(imagem: Miguel Claro/ forum.galactica.pt )
Texto de Dafne Araceli Román
Tenho essa sede, essa sede incerta dos seus olhos, da sua pele imprecisa, da sua boca entre as sílabas, da sua barba macia a roçar minha pele, do espaço inerte perdido em tocar seus lábios logo que amanhece.
Tenho essa sede, essa sede incerta de conduzir seu corpo ao abandono lento e morno no fundo de mim.
Tenho essa sede, essa sede incerta e úmida da entrega completa, dos portos vazios, essa sede submersa das águas.
Tenho essa sede incerta de uma sede renascida e refundada em salivas misturadas, maresia, madrugada alta, num silêncio contido de mar.
Tenho essa sede incerta e itinerante do corpo, uma febre imprecisa calcinante e urgente.
Tenho essa sede incerta como a terra arada sem chuva, como a lua cheia entre nuvens.
Cravos de fogo, rosas de sal, esperar o presente e repousar.
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Dafne Araceli Román é argentina, escritora, professora de Espanhol e Português com formação em Letras. [/colored_box]
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