André Pires – Produtor de vídeo

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Fotos: Marina Pires

Almanaque Urupês: Como você define cultura?

André Pires: É complicado achar uma definição simples para cultura. Não gosto de pensar na cultura apenas como formas distintas de manifestações artísticas e/ou intelectuais, mas sim maneira mais ampla. Entendo que a cultura, de modo geral, seja tudo aquilo que o homem produz em sociedade: material ou abstrato. Falar de cultura é falar do ser humano e da vida em sociedade, do cotidiano de um povo, seja passado ou presente. E acredito que o mais importante é sempre ter em mente que a cultura é algo dinâmico; nunca estático.

 

Almanaque Urupês: Existe política pública cultural em Taubaté?

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André Pires: Desde que me entendo por gente, há uns bons anos, nunca vi uma política pública cultural séria em Taubaté. Só ressaltando que, apesar de estarem ligados, acredito que turismo e cultura devem ser tratados com mais distinção pelo Poder Público. A cultura não depende do  turismo para ser marcante e forte em uma cidade, mas o turismo, sim, depende muito da cultura local para se desenvolver. E aqui as prioridades se invertem. Durante anos tentam impor que a cultura taubateana se resume ao Sítio do Pica-pau Amarelo (ou, pior, o elefante branco do Parque do Itaim), à literatura de Monteiro Lobato ou à Festa de Quiririm. E tentam fazer disso  um chamariz para turismo. Ridículo, balela… mentira! Taubaté é muito mais que isso. É história, sim, mas é muito mais presente. Existem excelentes artistas escondidos na “periferia cultural” da cidade, que não têm oportunidade de aparecer justamente por não existir uma política pública de incentivo à cultura.

Almanaque Urupês: Em qual estágio de desenvolvimento está o setor audiovisual em Taubaté?

André Pires:  Taubaté tem profissionais de alto nível e uma molecada boa e interessada surgindo com novas ideias. Mas isso não garante que haja produção audiovisual de qualidade no campo cultural. Não tem.. é zero! Quem é bom vai para a publicidade e para o mercado corporativo, pois é lá que está o dinheiro. A produção audiovisual de caráter cultural é totalmente amadora. E só é amadora porque não tem incentivo. Um bom projeto de audiovisual envolve e precisa de dinheiro para ser bem feito, senão cai no amadorismo… é o que acontece.

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Almanaque Urupês: Na sua avaliação, em nosso município, qual seria o modelo de política cultural mais adequada para o setor audiovisual?

André Pires:  Eu, particularmente, acho mais simples e prático o estilo dos editais do Proac. Quem tem o melhor projeto proposto dentro do edital apresentado, ganha, recebe a verba e produz. Mas acredito que ele não funcione na cidade, pois abre muitas brechas para favorecimento de pequenos grupos, como acontece no próprio Proac. Acredito que o mais justo seria nos moldes da Lei Rouanet, que não libera a verba diretamente ao produtor, mas concede incentivo fiscal ao patrocinador do projeto. Ou seja, se projeto estiver tecnicamente correto e for aprovado, o produtor deve correr atrás do patrocínio.

 

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Website: andrepires.com.br

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