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São José dos Campos, 01 de abril de 2019.
Querido Monteiro Lobato,
Confesso que ao ler sua carta fiquei um pouco perdido. Sei que as palavras são eternas, mas expressões caem nos ponteiros dos anos. Caso aconteça o mesmo ao ler minha resposta, entenda de maneira simples meu pensamento, afinal não sou poeta, sou um comunicador de palavras ditas nas calçadas. Já você não é somente um sublime escritor, é também um profeta!
Pasme: os EUA já elegeram um presidente negro! Barack Obama, um democrata, protestante, que conseguiu até melhorar a imagem dos gringos pelo mundo. Foram 8 anos de governo. Várias conquistas de igualdade e libertação. Ele levantou bandeiras de todas as cores. Deu voz para quem estava rouco de tanto gritar com as paredes.
Mas como um bom enredo, fatos inesperados acontecem! Isso para um escritor é até interessante, mas acredito que nem um autor de tragédia grega imaginaria esse drama.
Donald Trump, republicano, empresário, figurinha de televisão, que ajudava o mundo decidir a beleza feminina medindo a cintura e o quadril, venceu uma mulher na disputa presidencial e substituiu Obama.
Se a melanina trouxe luz para quem estava cego de crença, a falta dela levantou muros de mesquinharia. O discurso forte baseado em moral é parede de papel que tenta esconder sangue de ignorância, com direito a tweets e prostituta silenciada por contrato.
Escreva sim ao americano! Seu talento é capaz de romper fronteiras, mesmo que estas estejam cercadas. Só não entenda a infantilidade deles como sadia, ela é egoísta mesmo! Mas esse mal não pertence somente os filhos do Tio Sam. Infelizmente ela é uma praga mundial.
Com apreço,
Lucas Sanseverino
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[fullwidth_text title=”São José dos Campos, 2 de abril de 2019.” alt_background=”none” width=”2/3″ el_position=”first”]
São José dos Campos, 2 de abril de 2019.
Caro Lobato,
Que tristeza trouxe sua carta ao meu coração. Apesar de ser uma satisfação receber notícias das gentes queridas, desta vez, preferia que essas suas nunca tivessem chegado. Não posso dar tamanho à dor da perda de um filho, que dirá dois. É bonito como você define a ida prematura dos meninos, dá cá dentro um pouquinho de esperança: invisibilidade e expansão;
conclusão do curso na escola da vida.
É certíssimo que este nosso corpo seja mesmo uma forma passageira, sensível a muitas dores, casa de muitas alegrias, ininterruptamente vulnerável a umas e a outras. O estoicismo de Edgard talvez seja o caminho dos sábios, acolher a realidade é a única direção possível para seguir em frente, toda a negação é ponto de parada, estagnação. O ensimesmado de Guilherme é também postura de sábio, os olhos voltados para dentro veem as paisagens mais curiosas, tantas a revelar. Do lado de dentro moram as respostas, é pena que ele as tenha levado consigo tão cedo. Sábios fazem falta e devia ser lei que morressem velhos.
Edgard e Guilherme se foram e são insubstituíveis, mas se há algum consolo ao pai escritor, talvez seja esse: Emília, Narizinho, Pedrinho e tantos outros filhos seus não morrem nunca.
Nós aqui, no século seguinte, ainda os temos espertos, serelepes e cheios de vida; filhos imortais de Lobato, reinando pelos clássicos da Literatura Universal.
A arte expande assim como a morte, desejo que os limites de ambas rocem uma à outra e criem um instante impossível onde você possa tocar seus filhos, ou espiar seus sorrisos, enquanto não os encontra de vez.
Entregue um abraço meu a Dona Maria Pureza, outro a você, com afeto e gratidão.
Renata Valias.
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1 Comment
Que bom poder vivenciar esta troca de cartas, conhecer a Tia Nastácia muito antes dela virar lenda infantil, ver que alguém havia alertado Lobato de que não devia malhar o caboclo (o que ele acabou fazendo, criando o Jeca Tatu, ícone publicitário do Biotônico Fontoura). Cresci lendo Lobato. Acho que seu estilo de escrever me influenciou, e muito. Sou grato a ele por isso.