O livro Monteiro Lobato ou Comunismo para Crianças foi lançado em 1957 em Salvador, obra escrita para denunciar a “influência” insidiosa de Monteiro Lobato sobre as crianças brasileiras.
O livro foi endereçado às famílias e colégios católicos de Salvador, especialmente a Associação de Pais de Família do Colégio das Mercês, ou, nas palavras do autor, Padre Sales Brasil: “escrevo principalmente para os católicos”. O Secretário de Educação do Estado assina outra das notas prefaciais, recomendando o livro como destinado a fomentar “um debate da maior importância para o esclarecimento dos educadores católicos, em torno de um dos escritores mais ilustres e populares do Brasil”
Comunismo para Crianças é o desdobramento de uma conferência realizada na Associação de Funcionários Públicos de Salvador em novembro de 1956, repetida na Assembléia Legislativa do Estado no mesmo mês.
Nas palavras de Rubem Nogueira, deputado da Assembléia Legislativa da Bahia, “Escritor de muitos livros e, sobretudo, escritor hoje consagrado nas preferências do grande público, poucos são entretanto os que podem suspeitar os males que se escondem nos livros de Monteiro Lobato”
Um grande fã do livro era o bispo de Taubaté, Dom Francisco Borja do Amaral. Inspirado pelos escritos do padre Sales, o bispo tentou se livrar de Lobato de uma forma inusitada; segundo o historiador José Carlos Sebe, “O bispo de Taubaté proibiu a leitura dos livros de Monteiro lobato e programou um alto de queimada dos livros. E quem tinha livro do Monteiro Lobato tinha que trazer para ser queimado, foi quando saiu o livro do padre Salles sobre o comunismo para crianças. Isso foi o grande motivo, então dessa fogueira”.
Nem a morte impediu Monteiro Lobato de incomodar. Até os dias de hoje.