Trinta Anos de Batman O Cavaleiro das Trevas

 Trinta Anos de Batman O Cavaleiro das Trevas

Por Alexandre Siqueira

Em 1984 Frank Miller era uma estrela da indústria dos quadrinhos. Miller havia transformado o então obscuro Demolidor num dos personagens que mais vendia gibis da Marvel. E justamente quando o personagem estava no auge do sucesso, Frank Miller deu um TCHAU pra Marvel. Pior: se transferiu para a sua maior concorrente, a DC Comics com a missão de renovar o Batman, um ícone que estava em baixa.

Dois anos depois era lançado Batman, O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns), assinado por Frank Miller. Resultado: um marco nas histórias em quadrinhos. Se você ainda não leu essa obra de arte, dificilmente poderá entender a revolução que ela provocou na indústria do entretenimento. Quadrinhos, televisão e cinema foram profundamente influenciados pelos pincéis de Frank Miller. Os quadrinhos tiveram seu status elevado.

 

Batman O Cavaleiro das Trevas (Batman The Dark Knight Returns) é considerado um marco nas histórias em quadrinhos e mostra um Estados Unidos caótico dominado pelas gangues, violência e a televisão. Mesmo a série se passando em um possível futuro, o presidente apresentado é um débil Ronald Reagan (presidente americano da época).

Batman não está mais na ativa, Bruce Wayne é um cinquentão que passa a maior parte do tempo bebendo e procurando a morte em corridas de carro, mas o espirito do morcego  quer se libertar após tantos anos e voltar a limpar as ruas de sua cidade.

Se o peso da idade lhe tirou a força e vitalidade, então ele usará armadura, armas, violência um tanque, mas principalmente o “mito” para dizimar as gangues.

A violência e o rastro de morte deixado por Batman incomodam os governantes e a policia. James Gordon não é mais o comissário e Batman é considerado um fora da lei caçado por Ellen Yindel, a nova comissária de policia; um Superman enfraquecido por uma explosão nuclear é enviado para deter Batman. O que se segue é uma épica batalha entre a luz e as trevas com um trágico final.

Frank Miller usa diversos elementos que já existiam na série mas que ha muito tempo estava esquecido. Nessa época, a revista do Batman era escrita por Doug Moech e mais parecia um dramalhão mexicano: crise existencialista, a dor e culpa pelo assassinato de seus país  e blá, blá, blá…

Diferente do que muitos acreditam, Miller não usa essa muleta em cavaleiro das trevas. Na série o que se vê, e talvez esse sim seja o maior mérito de Miller, é um Bruce Wayne frustrado e incompleto pela aposentadoria. Quando este se dá conta do que vem acontecendo com sua cidade, imediatamente percebe que Batman é novamente necessário. A violência também não foi criada por Miller. Desde Bob Kane e Bill Finger na primeira aparição do Batman, até Danny O`Neil e Neil Adams, no inicio dos anos 70, ela já estava bem presente. A diferença é que com Miller ela é bem mais explicita. Não existem negociações com antigos vilões. O mal deve ser cortado pela raiz afinal essa é uma série fechada e não tem que se arrastar por meses.

Não dá pra falar de Cavaleiro das Trevas sem comentar a luta épica entre Batman e Superman. Acredito que absolutamente todo mundo que leu a história odeia o Super por ser o “bichinho de estimação” do governo, mas vamos analisar da seguinte forma: mesmo que o presidente não tivesse pedido que o Superman resolvesse o problema em Gotham, muito provavelmente Bruce e Clark sairiam na porrada mesmo assim. Batman está descontrolado impondo o medo e a violência, sendo juiz, júri e carrasco; o Superman é alguém que acredita na vida acima de tudo e que o ser humano merece uma segunda chance. Ele jamais deixaria que o Batman simplesmente ignorasse as leis só porque ele assim deseja. Essa é a eterna luta entre a luz e as trevas que cada um dos personagens representa. Mais um elemento que Frank Miller soube aproveitar com maestria e, claro, com elementos bem colocados pra distorcer um pouco o veredito do público.

Em 2000 a série ganha uma continuação Batman Cavaleiro das Trevas 2, que não obteve o mesmo sucesso do primeiro. Deve ser a maldição das continuações. Em 2012 a série virou um filme de animação em duas partes, bem fiel à hq. Até o traço utilizado na animação é parecido com o traço de Miller. E agora a DC Comics anunciou para dezembro a terceira parte de Cavaleiro das Trevas, dessa vez Frank Miller fará apenas o roteiro, Andy Kubert será o desenhista e Klaus Janson o arte-finalista. Vamos esperar pra ver o que vem por ai.

 

Mas o que interessa é que trinta anos atrás Frank Miller revitalizou um personagem carismático que ha muito passava por uma fase de baixa qualidade e que estava perdido nas mãos de péssimos roteiristas. Recolocou-o novamente nos holofotes, pegou o que de melhor haviam feito com o morcegão  e colocou tudo junto, praticamente criando uma cartilha de como aproveitar bem um personagem tão bom quanto Batman.

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Alex Siqueira

Alex Siqueira assistiu a estréia de Star Wars, ficou mais chocado com o final de “A Ira de Khan” de que com a eliminação do Brasil na Copa de 82, achou que o Telejogo era ficção científica e desconfia das intenções dos executivos da Marvel.

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