A história da Imprensa por Felix Guisard Filho
A primeira compilação de periódicos taubateanos que chegou até os dias de hoje foi o artigo de Felix Guisard Filho, publicado no Taubateano em 1927. Esse artigo foi mais tarde rebatido por um dos redatores de um dos jornais que balisou as disputas políticas entre monarquistas e republicanos da cidade. Gastão da Câmara Leal, o que também fora o primeiro prefeito de Taubaté, contesta algumas das informações de Guisard Filho. Anos mais tarde foi a vez de Antonio Mello Júnior, em seu livro Imprensa Taubateana. Apesar de algumas inconsistências históricas, o texto é um marco na História dos periódicos impressos. Acompanhe.
Já em 1928, de Taubaté partia a idéia, logo concretizada- a fundação de uma Associação Norte-Paulista de Imprensa. Houve reunião dos jornalistas da região nesta cidade, em Caçapava e finalmente em Jacareí.
Da comitiva taubateana faziam parte os srs. Gentil de Camargo, Cesídio Ambrogi, Pe. Ariovaldo de Oliveira, prof. Lafayete Rodrigues Pereira, Pe. Francisco Eloy e Felix Guisard Filho.
Vem muito a propósito dizer-mos agora duas palavras sobre a imprensa de nossa terra. Foi precisamente em julho de 1861 que o Conselho da Vereança recebeu em sessão ordinária do dia 20, presidida pelo dr. Costa Guimarães, a seguinte comunicação: “Leu-se uma participação de Francisco Xavier de Assis de haver estabelecido nesta cidade uma tipografia debaixo de sua direção e do título de “Taubateense”.
Todas as indagações colhidas condizem de modo igual: O primeiro jornal que circulou em Taubaté foi o “Progresso”, em 1861.
Foram seus redatores, o prof. Antônio José Garcia e Francisco Ignácio Xavier de Assis Moura, falecidos. O prof. José Garcia foi um valoroso educador taubateano; Xavier de Assis Moura, também de Taubaté, historiador e pai de Carlos de Assis Moura e de Gentil de Assis Moura, incansáveis estudiosos das coisas de nossa terra.
Julgamos exatas as informações, visto como, tendo deixado de existir o jornal em Taubaté, Xavier de Assis Moura, que residia na vizinha cidade de Pindamonhangaba, lá houvera fundado outro “Progresso”, em 1864.
Sacramento Blake, no vol II do seu Dicionário Bibliográfico Brasileiro, referindo-se a Francisco Ignácio Xavier de Assis Moura, do seguinte modo se expressa: “Natural de Taubaté, S. Paulo, onde nasceu em 15 de novembro de 1844, depois de estudar algumas aulas de humanidades, estabeleceu-se como agricultor na cidade do seu nascimento, cultivando ao mesmo tempo, as letras. É sócio do Atheneu Paulistano e de outras associações de letras e escreveu alguns trabalhos no “Comercial de Taubaté”, no “Progresso” de Pindamonhangaba, na “Estrela Paulista“ de Guaratinguetá, e no “Arquivo Literário”, de São Paulo.
Redigiu também:
“Aurora- Revista Literária”, Taubaté, 1863. 40 páginas. É uma publicação quinzenal, que cessou no sexto número.
‘Iris” –Jornal político-liberal, Taubaté 1864. Também cessou depois de oito números.
“Almanaque da Comarca de Taubaté para 1864”, 60 páginas. Colaborou com ele Benedicto G. O. Bastos.
“Contos da noite de São João”, creio que estão inéditos. “Nem tudo que é luz é ouro”, comédia inédita.
Em 1870 se propunha Assis Moura a publicar as obras de Fr. Antônio de Sta. Ursula Rodovalho e de outros paulistas, com notícias e anotações.”
O prof. Antônio José Garcia, trabalhador infatigável em matéria de jornalismo, tentou por muitas vezes só, ou auxiliado por companheiros, manter jornais, que tiveram, infelizmente, duração efêmera.
Carlos de Assis Moura, escrevendo, não tem recordação exata, quer do nome do jornal, quer do local da sua impressão:
“Não tenho muita certeza, continua nosso ilustre confrade, mas me parece que meu pai e ele(professor José Antônio Garcia) chegaram a montar na casa de nossa residência, a rua do Rosário, onde hoje está o Grupo Escolar, uma tipografia que depois transferiram para a mesma rua, mesmo lado e quase esquina da rua Carneiro de Sousa. Não me lembro do nome do jornal publicado.”
Em 1861 aparece o “Taubateense” e logo a seguir o “Artista”.
Em 1863 aparece “A Aurora”, revista literária, com 40 páginas, trazendo data de 1863, publicação quinzenal que desapareceu com o 6º número.
Em 1864 aparece o jornal político liberal dirigido por Francisco Ignácio Xavier de Assis Moura, cessando também após a publicação do seu 8º número.
Em 1867 “Eco popular”, logo após a “Lanterna Mágica”, jornal ilustrado, desaparecendo logo após os primeiros números.
Em sessão da Câmara Municipal de 22 de setembro de 1874, foi lido um ofício de José Gomes Xavier de Assis, comunicando haver estabelecido nesta cidade uma tipografia de sua propriedade e publicar um periódico denominado “Correio de Taubaté”, pelo que vinha perante esta Câmara declarar ele o editor responsável, o que se mandou arquivar depois de assinar o competente”
Em 1874 aparece o “Correio de Taubaté”, trazendo como editores: A. J. B. do Prado e Francisco Damasco. Folha dedicada aos interesses da lavoura e o comércio e indústria.
Era Antônio Daniel do Prado poeta e jornalista. Natural de Taubaté, pertencia ao partido Liberal. Mais tarde foi nomeado tabelião em são José do Paraíso, mudando-se depois para Ribeirão Preto.
Em 1876 a “Imprensa de Taubaté”, a seguir o “Mauriti”.
Em 1877 a “Gazeta de Taubaté”, redigida por Manuel José Rodrigues, o manduca do jornal, como era conhecido. Era filho do Conselheiro Antônio Joaquim Rodrigues e da D. Rita da Costa Rodrigues, tendo nascido em Vitória, Capital do Espírito Santo em 29 de Maio de 1862, não em Taubaté. Aos 14 anos “revelou-se” um poeta inspirado e mavioso, deu-se logo para a imprensa, publicando seus primeiros versos em uma folha que dirigiu com outros em Taubaté.”
O “Monitor de Taubaté” aparece em 1º de fevereiro de 1877.
Em 1878 aparece o “Paulista”, em 1880 “A Zorra” no fim do ano.
Em 1881 havia em Taubaté dois periódicos, o “Futuro” e a “Gazeta de Taubaté”, dos quais eram redatores Barnabé Ferreira de Abreu e Costa, do primeiro, e, Antônio José Garcia, do segundo, aquele era advogado provisionado e este professor público. Pouco tempo depois suspendeu sua publicação, o “Futuro”, cujo o editor era Ignácio Marcondes do Amaral Junior. Mais trde este editor quis fundar outro periódico neutro, e o fez com o nome de “Guarany”, que apareceu em 14 de outubro de 1883 e não tinha caráter político. Era seu redator o dr. Eusébio Camara Leal, então promotor público da comarca.
Deixando a promotoria, publica em 14 de dezembro de 1884, o jornal sob a direção do dr. Camara Leal tornou-se órgão do Partido Conservador do segundo distrito. Era de notar a formidável campanha político-eleitoral promovida pelo “Guarany” em favor da candidatura do dr. José Luiz de Almeida Nogueira, a qual se efetuou em 15 de Janeiro de 1886, campanha eleitoral esta, cujo resultado, por dois votos apenas, fez o Conselheiro Moreira de Barros perder a cadeira. É de notar também a formidável série de artigos, em resposta aos que saíram no órgão liberal “O Paulista”, de que era redator Alfredo Almeida, português naturalizado, residente em Taubaté. Era liberal e considerado o décimo primeiro jornalista do Brasil.
Mais tarde cessaram “O Paulista” e o “Guarani”.
Ainda em 1883, Taubaté possuía o “Jornal de Taubaté”, o “Recreio” e o “17 de Agosto”.
Em 1884, aparece “A Juventude”, e novamente “O Paulista”, ainda editorado e redigido por Alfredo de Almeida. Mais tarde, Almeida foi diretor da “Opinião Liberal”, de Campinas, e do “Liberal Paulista”, de S. Paulo, e do “Diario do Norte” de Pindamonhangaba.
Surgem em 1886 o “Democrata” e a “Voz do Povo”. “O Microscópio”, o “Internacional”, “Diário Popular”, o “Liberal Taubateense”, o “Papagaio” e o “Periquito” circulam em 1887.
Os drs. João Francisco da Motta e Fernando de Mattos fundam em 1888 o “Jornal do Povo”, órgão genuinamente republicano.
Este periódico foi empastelado uma terceira(rasura) funcionando no prédio onde é hoje a “Casa Cabral”, e durou até a morte de seu proprietário, João Baptista Góes. José Candido Antunes de Toledo, fundou também, em 1888, o “Noticiarista”, órgão do partido católico, que contava entre seus colaboradores, mons. Nascimento e Castro, Álvaro Guerra, Alfredo Monteiro, dr. Eusébio da Camara Leal e outros.
Ainda no mesmo ano aparece “A Vespa”, de duração efêmera.
No Ano da República, circulava em Taubaté “O Progressista”, o “Colibri” e “A Pátria Paulista” eram de 1890. Em 1891, “O Colegial” e “O Norte de São Paulo”, “A Tribuna”, “A Infância”, “A Juventude”, “Colônia Italiana”, “15 de Maio”, eram de 1892. O “Expositor Cristão”, “O Lírio”, “Violeta”e o “Imparcial”, eram de 1893.
Em 1895, publicava-se em Taubaté “O Diário de Taubaté”, “O Popular” “A Cidade de Taubaté” e “A Semana Oficial”.
Circulava em 1896 “A Zagaia”, sendo também do mesmo ano “A Ordem”, propriedade e direção de Francisco do Nascimento Tavares Filho.
Contava Taubaté, em 1898 com “O Diário de Taubaté”, o
“Comércio de Taubaté”, o “Ensaio”, “A Violeta”, o “Estudo”, “O Bento”, o Bébé”, o “Dote”, “A Ordem”, “A Semana”, “A Navalha”, e outros menores, cujos nomes não nos ocorrem. Trabalhavam na imprensa nessa época, Vitoriano de Carvalho, poeta e jornalista portugues, que aqui constituiu família e morreu; professor Antônio José Garcia, Tavares Filho, Fernando de Mattos, cuja colaboração dava popularidade ao jornal em que escreviam, e que eram procurados com avidez. Com Tavares Filho, redigiu Fernando de Mattos o “O Taubateano” e a “Vanguarda”, e ultimamente o “Norte de São Paulo”.
Em 1902, Taubaté não contava mais com jornais diários e não conta até hoje, fato grandemente lamentável, visto que no tempo do Império, Taubaté possuía dois bons jornais diários.
A tentativa mais tarde posta em prática nesse sentido por Honório Jovino, o malogrado poéta de “Rimas Velhas” e de “Oásis”, não logrou sucesso. Nessa época, existiam o “Alvião”, jornal espírita, redigido por Ernesto Penteado, “O Estandarte”, “A Voz do Povo”, e outros semanários menores. Surgiu em 1904, “O Norte” de formato pequeno, editado por José Cândido Antunes de Toledo e redatoriado pelo dr. Camara Leal.
Teve , “O Norte” como redator, o sr., Cornélio Aguiar. Mais tarde apareceu “O Caixeiro”, órgão da Associação dos Empregados no Comércio. Aparece no mesmo ano “A Verdade”, semanário de orientação católica, superiormente redigido, e de combate, editado por Luiz Santos. Esse Jornal sucedeu “A Tribuna Popular”, redigida sucessivamente por João Macedo, Euclydes de Carvalho e Fernando Ribeiro.
Retirando-se do “Jornal de Taubaté”, Victorino Coelho Carvalho fundou “O Imparcial” literário noticioso, indo fundar em Tremembé, onde faleceu, “O Eco”.
“A Semana Oficial” era o órgão da Câmara em 1908. Em 1910 aparece “O Lábaro”, órgão do bispado de Taubaté. Semanário católico de enorme tiragem e circulação, cedeu lugar, na arena jornalística, ao “Santuário de Santa Terezinha”, que goza de grande acatamento em todo o país.
“O Libertário” apareceu em 1924, dirigido por Fernando de Mattos. Foi mais tarde substituído pelo “Correio de Taubaté”, bi-semanário do Partido Republicano local, cuja redação foi invadida por um pugilo de bravos, após a Revolução de 1930.
Quiririm e Tremembé, desta comarca, já tiveram seus jornais. “O Atalaia”, o “Eco”, a “Vila de Tremembé”, o “Santuário de Tremembé”, “A Ordem” e outros muitos; infelizmente, não mais existem.
Muitos outros periódicos foram editados em Taubaté em diferentes anos, da República até nossos dias. Dentre eles, citamos os seguintes, cuja a lembrança nos acode neste momento:
A “Federação”, dirigida por Deocleciano Góis, mais tarde por Fernando de Mattos, órgão de combate. A “Pérola”, literário recreativo, redigido por Manuel de Araújo e Álvaro Carreira da Silva.
O “Mimo”, revista de Ernesto Ludgero. A “Seara”, excelente revista literária de Honório Jovino. A Venerável Ordem Terceira publicava os “Anais Franciscanos”. Eugênio Guisard redigiu “O Operário”; Álvaro de Toledo escrevia o crítico e humorístico “O Lírio”; o “Suco”, órgão recreativo; a “Seara”, órgão dos seminaristas; “Polytheama-Jornal” e a “Gazeta de Taubaté”, diário da qual foi diretor o malogrado lutador Antônio de Castro Leão. A falta de um jornal diário numa cidade como Taubaté é perfeitamente explicada, levando-se em consideração as facilidades no transporte, quer da capital paulista, quer da Capital da República, com as grandes folhas diárias são trazidas para esta zona. A tudo isso, acrescentaremos ainda o preço irrisório pelo qual são vendidas. Estas razões são argumentos convincentes.(…)
Circulavam até 1930, em Taubaté os seguintes jornais:
“Correio de Taubaté”, bi-semanário, “Santuário Santa Terezinha”, semanário, “Estudante”, quinzenário, “A Seara”, quinzenário, “A Mocidade”, quinzenário, ‘O Ginásio”, mensário.
Publicaram-se, ainda nesta cidade, os seguintes periódicos:
“O Liberal”(1930), do governo municipal, diretor Álvaro Braga; “A Voz do Povo”(1931), independente, diretor Joaquim Manuel Moreira; “O Papagaio”, semanário crítico, humorístico e literário. Diretor: Rubens da Costa e Silva; “A Folha”(1931) diretor Evandro Campos; “O Popular”(1932) independente, diretor-Sylvio Guisão; “Folha de Taubaté”(1933), independente, diretor José S. Castro; “A Mocidade”(1928), órgão oficial da U. M. C., diretor- Vantuilde José Brandão; “O Ginásiano” do Grêmio Dr. Câmara Leal, diretor- J.S. Moura Sobrinho; “O Município”(1936) do Partido Liberal, diretor- Alfredo Carneiro; “Amigo do Operário”, mensário dos operários católicos, diretor-Padre Morais, “Nossa Terra” (1936), diretor- Evandro Campos; “O Taubateano”(1936), publicação bi-semanal, diretor- Estácio M. Guimarães; “Salve Maria”(1936), boletim mariano, diretor- José S. Barbosa; “Eu vi…”(1934), jornal humorístico; “O Árcade”(1935), dos alunos da Escola Normal, diretor- Rivadavia Bicudo; “O Trabalhador”(1936), da frente operária popular, diretor Waldomiro Berbare; “Rádio X”(1933), diretora- Prof. Clarice Ronconi.
Na coleção do Museu histórico de Taubaté, encontram-se quarenta jornais de diferentes títulos.
O Taubateano. Domingo, 21/02/1937