As nossas 10 maravilhas
Igreja do Pilar
Prédios da CTI
Taubaté Country Club
Sitio do Pica Pau Amarelo
O Cristo
Igreja de Santa Terezinha
Convento Santa Clara
Bica do Bugre
Mercado Municipal
Teatro Metrópole
Essa lista me vem na cabeça sem que eu tenha que ficar pensando muito. São algumas evidências comunitárias que a gente nem percebe o quanto são importantes e significativas. Uma cidade precisa ter “o que amar”.
Sem esse tipo de avaliação nunca iremos preservar nossa memória com a seriedade que todo sujeito de bem precisa ter em relação ao patrimônio coletivo. A Vila Santo Aleixo, o asilo Casas Pias e a Casa da Lavoura, por exemplo, estão aí expondo as entranhas para que todos vejam como pessoas inconscientes podem destruir uma cidade. Na verdade nesses imóveis percebe-se um pouco o jeito de pensar que caracteriza a coletividade; uma parte querendo lucrar simplesmente, ironizando os que cultivam sentimentos afetivos pelo espaço urbano.
Esses agentes são ignorantes com iniciativa, uma condição perigosa. São pessoas que usam a multidão como esconderijo e quase nem são percebidos.
O lado que defende os interesses afetivos da comunidade, esse quase que não se manifesta. A maioria da população sabe que a missão é criar condições para usufruir das benesses que à cada dia ficam mais acessíveis no planeta. Se você quiser, você pode. Muita gente já sabe disso; por sinal, nunca tantos souberam tanto sobre tudo, como agora. Todo dia três brasileiros ultrapassam o primeiro milhão de reais.
Se aliarmos às nossas conquistas o equivalente em desenvolvimento d’alma teremos o equilíbrio social, que faz das cidades lugares dignos de se viver.
Preservar a memória através da preservação arquitetônica, por exemplo, impregna o ambiente com memórias relevantes. Isso faz bem para todos.
Elegermos os pontos intocáveis da cidade, elegendo-os oficialmente patrimônio das gerações taubateanas, pode-se, quem sabe, equilibrar as forças antagônicas. Sabemos, por exemplo, que no Convento Santa Clara ninguém jamais irá mexer. Já a Bica do Bugre, coitadinha, está lá espremidinha e já quase invisível para quem passa. O Cristo está cercado por torres de TV. A Igreja do Pilar soa como um atentado às pretensões da engenharia predatória que, com certeza, construiria ali uma prediozinho de escritórios.
Eu fiz minha relação e estou disposto a morrer por ela! Faça a sua e somemos tudo para definirmos as dez maravilhas taubateanas. Será que alguma ONG se dispõe a bancar essa iniciativa?
Passe um email para o Almanaque listando suas preferências e vamos deixar claro para os especuladores quais são os lugares que não poderão ser tocados, em nome da nossa história. A consciência coletiva tem poderes para enquadrar os maus cidadãos.Faça sua lista!
(Sei que estou delirando propondo uma coisa dessas, mas o que seria do mundo sem esse tipo de gente como eu que vive querendo restaurar o irrestaurável?)
Renato Teixeira
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Publicado originalmente na edição 584 do Jornal Contato