Casa Mal Assombrada
Leia o que assustava os moradores de Taubaté em maio de 1908
Curiosidade Pública
Está na ordem do dia o caso da assombração, que há dias traz o espirito publico preocupado.
Em toda a parte se faz commentarios sobre o caso, e as noticias correm, cada qual mais desencontrada.
O major Leopoldino de Abreu, que reside com sua familia na casa da rua de S. José, esquina da do Sacramento, de sua propriedade, tem contado a varios amigos cousas estranhas, sobrenaturaes, que se passam no interior de sua residéncia.
Dizem que, estando a familia uma vez á mesa, em occasião de refeição, ouviu-se forte pancada por bairo da masa, abalando os pratos.
Ouvem na casa barulhos inexplicaveis, quedas de objectos [ilegível].
E, si alguem falla zango, é peor.
Uma vez o major collocou sobre uma mesa um papel, penna e tinta, tendo encontrado depois escripto um bilhete que lhe era dirigido.
Um de seus filhos, ao ouvir um ruido, exclamara “Quem sabe se elle tem fome e quer comer”.
Mal acabou de pronuncuar essas palavras o ruido augmentou de intensidade em um quarto, de onde foi jogado um pão por mãos mysteriosas.
Até hoje não se explicam as causas do mysterio e dizem que ha mais de um mez que começaram essas manifestações.
Muita gente curiosa tem se agglomerado nas esquinas proximas á casa, commentando os factos até altas horas da noite.
Fez bem o dr. delegado enviando praças para dispensar o povo, obstando-se assim certas inconveniencias que ali já se tem dado e que podem motivar facilmente conflictos.
Por um triz que não houve um facto grave nas immediações da casa.
Já era tempo de acabar-se com o ajuntamento de povo ali, facto este que só desabona uma cidade quê se diz civilisada.
Publicado originalmente no Jornal de Taubaté de 17 de maio de 1908