Fazer História – apenas no sentido de estudá-la – é algo bastante interessante, pois, a partir desse momento as coisas passam a ser vistas e interpretadas de uma nova maneira… Veja se eu consigo ser mais clara: quando alguém não ligado à área de humanas assiste a um filme, só para citar um exemplo, classifica-o como bom ou ruim, mas se surge um historiador, normalmente o chato da história, logo aparece uma série de críticas: “O filme não obedeceu à cronologia dos fatos”; “Fulano fez uma apologia ao capitalismo” (para os adoradores de Marx) ou então, “Quanta bobagem… esqueceram-se do contexto histórico?!”.
Caso você tenha feito História, Filosofia ou pertença a qualquer outra área parecida deve ter se enxergado ou pelo menos ter visto alguns de seus colegas nestes comentários.
Chatice ou não, o que importa é que muitas dessas discussões, ao contrário do que possa parecer, geram grandes divertimentos.
Com os ânimos geralmente exaltados, muitos gostam de exibir o quanto sabem, outros gostam de discordar apenas pelo simples prazer de discordar, isso talvez, pelo gosto da arte da argumentação. Lançam-se teorias absurdas, outras não… Ao citar esse fato fica quase impossível não lembrar as diversas aulas na faculdade que foram gastas com essa estranha maneira de se divertir.
Mas o que importa, seja pela busca de uma teoria mais coerente ou pela problematização de uma obra e até mesmo da realidade, é que nos tornamos seres pensantes e críticos. Lembrando que criticar não é simplesmente falar mal de alguma coisa!
Hoje, seja por falta de prática ou de tempo muitos deixaram de pensar e tornaram-se reprodutores de ideias alheias… Posso dizer com certeza que a sociedade está precisando de boas doses de História e Filosofia.
Nossa cabeça, por vezes, parece um cesto de lixo quase cheio: dizemos que não cabe mais nada mas se de repente alguém força a entrada de algum conteúdo (normalmente algo menos útil), uma música ou até mesmo uma novela que todos não param de falar, aquele conteúdo entra e pra sair… Nossa, é um sufoco! Ficamos impregnados de coisas que não sabemos o porquê entraram, não vemos utilidade para aquilo e gastando tanto tempo com essas coisas falta com outras que poderiam ser úteis.
Sabemos que a grande maioria das pessoas (assim como eu!) adoram ver as chamadas “porcarias” da TV e da Internet mas o que importa mesmo é se dedicar pelo menos um pouco ao hábito de questionar e passar a pensar a respeito do conteúdo dos produtos que consumimos.
Agora em época de campanha eleitoral, o que será que vence: o conteúdo e a proposta ou a propaganda? Pois é, sabe aquelas músicas que grudam na cabeça feito chiclete e te fazem decorar os números dos candidatos? Posso estar errada, mas o apelo é sempre muito maior para as músicas. Ou seja, mais vale a música divertida ou grudenta do que as propostas ou as intenções.
Antes de nós sairmos culpando os candidatos resta mais uma divagação: será que a maioria da população absorve mais do quê a simples música? Não falo nesse momento em capacidade intelectual, pois, parto do princípio de que todos são dotados dela, mas falo mais precisamente em vencer as barreiras da preguiça intelectual para ouvir além dessas músicas.
Muitos candidatos não sabem ao menos as atribuições de seus cargos, mas talvez pensem: “O que importa o povo também não sabe!”. Sempre reclamamos de tudo e preferimos dizer que o nosso país ou cidade é sempre muito mais atrasado se comparado a outros lugares e, além disso, somos dotados de uma rejeição quase nata à política e a explicação é quase sempre a mesma: “Político não presta!”. Sair da superficialidade dos fatos faz-se necessário já!
Toda mudança começa em uma alteração de postura e de comportamento e, por isso, quando se prega qualquer tipo de melhoria há sempre uma preocupação na área educacional, mas, nem o melhor professor do mundo é capaz de educar alguém que não queira ser educado, acima e antes de tudo é necessário vontade…
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Fabiana Cabral Pazzine é professora de história. Pesquisadora de História Cultural e Social.