Lani Goeldi – curadora de arte

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Almanaque Urupês: Como você define cultura?

Lani Goeldi: Na verdade existem inúmeras definições dogmáticas a respeito deste conceito, no sentido literal do termo seria todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem. Porém, a cultura brasileira é plural e dinâmica. Abrange linguagens, artefatos, estilos, idéias e valores – sejam elas artísticas técnicas ou científicas; sejam elas eruditas ou populares.

Para um Brasil justo e democrático, temos de levar em conta a existência de muitos povos, culturas, comportamentos e necessidades, cada qual com sua própria realidade e situação. Isso exige do Estado, para além da universalização do acesso às políticas públicas, a criação de estruturas adaptadas e o respeito às diferenças.

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Almanaque Urupês: Existe política publica cultural em Taubaté?

Lani Goeldi: Muito embora a cidade de Taubaté tenha um acervo histórico, tradicional e multicultural imenso, o município não possui politica pública cultural.

A distância entre promover a mobilidade dos intervenientes culturais, promover a circulação de obras de arte, assim como de produtos culturais e artísticos e promover o diálogo intercultural ainda é muito distante da gestão pública partidária.

A política cultural do Município deve abranger o conjunto múltiplo das formas de pensamento, sensibilidade e expressão dos vários segmentos da população, respeitando a herança de seu povo.

Para isso, precisa estar articulada com a educação, integrada com o desenvolvimento sustentável, com foco na incorporação dos aspectos ligados à proteção e promoção da diversidade das expressões culturais, nas áreas urbanas e nos diferentes ecossistemas.

É preciso fomentar os meios de produzir e acessar os objetos culturais, assumindo de forma integral o direito à diversidade e as necessidades da juventude e da terceira idade, porém para isso é necessário a profissionalização da cultura, pessoas capacitadas para exerce-la de forma ampla e apartidária.

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Almanaque Urupês: Em qual estágio de desenvolvimento está a produção de artes plásticas no município?

Lani Goeldi: Infelizmente, acredito, no estágio mais embrionário. O artesanato embora tenha um papel importante em virtude da história centenária das Figureiras, falta gestão, e, por escassez desta Gestão, o que poderia crescer e se transformar na identidade cultural do município, é simplesmente apenas um objeto decorativo. Nem mesmo os Taubateanos sabem o significado do Pavão Azul e o que ele representa no estado de São Paulo.

Artistas Plásticos temos muitos, a Associação Artística Cultural Oswaldo Goeldi, única associação de classe do município  tem em seu cadastro mais de 600 artistas catalogados que de alguma forma já expuseram seus trabalhos na cidade, porém não existe o intercâmbio entre eles, os motivos são diversos e por vezes desconhecidos, mas meu pensamento é um só: se queremos crescer temos que dividir e delegar, o que na verdade não acontece.

Acredito que seria necessário com que eles investissem mais na sua formação como empreendedores sociais, que têm características semelhantes aos empreendedores de negócios,onde o objetivo final não é a geração de lucro e sim, o impacto social através da cultura.

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Almanaque Urupês: Na sua avaliação, em nosso município, qual seria o modelo de política cultural mais adequada para desenvolver o setor de artes plásticas?

Lani Goeldi: No caso da cidade de Taubaté a principio devemos iniciar o processo do mapeamento cultural, uma ação conjunta entre comunidade e governo que mapeará grupos, artistas, festas e pessoas de notório saber de cada bairro.

A partir daí é possível iniciar o processo a fim de tornar Taubaté um centro de referência cultural, não só divulgando artistas e patrimônios, mas principalmente descentralizando e democratizando o acesso à cultura.

Preparar e potencializar gestores e produtores culturais, pois estes caracterizam-se por serem extremamente visionários e pensam sempre em inspirar a sociedade com as suas idéias e como colocá-las em prática. São persistentes e, ao invés de desistir ao enfrentar um obstáculo. Necessitamos cada vez mais de empreendedores culturais, pois eles são inovadores, criam novos paradigmas e são pioneiros em suas ideias, muitas vezes ideias velhas, com novas roupagens; utilizando da criatividade para aperfeiçoar ou reinventar processos. Assim para que a cultura local seja valorizada é preciso tratá-la com profissionalismo adequando a isso as pessoas que muitas vezes fazem de sua arte o seu meio de vida, porém cabe ao Gestor Municipal implantar um Programa de Gestão Cultural.

A riqueza cultural do Município deve ser promovida, ampliada e resgatada como patrimônio imaterial. O poder público não pode estar ausente do apoio à produção cultural e artística, deve apoiar e subsidiar as atividades culturais e artísticas de interesse público e comunitário e de coesão que tenham dificuldade de se viabilizar através dos mecanismos de mercado.

E, paralelamente, estabelecer uma política de estímulo à cadeia produtiva da cultura como dimensão da economia local.

Acima de tudo, a cultura deve ser uma via de duas mãos onde o poder público deve zelar para que as iniciativas culturais e artísticas, estimulando a democratização do acesso a riqueza cultural do município em contrapartida a comunidade resgata sua auto estima, seus conceitos e acima de tudo seus valores.

 

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