Solange Barbosa – coord. projeto Rota da Liberdade

 Solange Barbosa – coord. projeto Rota da Liberdade

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Almanaque Urupês: Como você define cultura?

Solange Cristina Barbosa: Eu gosto muito da definição de Santos e Valle para Cultura: Cultura refere-se ao conjunto de idéias, técnicas de fazer objetos e utensílios, hábitos, valores e atitudes de distintos grupos sociais, que acaba os diferenciando entre si e aproximando em algum momento, ou seja, em sentido mais amplos a Cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social, onde através de uma construção histórica se percebe o pensar, sentir e agir de um detrinado grupo social.

 

AU: Existe política publica cultural em Taubaté?

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Solange Cristina Barbosa: Não existe uma política pública cultural em Taubaté, o governo taubateano não tem uma política cultural. Temos sim grupos culturais que exercem influência em movimentos culturais na cidade, obrigando, em determinados momentos que o poder público municipal participe do movimento cultural.

 

AU: Em qual estágio de desenvolvimento está a produção cultural pela comunidade afro-brasileira em Taubaté?

Solange Cristina Barbosa: A comunidade afro determina há muitos anos a produção cultural do vale do Paraíba e de Taubaté, mas, por uma série de situações, inclusive o racismo institucional, esta interferência cultural não é percebida pelo poder público e nem vista como tal pela população, que a confunde com cultura taubateana ou valeparaibana apenas, sem “pensar ou reconhecer” a africanidade desta cultura. Existem diferentes modalidades de cultura afro em Taubaté, falamos da Congada e do Moçambique e do Jongo, que são vistos apenas como “folclore” mas que tem um peso muito grande na formação cultural regional.

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Temos a música em si, em que sonoridades afro se misturam e recriam uma musica regional, temos o “olhar do artista sobre a africanidade”, caso do Mestre Justino, do Mazzaropi e por fim temos a chamada “Cultura Marginal” em que os jovens (e alguns não tão jovens) do rap e do hip hop recriam sua africanidade misturada à sua condição de valeparaibano e taubateano, muito forte, mas… mal vista pela própria sociedade por não entender estas manifestações como manifestações culturais e novamente temos a questão do preconceito – além do racial, também o social, pelos chamados “marginais”

 

AU: Na sua avaliação, em nosso município, qual seria o modelo de política cultural mais adequada para desenvolver a produção relacionada à cultura afro-brasileira?

Solange Cristina Barbosa: A política cultural adequada seria aquela em que o poder público dialoga com os grupos culturais afro, o que não ocorre, vejo muitos deles [gestores públicos] enfiando o pessoal em eventos folclóricos e dizendo o que o grupo tem que fazer, sem no entanto dialogar com estes grupos, no caso dos jovens é pior, porque o poder público não os enxerga como “agentes culturais”, é necessário que o poder público entenda e conheça a cultura afro, sem estereotipar, deixando o ranço preconceituoso de lado.

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Veja o Festival de Jazz [and Blues, que aconteceu em julho de 2013], alguém procurou relacionar isto a uma cultura africana???? Não!!!!!!!!!!! E não estou falando mal do evento não, ele foi ótimo no sentido de aproximar as pessoas de algo que eles consideram coisa de elite, mas quem organizou não se preocupou em chamar o povo negro e dialogar sobre o evento… poderiam trazer elementos muito valiosos se tivessem se comunicado com os negros taubateanos, mas…acham que todo negro é pobre e que não tem cultura o bastante para interferir neste tipo de evento.

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