Senhora Leandro Dupré provocou uma revolução literária no Brasil.
Segundo Monteiro Lobato, há uma forma de escrever antes e depois de ler Éramos Seis. O prefácio que escreveu para a obra é cheio de acidez contra a literatura "empastada" e ininteligível praticada até ali e cheio de esperança por uma escrita mais próxima da fala.

Em 1943, Maria José Dupré (1898-1984) lançava Éramos seis, aquela que se tornou a sua mais conhecida obra. O texto virou filme e novelas. Há pelo menos cinco versões conhecidas.

Em 1945 recebeu a sua primeira adaptação e virou radionovela na extinta Rádio Tupi. No mesmo ano, na Argentina, virou o filme homônimo dirigido por Carlos Borcosque e estrelado por Sabina Olmos e Oscar Valicelli. Éramos seis transformou-se em outras cinco novelas na televisão, sendo a última versão adaptada em 2019, estrelada por Glória Pires, ganhando seu desfecho em março de 2020.

Gloria Pires no papel de Dona Lola, na última versão de telenovela de Éramos Seis (imagem: Raquel Cunha/|Globo – Divulgação)

O romance de Dupré é protagonizado por de Dona Lola que narra a história da sua família entre os anos de 1914 e 1942. De escrita simples e objetiva, o texto expõe as dificuldades de uma família em ascensão com questões corriqueiras, como o pagamento das prestações da tão sonhada casa própria, e as dificuldades impostas pelos acontecimentos históricos que a acometeram ao longo do tempo, como a gripe espanhola e as duas grandes guerras mundiais, as revoluções de 1924 e de 1932.

Não queremos, aqui, revelar aos que não conhecem a obra os detalhes da trama, por isso recomendamos a sua leitura.

Todavia, é importante ressaltar que o romance foi muito premiado e elogiado dentro e fora do Brasil. É, sem dúvidas, uma das obras primas da nossa literatura.

"Mulher é só para... fazer doces"

A primeira edição de Éramos Seis foi lançada pela Companhia Editora Nacional e prefaciada pelo próprio Monteiro Lobato. O original foi lido inicialmente por Artur Neves, o chefe da “Divisão Mental” da editora, que teria insistido para que Lobato deitasse os olhos sobre o segundo livro da senhora Dupré.

Lobato se revelou reticente pois,

“só consigo ler o que me agrada tremendamente. Como me acha capaz de ingerir essa maçaroca de provas toda borrada de emendas e, ainda mais, livro de mulher? Mulher é só para… fazer doces”.

Inicialmente, e em suas próprias palavras, o autor demonstrou desprezo pela obra e pela autora. Só fez a leitura depois de muita insistência de Artur.

Para Lobato, a literatura nacional sofria com o exagero, conflitava com a realidade ao expor, de forma “empoleirada”, uma leitura afastada da linguagem oral. Até aquele momento, o editor via a necessidade de traduzir todo e qualquer texto escrito pelos autores que se apresentava a ele, a exemplo de uma linha escolhida aleatoriamente de um artigo de Henrique Maximiano Coelho Neto:

“Pela estrada desciam récuas em chouto, sacolejando ceirões e cofos”.

Segundo Lobato, essa é uma referência à última visita que Coelho Neto fizera à José do Patrocínio em seus últimos anos de vida no subúrbio do Rio de Janeiro. O editor enxerga as “velhas tintas lusitanas que Neto usava para pintar as paisagens daqui”.

Para ele, para que fosse capaz de interpretar este texto, o leitor deveria “verter tais tintas pelas equivalentes locais”, o que exigiria grandes doses de conhecimento e paciência.

Para Lobato, o texto de Neto floreia um trivial

“Pela estrada desciam burros de carga no trote, sacudindo jacas”.

A boa literatura é aquela que não exige tradução. “É um livro cheio de incorreções, com pronomes indecentemente colocados – mas certo”, como por exemplo a obra de Manuel de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Os outros, à exceção de Machado de Assis, levaram a literatura à tal perfeição “e com isso acabaram errados”, pois para o editor, a “correção da língua é um artificialismo” e, portanto, deve-se escrever como se fala.

Artur Neves se aproveitou da argumentação de Lobato para convencê-lo a ler a obra de Dupré.

“Dupré me desnorteou”

Lobato - Prefácios e Entrevistas

A leitura e publicação de Éramos Seis foi feita em luto. Lobato acabara de perder seu filho Edgard. E Dupré foi seu remédio. Um remédio simbólico, pois finalmente fez uma leitura que valia a pena e finalmente via uma cura para o excesso de literatura na literatura.

Dupré teria feito a obra

“ao galope da inspiração […] Não teve paciência para estraga-lo, nem deixou que nenhum abelhudo o estragasse. Quem fala no livro é inteiro é a protagonista, viúva, e essa boa mulher pensa e fala exatamente como todas as mulheres do seu tipo e de sua classe entre nós. Fala e pensa e age como milhões de nossas mulheres – as ignoradas heroína do trabalho caseiro da criação de filhos. E como fala uma criatura assim? Exatamente como a autora a faz falar.”

As cartas de Lobato

Em confidência a Godofredo Rangel, Lobato é muito menos econômico nos elogios à Dupré. Ao amigo, confessa que a escritora “está operando uma revolução literária. Está nos ensinando a escrever – e eu já aproveitei a lição”.

À semelhança de seu editorial, ele reafirma as suas impressões sobre a produção literária nacional, que era feita com excessos e em muitas camadas. Usa como metáfora a lição aprendida com o pintor Marques Campão, que lhe revelou que o segredo da aquerela é

“não empastar as cores, não sobrepor tintas, pois só assim alcançamos o que nesse gênero há de mais belo: a transparência. No estilo literário dá-se a mesma coisa: o empastamento mata a transparência, tal qual nas aquarelas. Se eu digo ‘céu azul’, estou certo, porque não sobrepus tintas e obtive transparência. Mas se venho com aqueles ‘lindos’ empastamentos literários que nos ensinaram (‘céu azul-turquesa’ – ‘a cerúlea abóbada celeste’), estou fazendo literatura; e sobre a coisa linda que é a palavra ‘azul’ sobreponho um tom empastante ‘turquesa’ que no espírito do leitor irá sugerir a esposa dum Abud qualquer, ou ‘cerúleo’, que nos sugere cera, positivamente borro o azul do céu – em vez do céu lindo que eu quis descrever me sai uma ‘literatura’. A Dupré mostrou-me que se pode escrever com zero de ‘literatura’ e cem por cento de vida. É o que estudo no prefácio”.

Ao interlocutor, Lobato revela que depois da leitura de Éramos Seis se viu estimulado a retirar a literatura de seus livros, revisando toda a sua obra, a começar por Fábulas, do qual “raspei quase um quilo de ‘literatura’”. Além disso, passou a receitar Dupré para os amigos talentosos “e ainda ‘salváveis’”, como o taubateano Cesídio Ambrogi.

Escritor Godofredo Rangel é homenageado em Carmo de Minas (Foto: Secretaria de Turismo de Carmos de Minas / Divulgação)
Escritor Godofredo Rangel é homenageado em Carmo de Minas (Foto: Secretaria de Turismo de Carmos de Minas / Divulgação)

Dupré, Lobato e Cesídio

Cesídio Ambrogi era um dos três grandes amigos de Lobato em Taubaté. Até o fim da vida foi um dos seus principais correspondentes, com quem trocava experiências, colaborações em livros, revisões de textos e pitacos sobre um ou outro assunto.

Cesídio preservou o lado taubateano da alma de Lobato.

Uma das heranças de Cesídio à cultura local é um conjunto de cartas trocadas com Lobato. Esse acervo foi mantido e preservado por sua esposa, Lygia Fumagalli Ambrogi, e depois por seus herdeiros. Constitui acervo inédito, ainda pouco estudado, sobre diversas facetas dos dois escritores.

Dupré recebeu atenção dos correspondentes em ao menos quatro cartas, nos anos 1943 e 1944. Todas elas sendo usada como exemplo de como simplificar a escrita e acrescentar frescor à leitura.

 

Em correspondência sem data (de um lote de cartas entre 8 de janeiro de 1943 e 18 de outubro de 1943) Lobato revela a revisão da sua obra depois da leitura de Éramos Seis.

“Acho que você, como eu, como todo mundo, anda pecando por excesso de literatura. Tive a revelação disso agora – agora que é tarde e já estou me preparando para ir pregar em outra freguesia. E essa revelação me veio por intermédio duma mulher, a Sra. Leandro Dupré. Para que compreendas o meu pensamento, mando-te um romance dela que acaba de sair. Li-o em provas – e arregalei os olhos. Aprendi, afinal, a diferença entre “literatura” e literatura; entre literatura e vida. E sem que ela me pedisse, sem que se quer eu a conhecesse, escrevi dum jacto 12 páginas de prefácio. Isso, para pôr o dedo numa coisa que me parece muito séria: a diferença de literatura aspada e literatura sem aspas. Leia-o e estude o caso. Você está moço e ainda pode aproveitar-se da lição. O segredo do encanto dessa mulher parece-me estar na absoluta ausência de “literatura” – e nós não sabemos escrever sem literatura. Nossos mestres de arte (sobretudo Coelho Neto) nos inocularam uma noção errada de arte. Eles é que nos asparam literariamente. Machado de Assis foi uma reação – mas quem ainda compreende Machado de Assis?

Quando li a Dupré estava também lendo os originais dum “novo” que vai aparecer e que mais ainda me acentuou o ponto. É um que escreve com a maior perfeição, mas segundo os cânones “aspasios”, como diria a Emília. Tudo perfeito – mas a conseqüência é que a vida está ali substituída pela “literatura”. Na Dupré esbarrei com a vida crua e nua, sem nem um só granulo de literatura. E li a Dupré dum fôlego e não consegui ler o “perfeito”! O prefácio me saiu como sai um carnegão dum tumor, justamente por força do contraste. E agora lendo analiticamente o teu capítulo do romance TAUBATÉ vi que você também está encaminhando – você também, como eu, como todos, está sobrepondo a literatura á vida. Não senti Taubaté em teu capítulo, porque entre o Taubaté coitadinho que eu conheço a fundo está interposta uma camada de literatura – e fiquei a imaginar o que seria o teu romance se o processo usado fosse o do ÉRAMOS SEIS: pintura direta da vida, num estilo que seja caldo da vida, expremidura da vida. Língua da vida, sujeira da vida, fedorzinho da vida.

Experimente fazer um soneto de beira de estrada em que não entre nenhuma tinta literária, nenhuma imagem já gramaticada, nenhum respeito pela memória de nenhum Coelho. Isto que eu quero dizer você só compreenderá depois de ler a tal mulher.

Estou preparando o meu livro FÁBULAS para nova edição, e sabe que consiste o preparo? Em tirar todas as “coisas lindas” que inconscientemente lá botei, isto é, a “literatura”. Estou raspando a literatura que há nessas fábulas. E como é doloroso! O mesmo que uma raspagem de osso! A gente fez aquilo com tanto amor, achou tão bonito, gostou tanto – e ainda acha tão bonito… E tem de botar fora, tem de raspar. Por que? Por causa da tal senhora Leandro Dupré. Esquisito, não? Passei a vida a lidar com a literatura, li todos os mestres – e afinal fui aprender com uma senhora que nem tem nome – assina o do marido.”

A carta seguinte, em resposta à revisão de texto entregue à Lobato por Cesídio, veio com satisfação, mesmo que com um tanto de literatura por parte do editor.

“Viva! Você está se salvando”, diz Lobato ao amigo Cesídio.

Com certa “literatura”, assim, aspada, complementa:

“Está saindo das espumas do Mar das Aspas como Afrodite das espumas do mar de água. Tua carta está uma perfeita maravilha de graça e leveza e desempenho e espirito primesautier – e tudo por obra e graça da mulher que nem nome tem e escreve com a inocência dos que ignoram a existência da “literatura”! Juro que você devorou o ÉRAMOS SEIS de um trago, como uma boa fumaça de cigarro quando a gente larga de fumar e fumar e ocasionalmente fila um. Você está outro. Senti um Cesídio novo a sair dum velho casulo que parecia definitivo, cristalizado.”

Lobato repete à Cesídio a mesma lição retratada à Rangel tida com Campão e suas aquarelas: “o tudo é não empastar. É fazer coisa direta, sem sobreposições, sem superfetações superfetações – isto é, sem todas aquelas belezas de estilo que nos ensinaram os grandes mestres da ‘arte de não ser lido por ninguém’ e, por isso mesmo, havendo sorte, cair na imortalidade duma academia – espécie de adega – de – rico onde os vinhos envelhecem. A diferença é que os vinhos depois que envelhecem ganham em qualidade e valor – e os imortais guardados nas adegas da imortalidade oficial emboloram e só são ‘citados’ – lidos nunca.”

Continua, tendo como horizonte o que aprendera antes com Coelho Neto e depois com Dupré:

“Examine você mesmo os teus versos de antes da Dupré a os de depois da Dupré. Compare-os. Não nota mais frescura e vivacidade? Eu achei assim. o último João de Barro bate longe o primeiro. Já está expurgado. Já está nu. Isto me faz lembrar umas pinturas de Velasquez na corte de Felipe o Beiçudo. Pinturas de meninas reais, princezinhas, coitadas, tão vestidas, com tanta coisa artificial (roupas de tecidos caros) em cima do corpo, que do que a natureza deu só aparece a cara e as mãos. Perto dessas mártires da sobrecarga que linda fica uma criancinha nua aí da roça, barrigudinha, de ranho no nariz, sujinha – mas tremendamente humana! Veja lá na biblioteca os quadros de Velasquez é só assim V. compreenderá o que estou dizendo.

Eles nos envenenaram, Cesídio – eles, ELES, E L E S, essa recua de cacetões que veio vindo em chouto pela estrada da literatura horas, a sacolejar ceirões de artifícios e cofos de belezas que o povo refuga. Parece que eles só tinham um empenho: não ser lidos; e quando acaso lidos, um segundo empenho: não ser entendidos. E como alcançaram maravilhosamente bem esses objetivos! Como é fácil alcançar tais objetivos!

Mas o grande prazer da literatura está justamente no contrário – ser lido pelo maior número de pessoas e ser entendido por crianças e velhos, sábios e imbecis. E para isso, meu caro, o remédio é escrever vitaminadamente, com tintas vivas, vivíssimas, vivacíssimas – e não empastar. Não sobrecarregar! Nunca dizer demais. Nunca, nunca, nunca dizer tudo. Já fiz essa grande descoberta. As coisas mais belas que um leitor encontra num livro não são o que pomos nele – são o que está dentro do leitor e nós apenas sugerimos.”

A lição oferecida por Dupré fez Lobato relembrar da “pintura” criadora do sítio de Dona Benta, escrita e descrita para crianças, com apenas aquilo que qualquer sítio já tem:

“Tenho muitas cartas de crianças e gente grande elogiando a beleza do sítio de dona Benta (ou do Pica pau Amarelo) onde transcorrem as cenas da minha criançada. Todos o acham um ‘amor’ de sítio – exatinho como os sítios são. E sabe você como eu pintei esse sítio? Com os seguintes ingredientes: um casarão velho, com varanda na frente; escadinha dando para o terreiro, trepadeiras. Pomar velho atrás da casa. Uma porteira no terreiro. Um cupim no pasto, depois da porteira lá longe, um velho cedrão no pasto. E uma velha figueira. E lá perto da ponte, a casinha dum negro velho, tio Barnabaé. Quase que só isso – isto é, coisas que existem em todos os sítios e que portanto evocam, sugere todos os sítios e pois o sítio particular, lindo, o bom, que cada um de nós tem lá na memória. Mas se eu quisesse impor a pintura de um certo sítio, tudo seria o contrário. Eles gostam da minha pintura porque não há pintura nenhuma e sim a sugestão da saudosa pintura que todos tem dentro de si. Capisca?

A penúltima carta que você me escreveu estava fina, mas ainda bastante literária, dava a impressão de que você queria mostrar a sua riqueza – e abria diante de mim um baú de coisas, em regras tomadas dos grandes mestres. Já esta última carta está quase vazia de coisas de baú – em vez delas aparecer lindas coisas novas, tuas tuissimas quer dizer que o Elixir de Nogueira Dupré já está te curando da velha infecção literococica.

Em mim já observei o efeito do elixir. Peguei o mais sobrecarregado dos meus livros – Fábulas – e com grande dor de coração raspei toda a linda “literatura” que ao escreve-lo fui amorosamente empastando.

‘Siga o bugre’: dizia o Dr. Luiz Parreto. Nós também literariamente, temos de seguir o bugre na sua inocente nudez. Adeus, Portugal! Adeus Herculano! Adeus Coelho Neto! Adeus baú de mascate! – e atraquemo-nos com a carne viva da vida nua e crua, vitaminada e sujinha. A Dupré apareceu como a Revelação para salvar-nos do Empastamento, para dar-nos transparência.”

As cartas de Lobato para Cesídio revelam que ele não cansava de receitar o Elixir Dupré, fez a mesma recomendação para a esposa do poeta, Dona Lygia, que em 1943 planejava a publicação de um romance.

Em carta de 2 de dezembro de 1943 ele afirma:

“Curioso, muito curioso esse desejo de sua mulher de produzir um romance. E é capaz de sair coisa muito boa. A professora – a Dupré – é ótima. Ela abriu um caminho. O ÉRAMOS SEIS também é uma semente. Que seja sincera no que escrever. O segredo de tudo está nisso. Terei imenso prazer em examinar o livro dela e da também ser sincero a respeito. Quanto mais velho fico, mais me convenço que só a sinceridade salva e cria.”

 

A última referência à Dupré vem de 26 de julho de 1944, em nova revisão, Lobato retoma à necessidade de retirar o excesso de literatura de Cesídio:

“Acho que você precisa desliteralizar-se um pouco mais. O que estraga a literatura é sempre a ‘literatura’. Sem querer nós nos deixamos arrastar. Depois de li o ÉRAMOS SEIS de Dupré aprendi muita coisa; como estava a mexer nas minhas FÁBULAS para nova edição, tirei delas todo um punhado de expressões “literárias” cunhadas – simplifiquei, humanizei, e ficou muito melhor, nós morremos aprendendo, meu caro. E uma das coisas mais difíceis é alcançar a simplicidade sem cair na vulgaridade. Temos grande amor pelas “expressões bonitas ou literárias” e quando velhos e já bem sabidos nós nos convencemos de que o mal literário está justamente nelas. Em cada nova reedição dos meus livros ao recordar coisas que no momento de escrever me pareceram ‘belezas’”.

A revolução Dupré e a contradição do Lobato

Maria José Dupré, como bem lembrou Lobato, em suas primeiras obras não tinha sequer nome. Assinava com o nome do marido: Senhora Leandro Dupré.

Éramos Seis é, ao mesmo tempo, um momento revolucionário na literatura nacional e a emancipação de duas mulheres: a própria autora e aquela dona de casa, que se vira para cuidar da família, apesar do mundo.

Em sua autobiografia Dupré revelou que seu marido, o senhor Leandro Dupré, pagou pelo prefácio de Lobato, em cartas íntimas, com dois interlocutores, o editor diz que fez à revelia da escritora, sem nenhum pedido. De qualquer maneira, a narrativa escrita pelo editor impactou diretamente na sua obra enquanto escritor e é, portanto, legítima.