Ditaduras escancaradas

Políticos, artistas, professores, sub-delegados, médicos e até os porteiros do bispo Dom Borja do Amaral estão entre os taubateanos fichados pelo DEOPS entre os anos de 1920 à 1980. Na listagem do governo nem membros de famílias tradicionais da cidade como os Guisard escaparam da vigilância do Departamento.

Comerciante

Israel Guisburg, patrono do SESC Taubaté, foi vigiado pelo DOPS desde de 8 de julho de 1952. A alegação da vigilância era que o comerciante ainda quando estudante “fazia o jogo dos comunistas”. Também em sua ficha é citada a participação dele em comunicado publicado no jornal “A Tribuna” promovendo à ida do prof. Mário Schemberg (considerado comunista) à conferência “A maior aspiração de todos os povos”.

Ex-prefeitos

Guido Miné, prefeito de Taubaté de 1969 à 1973, foi “acompanhado” por ter ligação com o deputado federal Plínio de Arruda Sampaio. Pesa ainda sobre ele a acusação de que em seu Comício na última campanha à prefeito da cidade fez pronunciamentos “esquerdistas” e que teria viajado à Venezuela, para aprender técnicas de guerrilha.

Félix Guisard, fichado desde 18 de setembro de 1946 é taxado como integralista. Seu registro de nº 70.338 traz seu nome escrito como Feliz Guisard.

Artista

A apresentadora Hebe Camargo foi monitorada pelo DOPS desde 1947. O acompanhamento de suas atividades começou quando  ela assinou manifesto contra a cassação de mandatos. A taubateana também é citada por ter participado de manifesto contra a Lei de Segurança e Imprensa e por ter, segundo testemunha, consumido “pó do sonho” (conhecida hoje como cocaína).

Ex-vereadores

Wilson Alves de Carvalho era acusado por ser autor de livros comunistas e por receber jornais comunistas. Era considerado “espertinho” pelo DOPS por segundo eles, ter se filiado a um partido (UDN) oposto às suas idéias.

Humberto Puccinelli tem citado em seu prontuário o seu apoio ao prefeito Jaurés Guisard (considerado comunista), sua promoção à campanha contra o Hospital Santa Isabel e por ter como presidente da Associação dos Funcionários Municipais levado seus associados à greve.

Renato Feres, vereador eleito em 1963 foi indiciado por ter feito pronunciamentos marxistas na Câmara de Taubaté e por ter participado da fundação do núcleo taubateano da Frente de Mobilização Popular.

No prontuário de Oswaldo Barbosa Guisard, ex-vereador e chefe de gabinete de Juarés Guisard, consta que suas atividades “subversivas” estão evidenciadas em artigos que escreveu para o Jornal A Voz do Vale e por ter sido colaborador do comunista Hermínio Sacchetti.

Também estão fichados pelo DEOPS o escritor Monteiro Lobato, o ex-prefeito Juarés Guisard e o poeta Gentil de Camargo considerado pelo governo dos anos 40 como comunista muito perigoso.

Entre os vigiados pelo Departamento, um dos poucos para quem foi expedido atestado de comunista foi o socialista Eugênio Guisard (pai de Juarés e Oswaldo citados acima) que tem entre os seus “delitos” ter participado de reunião em maio de 1933 onde foi tocado o hino da Internacional Comunista.

[box style=’info’] Acesse os arquivos do DEOPS no site oficial: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/memoriapolitica/[/box]