Uma noite no Museu

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Texto de Renato Teixeira publicado na edição 719 do Jornal Contato

Foi difícil, prazeroso e marcante. 370 anos da nossa cidade, o magnífico Museu de História Natural, a talentosíssima nova geração de músicos taubateanos do Coletivo Musical, a revitalização do Mercado e da Bica do Bugre, a integração dos museus num espaço comum e o acesso do Esporte para a primeira divisão.

Pensamos propor tudo isso e convocamos a população para que se manifestasse junto com a gente; ela compareceu e aprovou com veemência nossas propostas.

Quando citamos o Mercado Municipal de Taubaté e a Bica do Bugre, a platéia veio abaixo demonstrando aquilo que muitos fingem não perceber; o povo taubateano tem profundas ligações com seus monumentos históricos. Sentia ausência das autoridades executivas que sequer mandaram uma mensagenzinha que fosse de apoio.

Sem a presença daqueles que podem ajudar efetivamente, como iremos convencê-los – os gestores- que queremos o Mercado revitalizado, queremos a bica VERTENDO AGUA DE UMA NASCENTE DESCONTAMINADA, porque, no caso, a água da Sabesp é fake e a história não pode ser contada por quem não conhece as profundezas do espírito humano?

Para compensar, Martha, nossa secretária da Cultura, vestiu a camisa e esteve junto com a gente desde o começo, como a parceira e amiga das boas ideias. A reação das mais de três mil pessoas presentes, segundo o diretor do MHN, às nossas propostas, teria que ser ouvida também pelos gestores. Nesse dia em que comemoramos 370 anos, mais do que uma festa, o que foi urdido é um novo tempo para a cidade. Para nós, os idealizadores do evento, foi o dia do BASTA.

Basta de conveniências expertas, basta de ausências estratégicas, basta de omissões oportunistas. Existe uma população de novos taubateanos filhos de uma geração que veio para cá pelas possibilidades de trabalho e que precisa ser integrada à nossa história. Quem irá dizer a eles que somos uma gente desbravadora, criativa e por isso precisamos de uma cidadania com moral elevada que nos leve a um futuro de amplas possibilidades, quando seremos o centro da primeira megalópole da América Latina? Quem dirá a eles que temos uma vivência histórica tão significativa que ignorá-las é como descer de um trem em pleno movimento? UMA NOITE NO MUSEU quis afirmar exatamente isso: se não dissermos quem somos, ninguém o fará. Se não explicarmos para a população o significado do nosso poder cultural, perderemos o fio da meada e não seremos merecedores do nosso próprio passado. O Afetivo e o material.

Foi uma noite emocionante e carismática porque não éramos apenas nós que estávamos ali fazendo o que sabemos fazer que é cantar e promover shows. Quem movimentou aquela noite inesquecível foram todas as gerações de taubateanos que passaram por aqui e nos legaram uma importância cultural que precisa ser valorizada mesmo que existam aqueles que, além de não acreditar no poder da história, tentam desestimular os que como Lobato sabem que o sonho é uma nebulosa diáfana e confusa de onde surgem os mundos.

OBS: 1) Um monumento como a Bica do Bugre, às vezes, é mais significativo para a população do que mil políticos. 2) Semana passada, devido à maratona de baixa cidadania a qual fui submetido no trajeto entre o Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, não consegui enviar a crônica.

 

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