A Semana de Museus no Brasil e em Taubaté
Dia 18 de maio é o Dia dos Museus. A data é mundial e foi instituída pelo Comitê Internacional de Museus (ICOM) com o objetivo de chamar a atenção da sociedade e do público para a importância dos museus, que são as instituições responsáveis por preservar a história e a cultura da humanidade.
No Brasil, a data foi mais efetivamente comemorada a partir de 1997, quando foi criada a Semana dos Museus. Esse evento foi criado pela Universidade de São Paulo com o objetivo de “[…] promover o debate público a cada dois anos, sobre temas relativos ao cotidiano dos museus, chamar a atenção do público em geral para a importância dessas entidades e propiciar o intercâmbio com a comunidade, seja especializada ou não”.
Pela exposição dos objetivos da criação da Semana de Museus percebe-se a intenção de reforçar e ampliar as proposituras já expressas na criação do dia mundial de museus.
Em 1997 eu estava lá. Fiz parte, se assim se pode dizer, desse momento histórico dos museus no Brasil. A Semana de Museus começou bastante tímida, como eu própria naquele período em que era estudante iniciante do curso de História na USP e perseguia avidamente todas as oportunidades de aprimoramento da minha formação. Lembro muito bem de ter assistido as palestras da programação e de ter feito a visita aos bastidores do Museu Paulista promovida também como parte da programação. Subi até no telhado do museu! No final de semana houve uma reunião na sala do conselho universitário para avaliar o evento e eu também estava lá.
Após a finalização da minha formação inicial de graduação em História enveredei pelos caminhos da História da Educação, da História da fotografia e da Cultura, mas nunca abandonei totalmente o gosto pelos museus. Assim, participei da criação do pólo do sistema de Museus na região do Vale do Paraíba, mesmo sem ter nenhuma ligação efetiva com nenhum museu e acompanhei durante anos as programações das Semanas dos Museus e o seu desenvolvimento ultrapassando os limites da capital de são Paulo e da USP. Vi a Semana dos Museus se tornar nacional. Nessa perspectiva, com o tempo o IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus vinculado ao Ministério da Cultura e com sede em Brasília, assumiu a organização da Semana de Museus. Desse modo, muita gente não sabe, mas a Semana dos Museus foi criada lá na USP em 1997….. bem antes de 2003! Bem, mais um dos lapsos da História. Não é, portanto, exatamente uma novidade, o caráter de novo é dado pelo formato remodelado.
Houve um intervalo de cinco anos entre a realização da primeira Semana dos Museus, da qual participei como estudante e a retomada da realização do evento em 2003, com idealização do Departamento de Museus (Demu/Iphan), atual IBRAM, quando contou com a participação de 57 museus, os quais realizaram cerca de 270 eventos em 36 cidades brasileiras. A participação dos museus vem aumentando cada vez mais. Em 2012, as dez edições da Semana de Museus totalizam mais de 5.000 participações e aproximadamente 15.700 eventos realizados em todo território nacional.
Da primeira Semana dos Museus realizada pela USP à 11ª. edição, que será realizada esse ano, as mudanças mais significativas forma a adoção anual de uma temática norteadora do evento e a estruturação ramificada, a partir da qual os museus organizam suas próprias programações e as cadastram no IBRAM que se responsabiliza por fazer uma divulgação de âmbito nacional. Atualmente a Semana de Museus consolidou-se como um importante evento anual na área de Cultura. Este ano, a meta é dar continuação à mobilização dos museus brasileiros a desenvolver atividades especiais (como exposições, palestras, oficinas, seminários, ações educativas) em torno do tema Museus (Memória + Criatividade) = Mudança Social. Os resultados dessa mobilização são, principalmente, a sensibilização dos museus e da comunidade para o debate sobre temas da atualidade e o incentivo à visitação aos museus, contribuindo para a aproximação entre a sociedade e os museus.
Em Taubaté, apesar de quantidade significativa de Museus e da existência de uma Divisão de Patrimônio e Museus à qual os cerca de dez museus da cidade estão ligados, a iniciativa de propor uma programação e de participar da Semana de Museus partiu do Museu Histórico e Pedagógico Monteiro Lobato, conhecido como Sítio do Pica-pau Amarelo. Louvável iniciativa de Tina Lopes, competente responsável por esta instituição, que manteve a participação do Museu no evento durante anos, seguida pelo Museu de História Natural que também promoveu programação vinculada a este evento.
Assim, anos mais tarde de ter participado da primeira Semana dos Museus no Brasil ainda como estudante, fui convidada em 2009 para palestrar na 7ª. Semana de Museus. Realizei a palestra entre surpresa e feliz, tanto pelo convite quanto pela oportunidade de falar a respeito de um assunto pelo qual tenho tanto apreço que é o museu. O tema deste ano era a relação entre Museus e Turismo. Temática polêmica que rendeu uma boa discussão. Fiquei orgulhosa de poder participar da Semana de Museus na minha cidade.
Agora em 2013, outra grata surpresa. Além do Museu Histórico Pedagógico Monteiro Lobato, o Museu Histórico de Taubaté, fundado, aliás pelo museólogo, historiador e fotógrafo Paulo Camilher Florençano que nomeia o museu e que completaria este ano o seu centenário, também passou a aderir ao evento. E, após um intervalo de dois anos fui novamente convidada a integrar a programação que agora engloba os dois museus. Dessa vez tenho a honra de integrar a programação ao lado de profissionais da cultura e da história que atuam em Taubaté e que eu respeito muito: a paleógrafa Lia Carolina Prado Alves Mariotto e Amanda Oliveira Monteiro. E o ciclo vai se fechando, pois esta última, que foi minha aluna no curso de História da UNITAU trabalha há anos no Arquivo Histórico de Taubaté e agora está terminando o mestrado na USP. Além destas, integram a programação também os empedernidos membros do Preserva Taubaté. Espero um dia poder ver todos os museus de Taubaté participando deste evento. Gostaria aqui, também de louvar a iniciativa do novo diretor da Divisão de Patrimônio Histórico de Taubaté, Wanderlan Ramos de Carvalho Filho, que, não só promoveu finalmente a adesão do Museu Histórico de Taubaté ao evento como também deu a oportunidade de jovens historiadores em formação que atuam como monitores no Museu de participarem da organização do evento, permitindo-lhes assim, um grande aprendizado. Carol Machado e Maurício Pereira de Souza, a vocês, se me permitem os demais leitores, os meus cumprimentos e a minha confissão de que reconheço em vocês a estudante cheia de esperanças e planos que eu fui.
Espero sinceramente que Taubaté, que é uma cidade com tantos museus e, inclusive de diferentes tipos (histórico, artístico, pedagógico, etc.) assuma assim o seu lugar de produtora e disseminadora de cultura e que efetivamente abra os seus museus para o público oferecendo atrativos e novidades como a Semana dos Museus agora ampliada. Bela iniciativa. Espero que floresça e que não tenha lapsos, pois é da continuidade que surgem as idéias, a memória e a tradição.
Dúvida, questão, crise? Respeitável público o desafio agora é ocupar a assistência da programação preparada com esmero e mostrar que o público taubateano quer sim e merece estar vinculado às iniciativas nacionais na área de museus e que reconhece o empenho para que isso acontecesse. Hoje um dos desafios mais pungentes dos museus é a de falta de público. A estudante esperançosa e ingênua que eu fui continua aqui esperançosa de que as coisas mudam e, a julgar pelas mudanças sobre as quais tratamos neste pequeno texto, há motivos para continuar acreditando.
[box style=’info’] Rachel Duarte Abdala
É professora de Teoria da História na Universidade de Taubaté, doutoranda em História na Universidade de São Paulo.
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1 Comment
O espaço do Almanaque Urupês tem sido um excelente canal de comunicação para discussão e debate de assuntos tão pertinentes e necessários ao desenvolvimento the área Cultural em Taubaté. Quero reafirmar a minha alegria em testemunhar e em participar the inserção, finalmente, do Museu Histórico de Taubaté na Semana de Museus no Brasil. E quero parabenizar o Angelo pela fotografia do corredor do museu.
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