativo que não perde em nada para Wagner Moura. A narrativa começa na infância de Escobar e avança de forma linear até sua morte. A outra atração sobre o tema é a série En la boca del Lobo, que relata a história do tráfico pela perspectiva do Cartel de Cali, que sucedeu ao de Medellín como potência mundial do pó. Enquanto Narcos optou por usar um agente do DEA como fio condutor e O senhor do tráfico usou a voz do próprio Escobar, En la boca del lobo escolheu como protagonista o homem responsável pela queda do Cartel Cali.
Baseada no livro À Mesa com o Diabo , a história do homem que desmantelou o Cartel de Cali (Editora Objetiva), de William C. Rempel, a série mostra a trajetória de Jorge Salcedo, um sujeito respeitado e pai de família que recebe uma proposta de trabalho dos chefões do cartel de Cali. Apesar de ser “bem-intencionado”, ele se torna o responsável pela segurança do chefão do Cartel de Cali, uma das maiores organizações criminosas do mundo e rival do Cartel de Medellín. Depois de anos fazendo vista grossa para a brutalidade do mercado da cocaína, Salcedo recebe uma ordem que não pode cumprir nem desobedecer. A série começa em 1995 e apresenta os chefões de Cali, que derrubaram Escobar com ajuda dos Estados Unidos,como os novos bilionários da droga.
A produção, bem mais modesta que a de Narcos, em alguns momentos chega a ser tosca. Por algum motivo que ainda não desvendei, os nomes reais dos envolvidos foram trocados por outros fictícios. Eis que Pablo Escobar se torna Flávio Escolar e o ministro da Justiça, Rodrigo Lara Bonilla, é chamado de Roberto Lara Penila. O temido chefão de Medellín, diga-se, aparece poucas vezes e sempre nas sombras, meio de relance. Os agentes do DEA, que em Narcos são os heróis da trama, En la boca del lobo são coadjuvantes sem nenhum carisma. Apesar dos problemas, a série consegue manter um bom ritmo já que, como nas outras, conta uma história real que supera a ficção.
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Pedro Venceslau é Editor do Jornal Contato e repórter de política do jornal O Estado de S. Paulo [/colored_box]
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